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Delito de Opinião

Do ginásio. Regresso ao Futuro

Marta Spínola, 23.02.13

Fui aos 10 anos para a ginástica rítmica. Nada de competições, era tarde para isso. Eu queria era saltitar com fitas e arcos, e fi-lo em grupo pelo pais. As Besuguinhas, chamavamo-nos. Depois a minha professora foi para o Benfica e a classe desfez-se. Comecei a andar pelas aeróbicas, steps e localizadas até à faculdade. Depois disso só voltei a um ginásio por 2003, mas não durou muito. Retomei uns anos mais tarde e voltei a parar até agora que, quero crer, é para manter.

Isto é um post a mim, se pudesse falar com a eu de 15 anos.

 

"Querida tu (eu)

 

Agora os ginásios são diferentes. Mais que isso, chamam-lhes health clubs e trata-se um pouco disso mesmo. 

Usam-se os balneários e não é só para trocar os ténis por sapatilhas ou pontas tomam-se banhos, secam-se cabelos, aplicam-se cremes. Os ginásios são melhores, mas também há gente a circular de todas (e quaisquer) maneiras no balneário, abstrai.

Sabes quando vês quem agarre o calcanhar em vez do peito do pé nos alongamentos? Vais estar assim, lamento. Há esperança, podes voltar ao antes, mas uma ou outra aula ainda o farás assim. Tem coragem e enfrenta o mundo de mão no calcanhar temporariamente.

Pasma: ainda tens bastante flexibilidade, mas esquece definitivamente a perna esquerda à frente numa espargata, mantém-a direita e corre bem. Tudo ok com as mãos ao chão e a cabeça nos joelhos com as costas direitas, já não é mau. A postura continua a ser importante, a expressão podes deixar cair, já não estás em Torres Vedras de fita rosa a esvoaçar. Por outro lado, vais preferir aulas de grupo e coreografias, podes sempre usar um sorriso. 

Há pessoas de todas as idades, gostos e géneros. Há aulas para todos. Ao molho e fé em Deus. Vais quase enlouquecer quando as pessoas não sabem colocar-se em xadrez para optimizar o espaço na aula. Vais ficar azul com as pessoas que guardam lugar para outra que nunca mais chega numa aula. Vais rir das tricas e intrigas de aulas trocadas (os horários são rotativos, não é bestial? vais achar que sim, contra quase toda a gente). Inspira e vai rindo. Escreve posts em blogs (vais gostar disso). 

Vais nunca perceber a descoordenação das pessoas, como é que na rua andam movendo o braço contrário à perna, e no step sobem com o do mesmo lado? Nisso e acertar passos com braços não terás problemas. Vais querer fazer tudo o que são aulas de danças e saltos. Não serás tough a dançar como imaginas que podes ser. Mas não desistas! Trabalha o fôlego. Respira. Vai correr mais vezes. Eu sei que não vais, mas fica dito.

Há mais instrutores como o Rui, descansa. E mais bem dispostos até. Há opções para quem inicia as aulas e vais achar que para ti são só mesmo para quando estiveres prestes a cair para o lado. Há músicas que não terás no mp4 (depois vês o que é) mas delirarás dançar em sala. E há (os mesmos) instrutores que dizem "estamos no Brasil, mostrem os cocos", vai-te mentalizando que não podes ser transparente por mais que treines o "sou um vaso ming sou um vaso ming sou um vaso ming". Cora se tiver de ser, mas não pares, mexe-te.

A verdade é que…

José Maria Gui Pimentel, 26.09.12

…estou-me positivamente nas tintas para a maioria das gafes dos políticos, sejam estes de que partido forem.

 

90% são meros faits divers. Como meio de avaliar a qualidade de um político enquanto tal são, na melhor das hipóteses, irrelevantes, na pior, contraproducentes. E, se umas vezes dão para rir, outras nem isso. Numa altura em que o mediatismo é levado ao extremo e os políticos são constantemente chamados a fazer declarações perante perguntas – por vezes disparatadas – sem preparação, seria de esperar que se percebesse que as calinadas são inevitáveis e que pouco reflectem a opinião de quem as diz. É muito fácil nessas circunstâncias qualquer um de nós dizer um disparate não reflectido ou uma frase mal articulada.  

Strauss-Khan dixit?

Ana Vidal, 30.03.12

A notícia é da Lusa - imagine-se a importância - e o i, é claro, pegou-lhe de imediato. Compreende-se: vender jornais, nos tempos que correm, justifica (quase) tudo. E não é só isso. A Europa transformou-se numa fonte de dramas económicos sem graça nenhuma e há que manter, ao menos de vez em quando, a opera buffa em palco a bem da nossa sobrevivência mental. Mas enfim, já nos insultam tanto a inteligência com o dia-a-dia que escusavam de impingir-nos notícias idiotas deste calibre como se fossem sérias. Não só o "estudo" não tem pés nem cabeça, como até mete os ditos pelas mãos nas conclusões, porque afinal quem parece ficar a perder nos kamasutras são os moderados em relação aos extremistas de ambas as barricadas ideológicas, se é que elas ainda existem.

 

Ou então foi Mr. Strauss-Khan quem encomendou a sondagem, para manter em alta a sua preciosa fama de Casanova. O que também se compreende, já que as ambições políticas lhe sairam furadas por excesso de líbido.

Um desabafo sem ambições artísticas

Fernando Sousa, 28.01.11

 

Por instantes o mundo, sepultado na rotina, pensou numa performance numa pobre língua de areia na praia de Biscayne, em Miami, da autoria de um génio, anónimo, em quem se poderia rever. Mas eram só as sobras de um projecto que não deu, de uma festa de arromba, e, por fim, de um desabafo sem ambições artísticas. Nenhuma inspiração súbita, nada de surrealista, nada de ruptura. Nicholas Harrington, 16 anos, já contou a história. O piano, incendiado durante os copos na garagem, e levado a banhos, já foi removido, a navegação não corre riscos, a arte também não, a paisagem foi reposta. A vida continua. Não há motivo para preocupações.