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Delito de Opinião

Dignidade

Pedro Correia, 23.03.24

É a palavra que me ocorre neste momento tão doloroso para a princesa de Gales e a sua família. E para a esmagadora maioria dos britânicos, chocados com a inesperada notícia da doença cancerosa da nora do Rei - tão jovem ainda, aos 42 anos.

Dignidade, sim. Além de humildade, ao revelar o seu precário estado de saúde sem a menor pompa associada à realeza. Como se fosse qualquer de nós. Talvez com mais coragem e desassombro do que a maioria de nós.

Fora do Reino Unido, somos igualmente muitos a desejar-lhe que recupere. E que, para ela, estes dias de pesadelo possam vir a ser apenas uma amarga mas distante recordação.

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 24.03.23

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Hoje é O Dia Mundial da Luta Contra a Tuberculose 

«Esta data foi instituída em 1982, pela Organização Mundial da Saúde, em homenagem aos 100 anos do anúncio da descoberta do bacilo da tuberculose, em 1882, pelo bacteriologista alemão Robert Koch.

A 24 de Março de cada ano, o Dia Mundial da Tuberculose serve para apelar à urgência do combate a esta doença prevenível e tratável que é a infecção mais mortífera no mundo, particularmente em populações pobres, marginalizadas e vulneráveis.

É uma doença infectocontagiosa que afecta principalmente os pulmões, mas também pode atacar ossos, rins e meninges. Pessoas com sida, diabetes, insuficiência renal crónica, desnutridas, idosos doentes, alcoólicos, dependentes de drogas e fumadores são mais propensos a contrair a doença.

A tuberculose tem cura. Porém, os esforços para encontrar, tratar e curar todos os que ficam doentes têm sido insuficientes. No século XXI, continua a ser uma emergência global que exige a cooperação de todos os países.»

 

O meu bisavô Alberto, carpinteiro nas Necessidades, e o famoso Tio João, comerciante abastado, morreram de "peste branca, tísica consumpção/consunção ou popularmente chamada de doença do peito". O termo "tuberculose" passou a ser usado a partir de 1839, mas os avoengos ainda usavam as designações antigas nos primórdios do século passado. Apesar de a forma mais conhecida da doença ser a pulmonar, pele, rins, intestinos e ossos também podem ser atingidos. A forma óssea da tuberculose atinge a coluna em cerca de 50% dos casos e pode resultar na perda de um corpo vertebral e consequentes deformações na coluna. Dizia a minha mãe que de repente deixou de ver o avô e o tio, queimaram-se as roupas das camas, desinfectaram-se e defumaram-se as casas. Eram ambos novos e da doença poucos escapavam. Presentemente tem tratamento quando detectada precocemente.

 

transferir.jpeg.jpgEste é O Dia Internacional para o Direito à Verdade sobre Graves Violações dos Direitos Humanos e pela Dignidade das Vítimas 

«Esta data, instituída pela ONU em 2010, presta homenagem ao bispo católico Óscar Arnulfo Romero, que denunciou casos de violações dos direitos humanos em El Salvador. Foi assassinado em 24 de Março de 1980. 

Em mensagem alusiva à efeméride, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “a verdade é uma força fortalecedora e curativa”, que deve ser celebrada no passado, presente e futuro. Guterres lembra que “reconhecimento, justiça e prevenção só podem começar com a descoberta e o reconhecimento dos factos.” Pois “sem verdade não pode haver justiça ou reparação".»

 

Os direitos humanos deveriam ser um facto consolidado. Existem a torto e a direito dias celebrativos em relação a este ou àquele ponto sobre direitos humanos, fala-se muito, mas pouco se faz. Basta ao mundo pôr os olhos na Ucrânia, onde a cada minuto existem transgressões criminosas.

 

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Hoje é O Dia Nacional do Estudante

«Esta data foi promulgada pela Assembleia da República em 1987.

Além de motivo de comemoração, é também dia de luta e de homenagem, pois recorda os obstáculos que os estudantes enfrentaram nas décadas de 60, aquando da crise académica vivida em Portugal. A data pretende apelar à participação e mobilização dos estudantes em prol de um novo modelo de educação. O direito à educação é um direito basilar da nossa sociedade consagrado na Constituição.»

