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Delito de Opinião

O que acham deles?

Pedro Correia, 09.05.24

Principais cabeças de lista partidários, em Portugal, às eleições europeias de 9 de Junho:

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                           António Tânger Correia (Chega)                     Catarina Martins (BE)

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                                     Joana Amaral Dias (ADN)                                 João Cotrim Figueiredo (IL)

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                               João Oliveira (CDU)                                                        Marta Temido (PS)

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                                          Rui Paupério (Livre)                                                Sebastião Bugalho (AD)

 

Há candidatos para todos os gostos.

Façam o favor de dizer o que pensam deles. E quais são as figuras da vossa preferência.

Europeias (25)

Pedro Correia, 28.05.19

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O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS ELEITORES

 

Anda por aí um irado clamor contra a «gigantesca abstenção», acompanhado pelas habituais ladainhas que recomendam a punição contra «os portugueses», que são incapazes de cumprirem elementares «deveres cívicos». Acontece que, como há muito venho escrevendo, os índices oficiais de abstenção não correspondem à abstenção real. Alguém acredita que um país com 10,3 milhões de residentes tenha 10,7 milhões de eleitores inscritos, mesmo com mais um milhão automaticamente descarregados nos cadernos eleitorais enquanto residentes fora do território nacional?

Esta desproporção de números - que pelas anteriores regras já fixava em 9.696.481 o número de recenseados nas europeias de 2014 - deriva do facto de não haver efectiva limpeza dos cadernos eleitorais, que vão perpetuando nomes de mortos de escrutínio em escrutínio, agigantando assim o número de portugueses em idade adulta. O que parece invalidar a tese do "inverno demográfico". Parece, mas não invalida. Não pode haver cada vez mais "eleitores" quando a população é cada vez mais escassa.

Estamos perante um caso grosseiro de "abstenção técnica", eufemismo utilizado pelos burocratas de turno e pelo jornalismo preguiçoso para justificar o injustificável. Somos poucos a votar, é certo. Mas não tão poucos como se diz.

Europeias (24)

Pedro Correia, 28.05.19

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SANTA HIPOCRISIA

 

Nas últimas 24 horas, ouvi lamúrias de diversos bonzos do comentário político nas pantalhas. O que lamuriam eles? Que os portugueses andem tão desinformados e tão alheados das magnas questões europeias. 

O curioso é que este caudal lamuriento ocorre nos mesmos canais televisivos que passam dias e noites a transmitir intermináveis debates sobre bola. E mais bola. E sempre mais bola. Os tais bonzos, coitados, nem reparam.

Ecologia evita triunfo da extrema-direita

Cristina Torrão, 27.05.19

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A ecologia vai passar a marcar a agenda política alemã, algo já anunciado pelo "Bloco Central" CDU/CSU e SPD (que aliás governa este país). Os Democratas-Cristãos perderam votos, os Socialistas ainda mais, não chegaram aos 16% (a falta que faz um Costa...). Os grandes vencedores são os Verdes, que quase duplicaram a votação (em relação às Europeias anteriores), atingindo 20,5%.

Os partidos do governo não vêem outra hipótese que não seja dedicarem-se ao tema que actualmente mobiliza os jovens alemães. Tudo por causa da Greta Thunberg, claro. Desculpem insistir, mas esta é uma realidade. E fico muito feliz, pois previa-se um triunfo da extrema-direita AfD, temia-se que se tornasse no segundo partido mais votado. Apesar de ter subido ligeiramente, atingindo os 11%, ficou muito longe da meta desejada.

Não tenho agora dados respeitantes à abstenção, mas sei que ficou aquém dos 40%. Os alemães, sobretudo os jovens, estão de parabéns!

Acresce dizer que os Verdes alemães em nada se assemelham aos inúteis Verdes portugueses, afectos aos comunistas.  Usando as palavras da jornalista Helena Ferro de Gouveia: soma às preocupações ambientais (que vão para além do clima), preocupações sociais (respeito pelas minorias, defesa dos migrantes e refugiados), uma política económica (quase) liberal e não hostil às empresas (o velho modelo alemão da economia social de mercado), profundo europeísmo e a igualdade de género praticada, não apregoada.

