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Delito de Opinião

Novo ciclo

Sérgio de Almeida Correia, 31.01.22

img_900x560$2014_04_16_19_42_00_220650.jpg(créditos: Bruno Simão/Negócios)

 

As eleições legislativas de ontem, 30 de Janeiro, assinalam o regresso à estabilidade governativa, o fim do diletantismo parlamentar de alguns sujeitos e, ainda, o regresso à terra do Presidente Marcelo e dos seus sonhos de se tornar imprescindível para qualquer solução de governo.

Se, por um lado, até há duas semanas, a maioria absoluta de um só partido era um cenário tão distante quanto a hipótese de uma solução governativa estável para toda a legislatura, não será hoje menos verdade a confirmação de que em democracia os resultados só surgem mesmo depois de fechadas as urnas. E isso continua a ser bom porque é pelo voto que os cidadãos têm de continuar a manifestar-se, e é a eles que tem de estar reservada a última palavra. não às sondagens. Votem "útil" ou "inútil". Ainda bem.

Neste momento, com a certeza de uma maioria absoluta do PS, aquilo que todos os portugueses temem é uma reedição, ainda que mais benigna, de um socratismo de muito má memória e com feridas ainda abertas dada a ineficiência, e não apenas por falta de meios, do Ministério Público, dos tribunais e do aparelho judiciário para contribuírem para a realização da justiça em tempo útil.

O comedido discurso de vitória de António Costa, traduzido na frase “uma maioria absoluta não é o poder absoluto, não é governar sozinho, é uma responsabilidade acrescida” pode dar alguma esperança aos portugueses e a todos os que votaram no partido vencedor, que são muitos mais do que os militantes e simpatizantes, de que não vamos assistir a partir de agora a um novo ciclo de desvario, despesismo e desresponsabilização.

Ao Presidente da República exige-se que sem deixar de exercer a devida fiscalização sobre a acção do Governo, que também está cometida com redobrada responsabilidade a todos os partidos da oposição, reduza o seu protagonismo, seja mais contido nas suas “aparições” e contribua quer para a estabilidade política e governativa, quer, igualmente, para uma redução do clima de guerrilha de sacristia em que se especializou ao longo dos anos, motivando o necessário apaziguamento social e político. Dentro de quatro anos será aos portugueses que caberá, e não a ele Presidente da República, julgar a acção do futuro Governo, os seus êxitos e insucessos.

Para já vamos aguardar os resultados dos círculos da emigração, enquanto não chegam os nomes para o novo governo. Que se esperam ser outros, sem erros de casting e com a participação de independentes qualificados, não se cingindo à "tralha do aparelho" e a um ou outro apóstolo reciclado. Qualificações, competência, bom senso e uma ética à prova de bala é o que se precisa. Para não se estatelar na rua, nem na lama.

Desculpem lá mas é um desabafo que tenho mesmo de fazer

José António Abreu, 01.10.15

Em 2009 lutei pela vitória da prudência e do realismo. Perdi. Lixei-me. Como eu, milhares de outros (a maioria até mais do que eu mas uma fatia dos que se lixaram tinha optado pelo risco). Em 2015, sem ilusões de que a opção se revele perfeita, luto novamente pela vitória da prudência e do realismo. É possível que perca outra vez. É também muito possível que me lixe outra vez. Como eu, milhares de outros. Uma parte terá novamente escolhido uma opção de risco mais elevado. No futuro, não me peçam para os lamentar.

Fé embrulhada em números

José António Abreu, 19.08.15

Ou seja: o PS garante atingir em 2017 o défice público que, mais décima, menos décima, o actual governo espera conseguir este ano. Sendo que, até lá, aumenta o défice público, desequilibra a balança externa (através do incentivo ao consumo) e coloca ainda mais pressão na sustentabilidade da Segurança Social (através da redução da TSU). Tudo isto se as contas dos seus economistas estiverem certas (mas quem duvida de Galamba?) e não ocorrerem eventos, nacionais ou internacionais, com impacto negativo.

O cartaz do Athaíde tinha afinal razão de ser: exige-se fé.

Meu caro (ficá-lo-á especialmente se ganhar as eleições) Dr. Costa:

José António Abreu, 10.07.15

Já que, por inexistência de alternativa convincente, promete rever a questão das portagens na Via do Infante, permita-me que lhe pergunte, certo de que tanto o seu conhecimento como a sua experiência extravasarão em muito as ruas de Lisboa e as estradas do Algarve (ou talvez "Allgarve", como pretendia um seu colega): Conhece a alternativa à A25? E à A28? E à A29?

Muito obrigado. Cumprimentos.

Uma coligação oportuna

Sérgio de Almeida Correia, 26.04.15

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(foto JN) 

A decisão de PSD e CDS-PP de se apresentarem coligados às próximas eleições legislativas é uma decisão oportuna por várias razões.

Em primeiro lugar, porque é natural que quem governou em coligação se apresente ao eleitorado nos mesmos termos em que governou, ou seja, em coligação. Se governaram juntos, se foram parceiros nas boas e nas más decisões, se entendem que o caminho que percorreram deve continuar a ser trilhado no futuro, então a decisão é perfeitamente compreensível e, em meu entender, sensata. Essa será a melhor forma do eleitorado avaliar o desempenho do Governo de Passos Coelho e manifestar o que pensa sobre o futuro que deve ser reservado aos coligados.