 

Eu era miúda, mas tenho ideia de ter a minha prima Line e uns colegas lá em casa, não digo escondidos, mas pacatos e serenos. Nunca me esqueci de os ouvir dizer que Portugal era o país do mundo com os estudantes mais altos, porque segundo as notícias, a polícia, que disparava balas verdadeiras nas manifestações, afimava nos jornais que disparava sempre para o ar mas atingia-os, quase sempre nas pernas, quando não era pior.

 

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Hoje é O Dia do Escanção

«A Associação dos Escanções de Portugal (AEP) foi fundada a 24 de Março de 1972. Desde então, instituiu-se que em Portugal este seria o Dia do Escanção.

Hoje assinala-se uma data que celebra o trabalho de todos aqueles que abraçam esta profissão com dedicação, empenho e paixão. 

Em séculos anteriores, este cargo era oficial e de grande prestígio na corte: o escanção era alguém que os soberanos tinham em alta estima e consideração. Foi ofício reconhecido na Idade Média e na Idade Moderna. A importância do escanção era única, tal como a sua sabedoria em aconselhar as melhores combinações das nossas iguarias com os vinhos portugueses.»

 

Há muitos anos, os restaurantes tinham quase todos um escanção que, conforme os pratos escolhidos, aconselhava sobre qual o melhor vinho para os acompanhar. Lembro-me de um senhor muito composto, mas também muito simpático, que dizia sempre: "para a menina, aconselho uma Laranjina C. Deseja fresca ou natural?" E eu sentia-me uma pessoa imensamente importante.

(Imagens Google/ tx.UC)

Uma homenagem

beatriz j a, 18.05.22

Hoje é o dia do enfermeiro oncológico. Os enfermeiros oncológicos têm uma associação própria - a AEOP. O pessoal da saúde que trabalha com doentes oncológicos é mais atreito do que os de outras áreas clínicas a cair em depressão devido à pressão em lidar com doentes incuráveis, em estado de grande ansiedade e/ou depressão, por conta de quadros clínicos complexos e muitas vezes fatais. Porém, os enfermeiros em particular são mais atingidos. O médico oncológico é quem decide do tratamento do doente e traça o seu plano, mas quem o implementa é o enfermeiro oncológico. 

Os enfermeiros oncológicos são parceiros essenciais que se ligam emocionalmente aos doentes -os tratamentos duram meses, às vezes anos- ajudam-nos a navegar nos complexos protocolos de tratamento e a gerir os sintomas e os efeitos secundários. Vi doentes a manifestar súbita alergia ao medicamento da quimioterapia, incapazes de respirar, por exemplo, e observei a rapidez e precisão com que os enfermeiros avaliam a situação, param imediatamente o tratamento e fazem o necessário para a recuperação; vi pessoas não aguentarem emocionalmente o tratamento e enfermeiros a conseguirem que a pessoa faça o tratamento; vi pessoas cheias de dores e enfermeiros a lidarem com elas; vi mulheres a passarem a mão no cabelo e ficarem com ele na mão e desatarem a chorar e enfermeiros a recuperarem emocionalmente a pessoa; vi pessoas desesperadas por ser a 3ª ou a 4ª vez que recidivam a apoiarem-se na força dos enfermeiros; vi pessoas perderem o controlo sobre o próprio corpo devido aos tratamentos (tentarem pôr-se em pé e caírem - as pernas desconjuntadas como efeito dos tratamentos) e enfermeiros a lidar com a situação e com o desespero da pessoa; tive enfermeiros radio-oncologistas a ajudarem-me numa altura em vacilei na vontade por ter ficado com uma grande queimadura e dores insuportáveis; vi enfermeiros lidarem com a perda de doentes que seguiam há muito tempo. O trabalho do enfermeiro oncológico é particularmente difícil.

Os enfermeiros oncológicos travam conhecimento com o acompanhante dos doentes, geralmente um familiar e estabelecem relação com essa pessoa também, para saber mais do doente e antecipar problemas. Por vezes também prestam suporte emocional aos familiares dos doentes, eles mesmos sob enorme pressão. Os enfermeiros antecipam as necessidades dos pacientes e dos cuidadores familiares e trabalham com os gestores dos casos e por vezes com os assistentes sociais para assegurar que os pacientes tenham apoio adequado e ajuda profissional nas suas casas e comunidades.

