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Delito de Opinião

Pandemia L

Laura Ramos, 05.07.11

Temo que os leitores do DO não reconheçam o seu blogue do costume e comecem a achar-nos acometidos de um estranho síndrome de Tourette. Mas o Sete Vidas como os Gatos passou-me a corrente e há pessoas a quem não podemos dizer não (eu sei que demorei, mas ai que prazer é ter um inquérito para responder, e não o fazer…)

 

1. Existe um livro que relerias várias vezes?

Muitos. Um deles seria seguramente 'Confesso que vivi', de Pablo Neruda. Uma grande lente macro sobre a humanidade, a existência, o panorama político do tempo deste poeta engagé da minha predilecção. Tiques compreensíveis da minha geração.

 

2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?

Quando não gosto, não tento mais.(E como não quero falar de Saramago e da ‘Jangada de Pedra’… porque do Memorial do Convento, Rui, gostei mesmo) lembro-me agora das 'Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna'. Simplesmente porque é uma obra extensa, e nem sempre regular. Trata-se do relato  quotidiano da guerra civil portuguesa, vista por dentro.

 

3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?

Custa-me imaginar tamanha condenação. Teria de fazer um exercício de gestão estratégica, não é? Por isso, escolheria uma escrita não finita: e então teria de ser poesia, claro, nunca prosa. Seguramente um livro de Sophia de Mello Breyner. Pensando melhor, abriria uma excepção à prosa, no caso dos ''Diários' (Vergílio Ferreira ou Torga, comecei agora a gostar dos monólogos deste último).

 

4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?

Por razões diferentes: 'Ulisses', de Joyce. 'As vozes do Rio Pamano', de Jaume Cabré.

 

5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?

Salvo um qualquer policial, não consigo lembrar-me de nenhum livro por causa desse aspecto específico. Mas, levando o assunto para o lado dos autores, e dos que são capazes de surpreender pela imprevisibilidade, então a escolha vai para David Lodge.

 

6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?

Cresci numa casa recheada de livros e o vício da leitura pega-se. Mas o espinho desta faceta familiar é que a certa altura os livros já não são organizáveis e não se lhes encontra o rasto. Pior do que isso, não são de ninguém... Conclusão: desenvolvi um terrível instinto de propriedade sobre eles.

Aqui vão os inevitáveis: Condessa de Ségur. Enid Blyton. Os contos de Andersen. As obras da Colecção Azul (que nostalgia repentina!). Odete de Saint Maurice. Júlio Dinis. E depois (sem nunca passar por Verne…) Louise M. Alcott, Florence Barclay, Alexandre Dumas - o que eu li e reli o Visconde de Bragelonne, que completava o 'Três Mosqueteiros' e o 'Vinte Anos Depois'! Perdia-me por sagas.

 

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?

O Código da Estrada?! Não, claro que não era bem isto... Já sei: 'Direito das Coisas',  de Orlando de Carvalho. Que massacre.

 

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.

'Quarteto de Alexandria', Lawrence Durrell. 'Diários' de Anaïs Nin. 'Mulheres Apaixonadas', DH Lawrence.' A ponte', Manfred Gregor. 'O fio da Navalha', Somerset Maugham. 'À procura do tempo perdido', Marcel Proust. 'O Estrangeiro', Camus.  'Thérèse Desqueyeroux', F. Mauriac. ''Praça da Canção', Manuel Alegre. Vários de Natália Correia. 'Minha Senhora de Mim', Maria Teresa Horta. 'Iluminações - Uma Cerveja no Inferno', Rimbaud. 'Memórias de Adriano', M. Yourcenar. 'Os Maias', Eça de Queirós. 'Dinossauro Excelentíssimo', José Cardoso Pires. 'Os cus de Judas', António Lobo Antunes. 'Pequena Crónica de Ana Madalena Bach', E. Meynell. 'O homem do fato castanho', Agatha Christie. 'O Rosto de um Estranho', Anne Perry. 'Nome de Guerra', Almada Negreiros. 'O Homem Sentimental', Javier Marías. 'Tocata para Dois Clarins', Mário Cláudio.

 

9. Que livro estás a ler?  

Estava a ler a 'Anatomia de um Instante' (J. Cercas) até quinta-feira passada, quando assisti a uma conferência memorável sobre “Méritos da Constituição vigente: o sistema das eleições parlamentares nacionais”. Pela terceira ou quarta vez na vida, ouvi falar de António Cândido, abundantemente citado durante o debate. E no dia seguinte, farta da minha ignorância, fiz o download do livro Principios e questões de philosophia politica (condições scientificas do direito de suffragio). Um prodígio de actualidade. Estou mergulhada (e por aqui foi fds prolongado).

