Teme-se o pior
Todos os dias docentes universitários - quase sempre os mesmos - acampam durante horas nas pantalhas, perorando sobre a mais vasta gama de temas, da guerra soviética na Ucrânia às alterações climáticas, passando pela desflorestação da Amazónia e das pequenas peripécias da política doméstica. Tanto faz: qualquer coisa lhes serve de motivo para longa prelecção televisiva.
Ficamos mais sábios ao escutá-los? Não. Espantosamente, estes professores parecem pouco ou nada ter para ensinar. Alguns distinguem-se por falar português de forma deficiente, parecendo cópias de carne e osso do rudimentar Google tradutor.
Uma senhora com pergaminhos académicos proclamava há dias a intenção de se pronunciar com «accuracy» a propósito já não me lembro de que assunto. Confirmando que em certas universidades cá da terra o idioma dominante se tornou o crioulo luso-"amaricano".
Outra, também com lugar cativo em estabelecimento de ensino alegadamente superior, dizia que «quaisqueres» garantias estariam a ser dadas por alguém, irrelevante para o caso. E um cavalheiro, igualmente docente universitário, assegurava que «vão haver» surpresas num futuro próximo.
Quando os professores falam assim, admira quase nada que os alunos passem o tempo a grunhir inanidades, sem conseguirem debitar três frases seguidas de modo inteligível. Oiço-os nos transportes públicos: em cada cinco palavras, dizem «bué»; em cada três, dizem «tipo». Quase sempre rematado com o onomatopaico «iá».
São as supostas elites do futuro. Estão a ser formadas por «quaisqueres» especialistas em ignorância de alto nível. Teme-se o pior.