Queria aproveitar para dar os parabéns ao PAN. Um partido tão pequeno e menosprezado, mas que incomoda tanta gente, é mesmo para ser levado a sério. Estou convencida de que Portugal precisa do PAN e espero que se mantenha fiel a si mesmo.

Podem falar de infantilização, mas talvez seja mesmo disso que precisamos: descer do nosso pedestal de adultos muito cientes da sua sabedoria, a fim de ouvir os mais novos. Só assim os cativaremos e motivaremos. E tenho a certeza de que eles têm muito para nos dizer.

Europeias (23)

Pedro Correia, 27.05.19

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UM PS AINDA "POUCOCHINHO"

 

Há cinco anos, sob o comando de António José Seguro, o PS venceu as eleições europeias defrontando uma coligação formada por dois partidos, o PSD e o CDS. Obteve 31,46% nas urnas - mais 3,75% do que a soma dos partidos rivais. Logo António Costa se chegou à frente, declarando-se desgostado com este resultado, que lhe pareceu «poucochinho». E de imediato iniciou o processo de defenestração do companheiro de partido, que teve capítulos indecorosos.

Agora, sob o seu comando, o PS atinge os 33,4% - ampliando, é certo, a diferença entre os partidos situados à sua direita, cuja soma se queda nos 28,1%, por evidente demérito das respectivas campanhas. Vale hoje exactamente um terço dos sufrágios expressos a nível nacional. Cresceu 1,9% em termos percentuais. E quanto progrediu em votos? Pouco menos de 73 mil: em 2014 obtivera 1.033.158, agora consegue 1.105.915. Progressão apenas conseguida graças ao facto de o número de recenseados ter disparado devido ao registo automático de emigrantes como eleitores: há cinco anos foram 9.702.657, desta vez subiram para 10.761.156. Em termos relativos, o PS ficou aquém de 2014.

É bom? Sem dúvida, na perspectiva dos socialistas. É «poucochinho» para quem aspira à maioria absoluta em Outubro? Tudo indica que sim - segundo a doutrina Costa. Só aplicada a outros. A ele, nem pensar.

Impressões eleitorais

Diogo Noivo, 27.05.19

António Costa ‘nacionalizou’ as eleições europeias, transformando-as num plebiscito à sua governação. E apesar de Pedro Marques, de Pedro Silva Pereira e da época de banditismo e prepotência que representa, do CV da Maria Begonha, de Carlos César e da sua grande família, das nomeações descaradas de amigos e familiares, da maior carga fiscal dos últimos 22 anos, de Tancos, do caos no Serviço Nacional de Saúde, e do número inaudito de mortos em incêndios florestais onde o Estado falhou por incúria, o Partido Socialista venceu as eleições de forma claríssima. É obra. A força e a legitimidade de António Costa saem reforçadas – embora os 70% de abstenção não permitam embandeirar em arco.

Os resultados porventura digam algo sobre aquilo que somos enquanto eleitores. Mas dizem certamente muito da oposição que temos, pois raras foram as vezes em que o partido incumbente venceu as europeias. O PSD, que é hoje um simulacro do partido que foi em tempos, não parece ter percebido a dimensão da coisa. Não lhe auguro nada de bom.

Europeias (22)

Pedro Correia, 27.05.19

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UM ROMBO NO PSD

 

«Crescemos pouco», disse esta noite na RTP 3 o vice-presidente social-democrata David Justino. Neste sucinto comentário aos resultados eleitorais percebe-se o desnorte que paira nas cabeças dirigentes do partido: ao contrário do que diz o braço direito de Rui Rio, o PSD nada cresceu. Pelo contrário, acaba de registar o pior resultado da sua história numa eleição de âmbito nacional. Situando-se 11,5% atrás do PS nesta que constitui a maior "sondagem" aos portugueses a quatro meses da eleição para a Assembleia da República.

A incompetência revelada pela cúpula social-democrata na questão do tempo de serviço dos professores, como na devida altura aqui se alertou, foi fatal para as aspirações eleitorais do PSD: bastou António Costa fazer voz grossa numa comunicação ao País para Rio se transformar num boneco de plasticina, claramente apavorado com a perspectiva de disputar legislativas antecipadas. Desautorizou o seu grupo parlamentar, recuou em toda a linha e transmitiu uma imagem de confrangedor amadorismo, evidenciando um insólito temor reverencial perante o partido do Governo.

