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Delito de Opinião

Não há tempo a perder

Sérgio de Almeida Correia, 06.05.24

Fiquei a saber, por notícia de ontem à noite, que ainda agora tomou posse e já se prepara para pegar na trouxa e fazer o sacrifício de rumar a Macau. Refiro-me ao incansável promotor do Licor Beirão, o inefável secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, a quem Luís Montenegro, o companheiro da JSD graduado em primeiro-ministro, confiou a Secretaria de Estado.

Pelo que vi na TDM, e ouvi dito pelo próprio, José Cesário, mais conhecido localmente como o "secretário" da conselheira Rita Santos, tem de fazer mais uma longa, penosa e dispendiosa viagem para os cofres públicos para "introduzir algumas alterações na forma de funcionamento do Consulado".

Ao que parece haverá algumas "dificuldades de acesso" quanto ao agendamento de actos consulares e ao próprio Consulado, não obstante estar numa rua central da cidade, num local visível e com bons transportes, o que não deixa de ser estranho.

E isto numa altura em que foram batidos recordes de emissão de cartões do cidadão e de passaportes, com um aumento de cerca de 90% em relação a 2022, e concretizadas diversas reformas; sabendo-se que "o indicador com maior crescimento foi o número de processos de aquisição de nacionalidade por casamento que excedeu, em 2023, o somatório de todos os dez anos anteriores", e em que "um dos eixos de a[c]ção é o aumento da capacidade de atendimento". Outro é  o da redução das solicitações "por via de uma comunicação mais eficaz, online ou ao balcão", estando em prossecução o trabalho de análise, iniciado no segundo semestre, com a reformulação de procedimentos para reduzir o número de documentos e formalidades requeridas.

Naturalmente que o anúncio da visita e a sua concretização, mal assumidas as funções, não é uma desautorização ao bom trabalho do senhor Cônsul-Geral. Ninguém, muito menos eu, pensaria tal coisa, tanto mais que é evidente que os conselheiros das comunidades estão a cumprir o seu papel.

Papel onde não incluo a recolha desinteressada de apoios, a ajuda e o aconselhamento no preenchimento de boletins e o apelo ao voto no PSD e no candidato José Cesário, a quem não lê nem escreve português, sempre que chegam os períodos eleitorais.

Coisa que não é minimamente ofuscada com as preocupações com o recenseamento eleitoral (ninguém sabe se não haverá eleições antes do final do ano), nem pelo facto de haver para aí notícia da apresentação de uma queixa contra a excelsa conselheira junto da Comissão Nacional de Eleições, com seguimento no Ministério Público, ao que parece por uma conduta em matéria eleitoral pouco consentânea com o seu estatuto. Nada de preocupante para quem não se cansa de tirar fotografias com o Prof. Marcelo e o Dr. Cesário.

Enquanto não chegam novas condecorações, e não se abrem novas perspectivas de negócio aos empresários locais em Vila de Rei ou Viseu, faço votos de que com mais esta viagem não se agrave a herança nas finanças públicas portuguesas do anterior ministro das Finanças, e as dificuldades de acesso ao Consulado não resultem da eliminação de "empenhos" e de procedimentos informais de gestão de negócios alheios.

Essa sim seria uma desfeita contra a pessoa do actual titular, que não se tem cansado de dar atenção, bem mais do que aquela que eu lhe aconselharia, aos interlocutores locais do senhor secretário de Estado, um verdadeiro recordista de viagens a Macau.