 

10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.

É terrível quebrar esta regra, de que afinal beneficiei. Mas vou fazer uma  GPO e passar  a corrente apenas a dois, porque sei que não coincidirão comigo na sua selecção e irei, por isso, aprender imenso com as suas respostas. Assim, o meu desafio vai para Júlio Machado Vaz António Pedro Neto.
Sobram oito lugares a concurso: gostaria mesmo, como a Ana Margarida, que alguns comentadores do DO se dessem ao trabalho de responder aqui mesmo, em sua casa. E assim sempre tínhamos uma propagação do vírus controlada...

Vamos nessa

Teresa Ribeiro, 03.07.11

Discutir preferências, organizá-las. Fazer os top five, os top ten. Puxar pela memória, hesitar nos alinhamentos, depois compará-los. Tudo prazeres antigos, de escola, a que ainda hoje gosto de me entregar se me dão o pretexto. Foi o que a Ivone fez ao lançar-me este desafio. E eu, é claro, não me fiz rogada. Cá vão as minhas respostas:

 

1 - Existe um livro que relerias várias vezes?

Todos os que refiro no ponto 8, por motivos óbvios, e ainda a poesia do Alexandre O'Neill, da Sophia, do Pessoa e alguns livros de contos como Leah e Outras Histórias, do José Rodrigues Miguéis, Escola de Música, do John Updike, os Contos Exemplares da Sophia, os Bichos de Torga...

 

2 - Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e não conseguiste ler até ao fim?

O Lobo das Estepes do Hermann Hesse, autor de que não consigo gostar, e Utopia de Thomas More são os que me vêm à memória assim de repente.

 

3 - Se escolhesses um livro para ler no resto da vida, qual seria?

A Bíblia, o livro fundamental, chave da nossa civilização.

 

4 - Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, não leste?

Tantos! As minhas inúmeras lacunas: Guerra e Paz, O Vermelho e o Negro, D. Quixote, Madame Bovary, Os Irmãos Karamazov, O Homem Sem Qualidades, Moby Dick, só para citar uma pequena parte.

 

5 - Que livro leste, cuja cena final jamais conseguiste esquecer?

Não é uma cena, é uma reflexão. A reflexão final de Meursault, em O Estrangeiro: "Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida comigo mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia da minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio." Deixa-nos gelados este fim. É a cereja no bolo nesta obra desolada mas hipnótica.

 

6 - Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?

Adorei as histórias de encantar da Colecção Manecas, que a minha mãe me apresentou, aos cinco anos, como sendo a sua favorita quando tinha a minha idade. Desaparecida há muito, soube, por um alfarrabista, que qualquer exemplar que apareça leva sumiço num instante. Anos depois só viria a ter idêntica paixão pelos livros dos Cinco. A Pearl Buck foi um dos autores que me ajudou a fazer a transição para leituras mais adultas. Os primeiros portugueses que me encantaram foram Eça e Pessoa. 

 

7 - Qual o livro que achaste chato, mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?

A Montanha Mágica. Porquê? Acho que por embirração. A partir de certo momento passou a ser um desafio que eu teria de vencer. E Ulisses, porque também era uma obra de referência que eu queria conhecer. Mas neste caso, ao contrário do que aconteceu com o livro de Thomas Mann, feito o balanço e ultrapassados os trechos mais chatinhos, tive prazer na leitura.

 

8 - Indica alguns dos teus livros preferidos.

O Livro do Desassossego (Pessoa), O Ano da Morte de Ricardo Reis (Saramago), O Esplendor de Portugal (Lobo Antunes), Os Maias (Eça), A Festa do Chibo (Vargas Llosa), Amor nos Tempos de Cólera (García Márquez), O Aleph (Borges), O Processo (Kafka), O Estrangeiro (Camus), O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde), O Grande Gatsby (Scott Fitzgerald), O Americano Tranquilo (Graham Greene), Crime e Castigo (Dostoievsky), Herzog (Saul Bellow), Tempo para Amar e Tempo para Morrer (Eric Maria Remarque), Capitães da Areia (Jorge Amado). Dos mais recentes: 2666 (Roberto Bolaño), Expiação (Ian McEwan), A Mancha Humana (Philip Roth).

 

9 - Que livro estás a ler?

Os Cães Ladram, uma recolha de entrevistas e crónicas de Truman Capote.

 

10 - Indica dez amigos para responder a este inquérito.

Ana Cristina Leonardo, Luis Novaes Tito, Jonasnuts, Cão Com Pulgas, J.M. Coutinho Ribeiro, Eduardo Saraiva, Daniela Major, Maria do Rosário Pedreira, João Severino, JCD.  