Estas coisas pagam-se caras. «A política não é para aprendizes», como escrevi na altura. E agora reitero com renovada convicção.

Hoje é dia de pensarmos naqueles países onde ninguém pode votar

Pedro Correia, 26.05.19

Nunca me tinha acontecido. É meio-dia e meia, como de costume ando na rua em manhã de domingo, e preparo-me para rumar a casa quando só então me lembro que estamos em dia eleitoral. Isto diz muito sobre a falta de motivação para participar nesta consulta destinada a escolher os nossos próximos 21 representantes no Parlamento Europeu.

Lá me encaminho para o bairro de São Miguel, um dos mais acolhedores de Lisboa, que visito sempre com gosto em dias de chamada às urnas, temperado por uma saudável dose de inveja: bem gostaria de viver aqui.

Na escola básica, secção n.º 3, exerço o direito de voto. Tudo quase vazio, em ambiente de modorra dominical: ninguém diria que hoje é jornada de mobilização cívica. Encontro duas ou três pessoas conhecidas, muito menos do que é costume: fala-se da conquista da Taça pelo Sporting, dos petiscos que apetece ir provando, do calor que já aperta.

Exerci um direito, cumprindo um dever: revejo-me nesta dicotomia e sinto-me incapaz de justificar o discurso pró-abstenção que por aí campeia. Como se fosse indiferente à cidadania sermos ou não representados por dirigentes que resultam do sufrágio universal.

Neste dia, pensemos nas regiões do planeta povoadas por centenas de milhões de pessoas a quem é negado o direito ao voto. Pensemos nas ditaduras que ainda dominam vastas extensões do mundo. Em países como China, Síria, Irão, Bielorrússia, Guiné Equatorial, Coreia do Norte, Azerbaijão, República "democrática" do Congo, Arábia Saudita, Vietname, Argélia, Cuba ou Usbequistão.

É quanto basta, creio eu, para nos motivar a exercer o voto. Seja qual for a nossa escolha.

Europeias (21)

Pedro Correia, 25.05.19

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O DIA MAIS ESTÚPIDO

 

Este é o dia mais estúpido. O chamado "dia de reflexão", em que o estado-tutor nos trata como crianças de colo. Ou como palermóides, incapazes de reflectir noutro dia qualquer. 

É o dia das proibições - aliás, em parte, extensivas ao seguinte, o da jornada eleitoral. É o dia das "pesadas multas" a quem imprima ou debite textos de incentivo ao voto neste ou naquele, como se tal condicionamento não configurasse um grosseiro atentado à liberdade de expressão. E uma evidente violação do princípio da igualdade nesta era em que tudo se comenta ao minuto nos meios digitais.

Recordo-me de certa vez, ainda nas cercanias das urnas, Mário Soares ter declarado sem rodeios aos jornalistas que tinha acabado de votar no filho, candidato por Lisboa. Os bonzos que funcionam como fiéis guardiães da "lei eleitoral" tremeram. Mas Soares, claramente indiferente às consequências, não pagou qualquer multa. Devemos-lhe também esta lição de cidadania por ter demonstrado aos portugueses como tais normas são obsoletas e caducas.

Para mim, se há matéria que hoje mereça reflexão, é esta: vivemos num país em que qualquer recém-nascido já transporta número de contribuinte embora só aos 18 seja autorizado a ter número de eleitor. Isto diz tudo sobre o estado a que chegámos.

O que me ficou da campanha para as europeias

João Pedro Pimenta, 24.05.19

 

O Pedro Correia já revelou algumas das principais propostas dos partidos concorrentes, mas não resisto a um pequeno apanhado do que me ficou desta pobre campanha eleitoral

A campanha dos "grandes"


As melhores campanhas foram feitas por partidos em que não tenciono votar (e quase do espectro oposto um do outro). Dos grandes, achei que a da CDU cumpriu bem os seus propósitos com o seu eleitorado, sem grandes ataques pessoais e falando realmente de questões europeias.   João Ferreira tem uma imagem ambivalente do trintão a entrar no bar da moda conservando uma linguagem ortodoxa, mas é impossível negar-lhes competência e sobriedade. Desfia a cassete, mas fá-lo bem.