O tratamento de uma pessoa na luta contra o cancro passa por muitas fases e geralmente tem vários profissionais de diferentes especializações médicas dado os efeitos colaterais da doença e dos tratamentos. Muitas vezes, são os enfermeiros oncológicos que fornecem informação e orientação consistente ao longo do plano de tratamento. Têm formação para avaliar as necessidades médicas da pessoa. Os doentes oncológicos, com muita frequência sabem mais da sua doença do que médicos de outras especialidades não-oncológicas, aprendem muito jargão médico, aprendem a ler o resultado das análises e dos exames que têm de fazer, o que às vezes leva a juízos errados e só piora o seu estado de espírito e quem lida com isso tudo é principalmente o enfermeiro oncológico.

Os enfermeiros oncológicos têm sempre um sorriso calmo e uma palavra de empatia com os doentes -essa é a minha experiência de um ano e meio a frequentar o espaço da medicina nuclear e hospital de dia onde se fazem os tratamentos- e isso não tem preço. São pessoas por quem tenho grande respeito e deixo aqui o meu reconhecimento público a esses profissionais.

Mudar de lentes

Maria Dulce Fernandes, 25.10.20

Estes últimos tempos não me têm sido propícios. Tudo me cansa, física e psicologicamente falando. Vejo as pessoas adoecer à minha volta e saio de casa todos os dias a pensar se será aquele o último dia em que regressarei livre de viroses. 

No trabalho, são-nos impostas cada vez mais regras, mais ordens, mais directrizes sob pena de pesadas coimas, que a cada dia que passa são mais complicadas de fazer cumprir. 

O egoísmo é a única filiação comum a todas as cores e credos. 

Em casa, vejo os meus netos e desespero.

E depois vejo isto e apetece-me partir tudo.

Quem sabe, sou quem quem vê mal e precisa mudar de lentes.

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Daquilo do dia contra a depressão

jpt, 11.09.19

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(Transcrevo um postal meu no Facebook, ainda que sabendo ser o ambiente aqui, pejado de anónimos comentadores, muito mais hostil do que o do meu mural no FB).

***

Neste chato calendário laico, pelo qual se substituiu o santo do dia pela boa causa diária, ontem foi o dia mundial contra o suicídio, também dito "contra a depressão". Vejo por aqui-FB muita gente a partilhar os tradicionais dísticos, estandartes contra isso. Como sempre, nestas coisas, não serve para nada.

O estado depressivo é tramado. Homem que se preze nunca o reconhece em público. É até pior do que anunciar a disfunção eréctil. E é quase tão mau, quase, quase, como reconhecer que se tem hemorróidas (o maior tabu dos homens tóxicos, como agora sói dizer-se).

Há alguns anos, em Maputo, botei este texto "A Sair do Armário", e há dois dias recoloquei-o no (novo) blog. É sobre isso mesmo.

Mas como há este dia "contra a depressão" vou adiantar algo mais, a ver se tendes a paciência para ir ler o textinho do blog:

Está(s) deprimido? Deixe-se/deixa-te de coisas, vá(ai) ao médico. Quando dói a dentuça não corre(s) ao dentista? Médico e pílulas, pronto. Siga a marinha ...

É(s) daqueles que não vai ao médico? Deprimido como o c...... mas forte o suficiente para aguentar sozinho? Um gajo rijo, "tóxico", como antigamente havia, material do tempo da guerra? Conheço o estilo, dá cá um abraço camarada. És novo nisto, ou algo recente pelo menos? Então leva três avisos, de um mais-antigo na coisa, veterano do vai-e-vem:

1 - quando deprimido um tipo não bebe. Bebe, muito ou pouco, quando quiseres. Mas não quando deprimido, nunca assim. Sabe mal ...

2 - sentes-te miserável (de facto a gente diz "uma merda" mas parece mal escrever isso)? Não acredites quando te dizem que te enganas nisso. És uma merda, estás deprimido por isso mesmo. Mas lê o Eça, pelo menos. Apanha o Palma Cavalão, o Acácio, o Dâmaso (e até os protagonistas). E olha à tua volta. Está cheio de gente assim e até pior. Andam aí, viçosos e sorridentes - pudera, tantos deles carregados de antidepressivos. Ok, és uma merda. Mas isto está cheio de gente assim, até pior do que tu. Não te preocupes, és um homem, vales pouco. Mas mais que tantos, desses videirinhos, e assim não se justifica o teu choradinho.

3- só há uma cura. O sorriso de uma mulher. Não de qualquer uma, claro. Mas não precisa de ser a Princesa Encantada. Uma mulher sarar-te-á. Mas o problema é que andando deprimido poucas te sorrirão, assim, desse tal modo. E o pior é que, ainda por cima, tu estás tão estuporado que nem repararás quando (e se) isso acontecer. Pois estás ... grunho.