Dez perguntas, dez respostas

Pedro Correia, 28.06.11

Miss Pearls lança-me este desafio, a que respondo com gosto. Até porque detesto a pose snob e enjoada de alguns bloguistas que odeiam ser maçados com inquéritos deste género lá do alto das suas níveas torres de marfim.

Aqui vai:

 

1. Existe um livro que relerias várias vezes?
Há vários. O Aleph, de Borges. O Processo, de Kafka. O Estrangeiro, de Camus. Já reli estes e outros.

2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
O Livro Verde, do Kadhafi.

3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
Naturalmente, o Livro do Desassossego.

4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
By-Line, que reúne os textos jornalísticos de Hemingway.

5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?
Os Maias, quando Carlos e João da Ega concluem que "não vale a pena correr para nada". Tão português e tão actual que até dói.

6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Os Cinco, os Sete. O Tintim. Blake & Mortimer. Buddy Longway. Ivanhoe, do Walter Scott. As biografias de 'heróis nacionais' escritas por Adolfo Simões Müller. As histórias da Dona Redonda, de Virgínia de Castro Almeida (alguém ainda se lembrará dela?). Os Três Mosqueteiros, Robinson Crusoe. Depois passei a devorar policiais: até os do A. A. Fair marcharam. Sem esquecer os contos e as novelas do Jack London, a que regresso ainda hoje com o deslumbramento de sempre. E o Verne, claro: O Farol do Cabo do Mundo, A Mulher do Capitão Branican, O Náufrago do Cynthia. Só de escrever estes títulos sinto vontade de partir novamente de aventura em aventura. Da Viagem ao Centro da Terra às Vinte Mil Léguas Submarinas.

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
O Fim da História e o Último Homem, do Fukuyama: maçudo, inócuo, rebarbativo. A meio ficou A Caverna (Saramago). E não passei das primeiras doze páginas de Rumor Branco (Almeida Faria). Nem das primeiras quatro páginas de Quartos Imperiais, de Brest Easton Ellis.

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Debaixo do Vulcão (Malcolm Lowry) - o livro da minha vida. O Fim da Aventura (Graham Greene). O Zero e o Infinito (Arthur Koestler). Memórias de Adriano (Marguerite Yourcenar). Adeus às Armas (Ernest Hemingway). A Condição Humana (André Malraux). Moby Dick (Herman Melville). O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde). O Pavilhão dos Cancerosos (Alexandre Soljenitsine), 1984 (George Orwell). Os Nus e os Mortos (Norman Mailer). Até à Eternidade (James Jones). O Céu que nos Protege (Paul Bowles). Não Matem a Cotovia (Harper Lee). As Vinhas da Ira (John Steinbeck - para quando uma boa tradução em português desta obra-prima da literatura universal?)

9. Que livro estás a ler? 
Nestas férias em Cabanas leio um romance divertidíssimo: Viagens com a Minha Tia, de Greene. Um sobrinho chato e sedentário é arrastado para vários países pela tia, uma velha gaiteira em tudo o oposto dele. Um livrinho que comprei há semanas, por quatro euros, na fascinante Livraria Galileu, em Cascais - "um relicário de livros antigos", como bem lhe chama a Anamar.

10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.
Dez amigos blogosféricos: a Eugénia de Vasconcellos, o Samuel Filipe, a Helena Ferro de Gouveia, o Rui Bebiano, a Marta Costa Reis, o Luís Serpa, a Ivone Costa, o Rui Vasco Neto, a Marisa e o Pedro Jordão.

O seu blogue é viciante

Pedro Correia, 30.08.09

 

Ao contrário do que acontece noutros blogues, cheios de Gente Importantíssima que não passa cartão aos outros, aqui no DELITO DE OPINIÃO agradecemos as referências elogiosas que nos fazem e damos sequência às correntes que nos propõem. A mais recente é esta, destinada a distinguir as características "viciantes" do nosso blogue. Um prémio que nos foi dado por sete colegas da blogosfera que passo a enumerar:

 

As Minhas Leituras

Branco no Branco

Câmara dos Lordes

Direito de Opinião

Mátria Minha

O Bom Gigante

Palavrossavrvs Rex

 

Mandam as regras que, além do selo do prémio já posto ali em cima, enuncie também três objectivos a curto prazo. Aqui ficam:

1. Manter o blogue com estas características - aberto e plural;

2. Alargar o elenco de autores, sempre com a marca da qualidade;

3. Seguir em frente, sem prazo limite.

 

Falta passar a corrente a dez blogues que justificam o título de 'viciante', no bom sentido. São estes:

Deserto do Sara

Dias Assim

Esse Bandido

Estação Central

Grande Jóia

Lóbi do Chá

O Escafandro

O Homem do Leme

Página de Rosto

Ponteiros Parados

 

Saiu-nos prémio

Teresa Ribeiro, 30.06.09

 

Depois destes sete, agora mais quatro. A Textura do Texto, Grandejóia, o Pátio das Conversas e Ponteiros Parados distinguiram-nos com este prémio, que diz que foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que com isso enriquecem a blogosfera e a vida dos leitores. É pois ainda a pigarrear de orgulho que agradecemos a distinção.