No Bloco, Marisa manteve-se genuína e muito activa, monopolizando toda a campanha do seu movimento, e bem: quando o resto do Bloco se lhe juntava, estragava tudo.

Nuno Melo passou o tempo a falar de Sócrates e muito pouco de Europa (gostava de saber o que ainda pensa do caso da Hungria, por exemplo), com uma postura de forcado que não deixou espaço a outros nomes da lista. Só Cristas falou ao lado dele, fora umas palavrinhas de Mota Soares.

Paulo Rangel conteve-se mais do que o costume, embora falando também demasiado do PS. Ainda assim, uma campanha menos feroz do que há cinco anos, mas menos substantiva do que há dez, quando então ainda era um pouco novidade para o grande público, como quando presidiu à primeira blogotúlia de que tenho memória (mas quem teve aulas com ele sabe como tem o dom da palavra).

Por fim, Pedro Marques. Como praticamente toda a gente reconheceu, revelou-se um candidato desastroso, quase escondido por António Costa, que ainda teve o desplante de atacar a entrada em campanha de Passos Coelho enquanto Pedro Silva Pereira, a sombra de José Sócrates e terceiro candidato da lista do PS, era estrategicamente escondido atrás da cortina. A propósito. alguém ouviu mais algum candidato da lista? A também ex-Ministra Leitão Marques, Zorrinho, ou qualquer outro que teria sido um melhor cabeça de lista?

A campanha dos "pequenos"

O seu liberalismo puro não é propriamente o meu campo, pelo que não terão o meu voto, mas preencheu um espaço vazia na partidocracia portuguesa. A Iniciativa Liberal teve de longe a campanha mais imaginativa e inteligente, sem nunca descer o nível.

Paulo Morais, pelo Nós, Cidadãos, teve menos impacto do que merecia. O discurso da corrupção é importante, mas gostava de ter ouvido melhor o que ele disse sobre questões ambientais (tendo em conta que o seu nº 2 é José Inácio Faria, eurodeputado do MPT).

Paulo Almeida Sande, do Aliança, uma boa surpresa, achei-o convincente e preparado, e não faria má figura no PE. O mesmo se diga de Rui Tavares, do Livre, já com experiência em Bruxelas, assim como Marinho e Pinto, mas este espero bem que fique de fora e que aquela coisa chamada PDR desapareça quanto antes; partidos unipessoais e demagógicos, não, por favor.

O Basta revelou-se a fraude que se supunha, quando André Ventura trocou um debate na RTP por conversas de bola na CMTV. Esta coligação de um cocktail de direitas parece quase uma resposta áqueloutro cocktail de esquerdas das legislativas de 2015, o Agir, com Joana Amaral Dias (a surgir despida e grávida na capa da revista Cristina), o Mas e o PTP. Aqui tínhamos o nóvel Chega, de Ventura, o histórico PPM, ainda que dividido (sim, há lá militantes suficientes para criar divisões, tal como no MPT, aliás, que à mercê disso nem se apresentou nesta eleição depois de há cinco anos ter eleito dois eurodeputados; Gonçalo Ribeiro Telles não teria certamente isto em mente quando os fundou), o Portugal pró Vida e o Democracia 21, que julgo não ser sequer um partido.

PNR, PTP, PAN e PURP poucas surpresas mostraram, para além das suas agendas habituais e de um certo folclore, sobretudo da parte dos reformados e dos trabalhistas (aqui aconselhava a decorarem melhor o teleponto)

Já o MRPP, agora órfão de Arnaldo Matos, nem por isso deixou de ser menos lunático, mas ao menos não escondeu ao que vinha: saída do Euro e mesmo da UE. Para quem há pouco tempo anunciava "Morte aos Traidores" não se podia esperar menos. Quanto ao MAS, na campanha televisiva o cabeça de lista fazia lembrar uma árvore de Natal, tal a profusão de cores, tranças e adereços ideológicos; as propostas eram ligeiramente mais contidas do que as do MRPP - 70% de impostos sobre as grandes fortunas, por exemplo.