Portanto, larga a atitude. Deixa os alguns mais-antigos seguirem este nosso caminho, quais lone rangers de nós mesmos, relíquias que somos. Estás triste? És estúpido, pá?, deixa-te de coisas, vai ao médico!

E se este escrito te serviu para algo, ó pateta, clica na ligação e vai ler o meu texto no blog. Sim, este A Sair do Armário. Pois mitiga-me a tristeza saber que as minhas patetices são lidas.

E então, bate bate coração

Maria Dulce Fernandes, 06.05.19

Não creio que seja novidade para alguém o estado clínico de Iker Casillas, guarda-redes espanhol ao serviço do FC Porto, que sofreu um enfarte agudo do miocárdio durante o treino. Felizmente Casillas está bem, está estável e com o problema cardíaco resolvido, mas outros houve, com o músculo mais debilitado, que não foram tão afortunados.
Algumas situações têm prognóstico muito reservado. Em outras menos graves, recorre-se a pacemakers e ao novíssimo HeartMate3, por exemplo, restando a solução do transplante com compatibilidade comprovada para aqueles casos considerados inviáveis do ponto de vista imunitário.
Um transplante bem sucedido e o paciente poderá viver alguns (vários) anos com o seu novo coração.
Como me foi dado a aprofundar recentemente que “não há comportamento humano que não tenha origem biológica”, poderei inferir que o órgão transplantado poderá ter um comportamento errático, por conflitos de informação no código genético existente no DNA e RNA? O dogma central da biologia sintetizará o código comportamental existente num músculo estranho à sua essência? Será pertinente cogitar que o paciente passaria a viver com dois códigos genéticos distintos, o que o tornaria na mítica quimera?
Claro que Hollywood pensou nisto tudo desde os primórdios, com o monstro de Frankenstein possuidor de um músculo em processo de decomposição reavivado por um desfibrilador trovejante, mais humano do que muito músculo pulsante. Poderemos considerar o transplante do Prometeu Moderno, como o primeiro transplante de coração de que há narrativa, ficcionada que seja, em que o comportamento tem origem biológica, apesar de se focar essencialmente mais na mecânica do que na química do processo da criação.

Menosprezando os muitos entraves e obstáculos que todas as “logias” possam colocar, é legítimo cosiderar que suturar um coração e vê-lo palpitar dentro de um peito clinicamente morto será o primeiro passo para um complexo de Deus?
Cogito ergo sum, ou então não.

No país dos brandos costumes

Ana Vidal, 11.07.15

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Algumas notas minhas, à margem deste artigo que subscrevo.


1. Fiquei genuinamente espantada (chamem-me naif, devo sê-lo) por constatar que a cabeça nua de Laura Ferreira teve, da parte da esmagadora maioria das pessoas, uma leitura política. Prova-o um facto incontestável: salvo raras excepções, quem é de direita aplaudiu o gesto, quem é de esquerda criticou-o. Onde eu vi apenas uma mensagem pessoal, simples e corajosa, dirigida às mulheres que passam por este calvário tão comum, como quem diz "Uma mulher não deixa de ser inteira por não ter cabelo", muita gente viu um frete eleitoralista, um apelo à piedade ou à simpatia política, ou simplesmente a exibição de uma intimidade incómoda que deve permanecer escondida, sobretudo quando se trata de uma figura pública.


2. Presumir que Laura Ferreira se sujeitaria a este grau de exposição pessoal (e à violência dos comentários que se lhe seguiram, que ela, mais calejada nestas coisas do que eu, provavelmente previu) por outros motivos que não uma decisão pessoal, é duplamente ofensivo. Por um lado, é negar-lhe o direito a vontade, agenda e intenções próprias, fazendo dela um mero fantoche do marido. Por outro, é atirar-lhe à cara que não tem o amor e o respeito dele, se assim oferece à turba, implacável e com as piores intenções, a sua pretensa fragilidade, sem que ela sequer se aperceba disso. Ou, pior ainda, percebendo a marosca mas aceitando o papel, submissa e acéfala. Ou seja, é chamar-lhe imbecil e/ou conivente. Em qualquer dos casos, feitas as contas, tudo isto é profundamente machista. Diz-se-lhe que fique em casa, quietinha e discreta como costumava ser, pelo menos até estar apresentável outra vez.