Depois, é uma decisão oportuna porque introduz clareza numa área tradicionalmente confusa. A coligação é uma medida higiénica que traz transparência ao eleitorado, promove uma adequada separação de águas e mostra ao eleitorado que ao centro há, por agora, pelo menos dois caminhos. Um mais à direita, outro mais à esquerda.

Também é uma decisão oportuna porque permitirá ao PS saber com o que conta, podendo dessa forma ver facilitada a sua estratégia eleitoral e consolidar as suas propostas para o país. Os portugueses sabem que o PS não irá manobrar nos bastidores um qualquer governo de "consenso" para o país. 

Por outro lado, é ainda uma decisão oportuna porque também responsabilizará daqui para a frente o Presidente da República naquilo que disser e no que pontualmente venha a fazer quanto ao pouco, pouquíssimo, que lhe for exigido. Se Cavaco Silva pensava que ia ter um final de mandato calmo, fica agora com a certeza de que depois de todas as "asneiras" que promoveu as suas hipóteses de chegar ao fim sem mais problemas ficam ainda mais reduzidas. Essa é para ele uma recompensa merecida pelo seu desempenho até aqui.

Finalmente, a coligação que acabou de se apresentar ao país para as próximas eleições é também uma decisão oportuna porque mostra aos portugueses o pânico que grassa entre as hostes do PSD e do CDS-PP. Depois de todos os amuos, traições, sacudir da água do capote, intrigas e golpes a que o país assistiu, a coligação é uma imagem do estado a que chegaram e é a prova acabada de que só existe e só é anunciada nesta altura porque o desastre foi tão grande que nenhum dos partidos se sente à-vontade para se apresentar sozinho a eleições.

Esta é, pois, uma boa notícia para o país e que deve por isso mesmo ser devidamente saudada.

Jovens e despachados

João Carvalho, 27.07.11

O título diz logo tudo: «Conselho regional da JSD de Setúbal analisa resultados das eleições legislativas» daqui a quatro dias (31 de Julho). Assinada pelo presidente da mesa, a ordem de trabalhos confirma isso mesmo nos seus dois únicos pontos:

«1 – Análise dos resultados das legislativas;

2 – Encerramento do ano político.»

Sobre o ponto 1, não será correr muito? Afinal, as eleições legislativas ainda nem foram bem há dois meses. Qual é a pressa?...

Quanto ao ponto 2, vai ser preciso explicar àquela rapaziada que este ano político não será encerrado, por vontade manifestada e prometida pelo próprio primeiro-ministro e líder do PSD.

Em suma: a ideia que fica é a de que encerrada tem estado a JSD de Setúbal.

Um raio de sol na água fria

Laura Ramos, 05.06.11

 

Durão Barroso, apelando ao voto, disse que as eleições de hoje eram as mais importantes desde o 25 de Abril de 1974.

Exagero estratégico, ou crua lucidez?

Tendo a concordar.

Isso, se no histórico das primeiras incluirmos as que serviram para emendar Março de 1975 e legitimar as forças do 25 de Novembro, quando esteve em jogo a subsistência do regime democrático e os rottweilers comunistas se apropriaram do poder, com recurso ao único expediente que conhecem: a força das armas.

 

Então, o que temos hoje em mãos?

Os resultados de uma democracia que abdicou da virtude?

A ressaca do poder exercido por incompetentes?

 

São anos negros aqueles que, mais uma vez, vamos julgar.

Tão negros quanto aqueles que nos esperam – dizem (et pour cause).

 

Se não for agora, num momento crucial como este, que nos manifestamos maciçamente, que direito ao silêncio nos restará?

Nenhum.

 

As águas não são cálidas nem bonançosas. São frias, como gelo, e agitadas.

Mas ainda vamos a tempo de emendar Setembro.

Um bom democrata-cristão

João Carvalho, 18.04.11

«Basílio Horta diz ter aceitado "com gosto" o convite para encabeçar a lista do PS em Leiria e continua a afirmar-se como "um democrata-cristão".» Ser cabeça-de-lista numa eleição é própria de um democrata, sim. Já mais duvidoso é ser-se cristão e apoiar aqueles que nos arruinaram. Mas cada um sabe de si, não é?

Um bom cristão dorme com a consciência tranquila. E quem não foi atirado para a ruína também. Nada como ser-se democrata-cristão em casa socialista.

Em matéria de cabeças-de-lista...

João Carvalho, 18.04.11

... «PS aposta na continuidade, PSD nos independentes». Não há dúvida: se não optar pela abstenção, a maioria dos eleitores — que vota nesses dois partidos e não vota por seguidismo cego — tem a escolha facilitada.

Não sei se os independentes são muitos e são bons, mas passo-me todo só com a ideia de continuarmos a ter este circo miserável. Continuidade? Socorro.

Violinos de Chopin

Paulo Gorjão, 11.01.09

Pedro Santana Lopes pode não perceber muito de música clássica, mas é doutorado em táctica política. O seu a seu dono: no início de Dezembro, quando ainda ninguém tocava publicamente no assunto, Santana Lopes foi o primeiro -- se não estou enganado -- a alertar para a hipótese de José Sócrates querer antecipar as eleições legislativas. Houve até quem dissesse que a hipótese não tinha pés nem cabeça. Um mês depois estamos todos a chegar à conclusão que afinal é capaz de ser verdade.