Europeias (20)

Pedro Correia, 24.05.19

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PESSOAS-ANIMAIS-NATUREZA: TRÊS PROPOSTAS

 

  • Fim do financiamento a sistemas de regadios, grandes barragens e unidades de prospecção e extracção petrolíferas, entre outros projectos.
  • Fim do transporte de longa distância de animais vivos, com particular incidência nas deslocações para fora da Europa.
  • Criação de um imposto europeu para gases com efeito de estufa, extensivo à indústria aeronáutica e náutica, e à agropecuária intensiva.

 

Do programa eleitoral

Europeias (19)

Pedro Correia, 24.05.19

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TRATAR O ELEITOR POR TU OU POR VOCÊ?

 

Houve um tempo, nas primeiras eleições democráticas, em que os partidos costumavam tratar o eleitor por você. Sem excesso de familiaridades.

Devo dizer que acho bem. Se já sou renitente quando me gritam "vote!", torno-me ainda mais suspicaz quando me exigem "vota!"

Se não é qualquer pessoa que me trata por tu, apetece-me ainda menos que um partido político o faça. Como se fôssemos compinchas de bancada num estádio de futebol. 

Reparei que nesta campanha são mais os que exibem uma intimidade postiça com os eleitores (falando connosco como se fôssemos catraios ou visitas muito lá de casa) do que aqueles que nos tratam com um mínimo de cerimónia e cortesia, como é de bom tom.

Fica o inventário, a partir dos tempos de antena que fui escutando. À consideração dos leitores que queiram comentar. 

 

Partidos que nos tratam por tu:

Bloco de Esquerda

CDS (pela voz de Nuno Melo)

Iniciativa Liberal

Livre

Movimento Alternativa Socialista

MRPP

PAN (pela voz de Francisco Guerreiro)

PS

Partido Trabalhista Português

 

Partidos e coligações que nos tratam por você:

Aliança

Basta (pela voz de André Ventura)

CDU (pela voz de Marlene Santos)

Partido Unido dos Reformados e Pensionistas

PSD

 

Partido (singular) que prefere utilizar o plural ("votem"):

Nós, Cidadãos

 

Partidos que se têm esquecido de apelar ao voto:

PDR

PNR

Europeias (18)

Pedro Correia, 23.05.19

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PARTIDO SOCIALISTA: TRÊS PROPOSTAS

 

  • Criação do programa Garantia Criança para combater a pobreza infantil e assegurar o acesso universal ao pré-escolar e à saúde na primeira infância.
  • Criação de um Fundo Europeu de Transição Ambiental para apoiar empresas na descarbonização e garantir a qualidade do meio ambiente.
  • Combate sem tréguas à difusão de notícias falsas e outras formas de condicionamento da opinião pública que pervertem o debate democrático.

 

Do manifesto eleitoral, Um Novo Contrato Eleitoral para a Europa

Europeias (17)

Pedro Correia, 23.05.19

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CHAGA

 

André Ventura, o tal cabeça de lista às europeias que em plena campanha falta a um debate entre candidatos no canal público para palrar sobre bola num canal concorrente, tem pouco jeito para conceber nomes para os partidos que vai criando. Agora concorre por uma coisa chamada Basta - facilmente confundível com Besta. Ou mesmo com Bosta.
Dizem-me que tem outra barriga de aluguer denominada Chega. Basta mudar-lhe uma vogal para ficar Chaga.

Europeias (16)

Pedro Correia, 22.05.19

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PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA: TRÊS PROPOSTAS

 

  • Prioridade à instituição de um plano europeu de luta contra o cancro, assumindo como meta a erradicação da doença.
  • Valorização do património florestal: Missão Floresta deve promover o rendimento dos proprietários, salvaguardar o ambiente e combater os fogos.
  • Aposta na ciência da inovação: inteligência artificial, robótica, biomedicina, metadados e engenharia da mobilidade.

 

Do manifesto eleitoral, Mais Portugal, Melhor Europa

Europeias (15)

Pedro Correia, 22.05.19

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AUSENTE MAS PRESENTE

 

A presença de Pedro Passos Coelho numa acção de campanha do PSD bastou para perturbar a campanha socialista. Ao ponto de usarem essa esporádica aparição do anterior primeiro-ministro como fio condutor de um mini-comício promovido ontem pelo PS em Aveiro.