3. Se as medidas de austeridade impostas por Passos Coelho chegaram ao extremo de negar tratamentos eficazes a doentes oncológicos porque são caros, grite-se bem alto esse atropelo ao direito dos cidadãos portugueses à dignidade e aos cuidados de saúde. Exija-se o recuo, a mudança. Mas não se misture tudo numa açorda de ódio que acaba por ter como alvo uma mulher que é, ela própria, uma doente oncológica. A frustração leva muitas vezes as pessoas a limites de crueldade, caindo nos mesmos erros que apontam aos outros. Muitos dos comentários críticos que li nas redes sociais são de uma violência sub-humana.

De cabeça erguida

Leonor Barros, 10.07.15

Tenho andado aqui a digerir a polémica em torno do aparecimento da mulher de Passos Coelho sem cabelo e sem peruca num evento oficial. Confesso que a minha primeira reacção foi 'caramba, mas ela não podia ser mais discreta? Há alguma necessidade de se expor desta maneira?' Depois disto, recolhi-me no meu canto, ouvi opiniões sem fim, que como se sabe somos muito opinadores, e comecei a pensar que o desconforto era mais meu, meu apenas pelo horror que sempre me provocam estas situações. Infelizmente não faço parte daquele leque de pessoas preparadas a priori para lidar com a doença e a degradação e sei bem como se morre de cancro, sem essa história ridícula de chamar a todos guerreiros. Cada um luta como sabe e pode. Acredito piamente que todos lutarão enquanto souberem que vale a pena e que sentirão quando chegou o momento de descansar, não de desistir. Descansar. Não vejo razão por que a mulher do PM se há-de cobrir. Tem cancro. Assumiu. Não tem de ficar em casa para nos poupar ao desconforto e não tem de usar peruca pela mesma razão. A vida é o que é.Tiro-lhe o chapéu pela coragem, isso eu sei, porque se tal me acontecesse/acontecer duvido que deixasse que alguém em público me visse careca. 

Poucos ou muitos?

Patrícia Reis, 08.05.14

Os doentes com lúpus, diagnosticados e identificados, são quinze mil. Os medicamentos deixaram de ter comparticipação. Como é uma doença invisível, uma doença que a maioria não entende e que afecta sobretudo mulheres, pois não se diz nada. Entre corticóides, imunosupressores, medicamentos para as articulações e de protecção solar, venha o Diabo e escolha. Este é mesmo o Estado a que chegámos.

Especial MULHER

Helena Sacadura Cabral, 20.06.12
A Liga Portuguesa Contra o Cancro lançou uma Campanha de Sensibilização Nacional para o Cancro do Ovário, que conta com a participação de especialistas médicos, doentes, autoridades de saúde e o apoio da Roche Farmacêutica. 
O que se pretende é aumentar o nível de informação da população sobre a doença, que um estudo recente provou ser, no sexo feminino, a sétima causa de morte mais frequente e cuja incidência está a aumentar nos países desenvolvidos.
O projecto visa também incentivar as mulheres com mais de 55 anos a não deixarem de visitar regularmente o ginecologista, sobretudo após a menopausa, dado que é a partir dessa idade que o cancro do ovário se torna mais frequente e fatal, quando detectado tardiamente. Assim, o objectivo essencial desta iniciativa é o apelo à realização de exames ginecológicos periódicos, que permitam um atempado diagnóstico. 
A campanha vai materializar-se através de diversas acções que irão desde a produção de um vídeo informativo com a participação de figuras públicas, a divulgar nas redes sociais, à apresentação dos resultados de um estudo bastante revelador do tipo de conhecimentos da população acerca do cancro do ovário e à distribuição de folhetos sobre o tema. 
Não deixe de estar atenta. É para seu bem!

Cancro = Medo

Patrícia Reis, 04.02.12

Há uns anos, não me lembro quando, uma actriz que apresentou os Óscares disse, de início, que se tinha recusado a colocar todos os laços representativos de causas e doenças por não combinaram cromaticamente. A coisa não arrancou grande gargalhada.

Quem já viveu com um cancro de mama ou outro, quem acompanhou alguém, quem é casado com uma mulher com este tipo de diagnóstico, é filho ou filha, terá outra perspectiva. Infelizmente a palavra cancro assusta. Não a podemos suavizar com cor-de rosa ou algo assim.

Todas as doenças nos levam a um qualquer lugar onde pensamos que o mundo está ao avesso ou somos nós que nos vimos, de repente, de pernas para o ar.