Valia mais que os dirigentes do partido do Governo evitassem abordar este tema. Para não serem confrontados sobre a ausência, nesta mesma campanha, do primeiro-ministro que antecedeu Passos Coelho. Eles sabem muito bem que nós sabemos que eles sabem que nós sabemos quem foi.

 

Europeias (14)

Pedro Correia, 22.05.19

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CINCO EM DEBATE

 

Anteontem à noite, a RTP voltou a fazer um debate com cabeças de lista às europeias do próximo domingo. Desta vez circunscrito aos representantes dos cinco maiores partidos parlamentares. Este debate voltou a ser (bem) conduzido por Maria Flor Pedroso.

Fica um resumo do que lá se disse, seguidos de breves anotações minhas.

 

João Ferreira (CDU)

Frases

«Há imensos aspectos positivos que decorrem destes 30 anos [de integração europeia]. É evidente que é positivo que possa existir uma liberdade de circulação de cidadãos e de possibilidades de mobilidade dos estudantes no espaço europeu, é positivo que haja maior proximidade entre Estados.»

«[Nestes 30 anos] 400 mil explorações agrícolas portuguesas fecharam portas, 700 mil hectares de superfície agrícola útil deixaram de ser cultivados. Isto teve como consequência um défice agro-alimentar que hoje andará na casa dos 3 mil milhões de euros/ano.»

«Cerca de 50% da nossa frota pesqueira foi abatida. Hoje, apesar de termos uma das maiores zonas económicas exclusivas de toda a UE, dependemos em cerca de 70% de pescado que é importado, capturado por outras frotas.»

Positivo

Foi convicente, sobretudo ao pronunciar-se sobre as questões das pescas e da agricultura. Sabe falar em nome próprio, deixando por vezes de lado o característico "nós" impessoal do PCP. Mostrou-se seguro, domina bem os temas europeus e fica bem de gravata: parece encontrado o sucessor de Jerónimo como secretário-geral do partido da foice e do martelo.

Negativo

«Nos últimos anos Portugal teve o investimento público esmagado», reclamou. Como se o PCP não tivesse aprovado sem pestanejar os últimos quatro orçamentos do Estado, que ditaram todos esses cortes.

 

Marisa Matias (BE)

Frases

«Não concordamos com o PS em questões europeias.»

«Um dos combates da nossa vida é o combate às alterações climáticas.»

«A União Europeia transformou-se numa espécie de paraíso para uma política fiscal completamente injusta, numa espécie de câmara oculta em que alguns países se permitem confiscar a base fiscal dos outros.»

Positivo

Consegue dirigir-se às pessoas em geral e não apenas aos nichos de convertidos. Fala sem chavões, com naturalidade. E mostra humildade democrática quando alude aos eleitores: «Não somos donos dos votos das pessoas.»

Negativo

Sente visível incómodo sempre que se aborda a questão do sistema monetário europeu, designadamente quando lhe recordam anteriores posições do Bloco em defesa do fim da circulação do euro em Portugal, optando por fórmulas vagas e meramente retóricas, de modo a contornar estas contradições: «Se tivermos de escolher algum dia entre a moeda e as pessoas, escolheremos as pessoas.» Devia poupar mais a voz.  

 

Nuno Melo (CDS)

Frases

«É impossível falarmos neste projecto [de integração europeia] sem falarmos na paz. A nossa geração é a primeira que foi poupada a uma guerra.»

«85% do investimento público [em Portugal] é possível apenas apenas por causa do dinheiro da UE.»

«Portugal não converge com a UE desde 2016, somos o terceiro país mais pobre da zona euro, somos o sétimo país mais pobre na UE, em 2017 fomos ultrapassados pela Estónia e pela Lituânia, em 2018 fomos ultrapassados pela Eslováquia, e as previsões da Comissão apontam que vamos ser ultrapassados pela Polónia.»

Positivo

Lembrou a colagem dos comunistas ao regime despótico de Caracas: «Nunca votei com o PCP [no Parlamento Europeu] a favor do regime ditatorial da Venezuela.» E deixou claro que se opõe a qualquer tentativa de retirada do direito de veto a Portugal na Comissão Europeia, sem confundir europeísmo com federalismo.

Negativo

Exibe por vezes um ar sarcástico que facilmente pode confundir-se com desrespeito pelos adversários. Soa a demagogia proclamar a palavra de ordem «plásticos zero» - ainda por cima num estúdio televisivo onde não faltava material plástico.

 

Pedro Marques (PS)

Frases

«O acesso à água e ao saneamento [em Portugal] são grandes adquiridos do processo de adesão europeia.»

«Nós hoje somos uma sociedade completamente diferente do ponto de vista da participação das mulheres na sociedade e no mercado de trabalho.»

«É desrespeito pelo voto dos portugueses falar em voto fútil.» (Para Paulo Rangel)

Positivo

Conseguiu passar a mensagem de que o comissário europeu Carlos Moedas, que foi secretário de Estado adjunto de Passos Coelho no Executivo PSD, fez rasgados elogios ao Governo socialista em geral e ao primeiro-ministro António Costa em particular, transformando essas declarações em trunfo eleitoral do PS.

Negativo

Ficou associado à redução de 7% dos fundos de coesão para Portugal por ter exercido essa área ministerial até há poucas semanas. Caso se confirme tal corte, isso equivale a menos 1,6 mil milhões de euros para os nossos cofres públicos. Para aproximar os países mais débeis economicamente dos países mais ricos. Enquanto vários países são beneficiados com o reforço dessas verbas: mais 5% para a Finlândia, mais 6% para Itália, mais 8% para a Bulgária e a Roménia. Pareceu pouco convincente na tentativa de rebater tais alegações.

 

Paulo Rangel (PSD)

Frases

«É benéfico [o PSD apresentar-se sozinho nas urnas, sem o CDS].»

«Há um país antes da integração europeia e um país depois da integração.»

«Pedro Marques é o recordista das manipulações. No Polígrafo já foi desmentido seis vezes.»

Positivo

Não hesitou em fazer reparos críticos à «incapacidade» das instituições de Bruxelas em  reformar a união economica e monetária - e em particular ao facto de «não termos conseguido concluir a união bancária». Acentuou que o balanço da integração é «negativo no nosso sector pesqueiro e na indústria que lhe estava associada» devido às «perdas que ainda não foram recuperadas».

Negativo

Olha quase sempre de frente para as câmaras, ignorando quem está em estúdio: isto confere-lhe uma imagem de arrogância. Apertado por Pedro Marques, viu-se forçado a pedir desculpa por ter feito alusões ao «voto fútil» noutros partidos. 

Europeias (13)

Pedro Correia, 21.05.19

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LIVRE: TRÊS PROPOSTAS

 

  • Consagração do acesso universal à Internet, livre de qualquer censura, desenvolvendo novos programas de literacia digital.
  • Introdução da disciplina de História da Europa para os alunos do ensino básico e secundário em todos os programas de ensino nos Estados membros da União Europeia.
  • Devolução imediata das obras expostas em museus na Europa que resultaram do saque de antigos territórios coloniais.

 

Do programa eleitoral, Novo Pacto para a Europa

Europeias (12)

Pedro Correia, 21.05.19

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DUAS CADEIRAS VAZIAS

 

Cumprindo as suas obrigações de serviço público, a RTP promoveu no dia 13 de Maio - em sinal aberto, no seu canal generalista - um debate entre os cabeças de lista dos partidos que não têm representação no Parlamento Europeu. Doze, no total.

Foi um bom modelo de debate, que só não permitiu uma verdadeira discussão de ideias devido à notória inépcia de alguns candidatos, impreparados e recorrendo a chavões inconsistentes.

Destaque, pela positiva, para a competente moderação da jornalista Maria Flor Pedroso, directora de informação do canal público.

Destaque, pela negativa, para a ausência de dois cabeças de lista. Um, por aparente amuo, recusou comparecer. Outro preferiu discutir bola, à mesma hora, noutro canal - peculiar noção de prioridade cívica por parte de quem gasta muita saliva a apregoar responsabilidade e ética.

Só ontem pude assistir a este debate. Fica uma breve resenha do que lá se disse - e do que ficou por dizer.

 

André Ventura (Basta). Preferiu palrar sobre futebol, à mesma hora, na CMTV.

 

António Marinho e Pinto (PDR). Não compareceu por discordar do «critério editorial» da RTP. Aparentemente, este eurodeputado que em 2014 foi eleito sob a sigla MPT desejaria ter participado num debate entre os partidos já representados no Parlamento Europeu. Esteve muito bem o canal público, uma vez que o PDR - partido que nem existia há cinco anos - se candidata pela primeira vez a uma eleição europeia. 

 

Fernando Loureiro (PURP). Quer aproximar os salários das pensões. Não explicou como.

Era o mais velho neste debate. E foi o único candidato que esteve sempre de esferográfica na mão.

A frase: «Setenta e cinco por cento das pessoas ligadas à política são altamente corruptas. E não devo estar a exagerar.»

 

Francisco Guerreiro (PAN). Quer assegurar uma licença de maternidade de um ano em todo o espaço europeu. Como? Com verbas do orçamento comunitário, desviando dinheiro hoje atribuído ao investimento na actividade pecuária.

Foi o único candidato a aparecer com uma argola na orelha.

A frase: «Se todos os europeus consumissem como um português, nós teríamos consumidores para dois planetas.»

 

Gonçalo Madaleno (PTP). Quer uma «bolsa de arrendamento», à escala europeia, para assegurar «habitação digna para todos». Não explicou como.

Estudante de Direito, é o candidato mais jovem. E era também o mais nervoso.

A frase: «A sociedade é composta de seres humanos.»

 

João Patrocínio (PNR). Afirmou-se defensor de «uma política de natalidade». Sem entrar em pormenores, eventualmente embaraçosos. 

Foi o candidato que elevou mais a voz.

A frase: «Esta Europa está moribunda.»

 

Luís Júdice (MRPP). Quer Portugal fora da União Europeia a partir de agora para «ganharmos soberania». Não chegou a citar a célebre frase «orgulhosamente sós», mas andou lá perto.

Foi o único a aparecer todo vestido de preto.

A frase: «Trabalharemos afincadamente para a dissolução da União Europeia e para a dissolução do euro como moeda única»

 

Paulo Morais (Nós, Cidadãos). Quer uma entidade externa - supostamente paga por dinheiros públicos - a «fiscalizar os eurodeputados», em nome da transparência. Mas quem fiscalizaria por sua vez a referida entidade?

Foi um dos dois candidatos a usar gravata (o outro foi Paulo Sande).

A frase: «Os cidadãos europeus, e os portugueses em particular, têm todo o direito de saber para onde vai o dinheiro dos seus impostos.»

 

Paulo Sande (Aliança). Quer «aproximar a Europa dos portugueses». Como? A Assembleia da República deve «ter muito mais a dizer sobre políticas europeias». Na «coesão», por exemplo. Provavelmente, nem todos os telespectadores terão entendido.

Foi um dos dois candidatos a usar gravata (o outro foi Paulo Morais).

A frase: «Os extremos à esquerda e os extremos à direita tocam-se em quase tudo. A moderação é hoje quase um novo radical.»

 

Ricardo Arroja (IL). Quer «menos burocracia, menos impostos, mais liberdade.» Como? Aumentando a concorrência. «Há que questionar se as leis da concorrência têm vindo a ser aplicadas em Portugal.»

Foi o que falou em tom mais cordato.

A frase: «Temos de reconhecer, no espaço da UE, todas as categorias profissionais.»

 

Rui Tavares (Livre). Quer «uma esquerda verde e europeísta» que possa implantar uma «rapidíssima transição energética» na «maior democracia transnacional do mundo». Não ficou bem claro como pretende criar «milhões de empregos» na «economia verde», cor que parece ter substituído o vermelho no imaginário de certa esquerda contemporânea.

Foi o candidato que usou mais palavras por minuto.

A frase: «O novo Pacto Verde é um Plano Marshall da nossa geração.»

 

Vasco Santos (MAS). Quer criar um «salário mínimo europeu» de 900 euros, tendo como referência o que existe em Espanha. Sem esclarecer como.

É o candidato mais magrinho. Ou elegante, para usar um eufemismo em voga.

A frase: «Se continuarmos desta maneira, a espécie humana não tem futuro possível.»