Seguem sete blogs que, na nossa delituosa opinião, preenchem inteiramente estes requisitos:

 

Água Lisa

Blasfémias

Combustões

Mar Salgado

A Terceira Noite

Blogkiosk

Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos

 

(ainda tínhamos mais uns vinte para pôr, mas não deixam)

Um prémio que sabe a infinito

João Carvalho, 23.06.09

O DELITO DE OPINIÃO foi distinguido com o Prémio Biscoito Infinito, atribuído pelo Filipe Tourais, d' O país do Burro, o qual nos chegou na mesma corrente pela mão da Ana Paula Fitas, d' A Nossa Candeia, pela mão da Sofia Loureiro dos Santos, do Defender o Quadrado, pela mão da Adriana Freire Nogueira, d' A Senhora Sócrates, pela mão da Cristina Vieira, do Contra Capa, pela mão do Nuno Pereira, d' O Espaço da Inspiração, e pela mão do Rui Costa, do Costa Rochosa.

Encantados com o prolongado sabor, agradecemos a distinção ao Filipe, à Ana Paula, à Sofia, à Adriana, à Cristina, ao Nuno e ao Rui.

Cumpre-nos agora dar seguimento à receita que nunca mais acaba. Dirigimos o Prémio Biscoito Infinito a sete outros amigos. A saber:

A Senhora Sócrates;

Avatares de um Desejo;

Branco no Branco;

Corta-Fitas;

Ilustração Portuguesa;

O Cachimbo de Magritte;

Portugal dos Pequeninos.

Escolheríamos com gosto mais alguns que não dispensamos, mas é preciso seguir. Portanto, siga a corrente.

5.ª frase, pág. 161

João Carvalho, 15.03.09

Essa veio de carrinho, Leonor. Vou substituir a minha mesa de cabeceira por uma estante! Eis um dos que ando a ler, assim mais ao pé da mão (aviso já que a quinta frase da página 161 é um período do tamanho das frases do Rui Santos)...

 

Não errou o prognóstico, o apoquentado navegador, pois não tardou a soprar um vento de sueste com frequentes chuvaceiros e tão forte que dispersou os navios, não escapando sequer a nau capitânea, de modo que, na manhã seguinte, quando a armada se reuniu de novo, os pilotos aconselharam o capitão-mor a levantar âncora e fazer vela ao longo da costa, para norte, em busca de alguma baía abrigada para aí surgir e tomar água e lenha, o que logo foi feito por todos os navios, com os batéis e esquifes amarrados à popa, indo as caravelas adiante por serem mais veleiras e pequenas, portanto, mais próprias para velejar chegadas a terra.

(O Navegador da Passagem: A história

de um descobridor de mundos que o Mundo ignorou,

de Deana Barroqueiro.)

 

E vai já de patins para mais cinco, todos cá da casa (espero não estar a fazê-los repetir esta corrente): Ana Margarida Craveiro, André Couto, António Manuel Venda, J.M. Coutinho Ribeiro e Vieira do Mar.

5ª frase, página 161

Leonor Barros, 15.03.09

Dita a corrente gentilmente passada pela Ana  que se agarre no primeiro livro à mão, que se abra na página 161 e que se procure a quinta frase completa. Escusei, portanto, o livro que ando a ler, Life is Elsewhere do Kundera, até porque não estava à mão e agarrei um que será provavelmente o próximo a ser lido e que veio comigo de uma viagem de férias, Jonas, o Copromanta de Patrícia Melo. Reza assim a quinta frase:

 
Ela aprendera que certos "conteúdos metafísicos só poderiam se tornar atingíveis através de meios abstratos”, e que nossa ciência divinatória era um exemplo disso.
 
Passo a corrente ao João Carvalho, ilustre geminiano cá da casa, à Carlota, à Pitucha, à mdsol e ao Bandeira.
 

Página 161, 5º frase

Teresa Ribeiro, 12.03.09

A quinta linha do página 161 do livro que ando a ler reza assim: No porão do Sette Fratelli estava escuro como dentro de um forno. A frase é de J.M.G. Le Clézio, em  Estrela Errante, uma obra de 1992, reeditada entre nós o ano passado pela D. Quixote.

Em rigor acabei de o ler há questão de poucas horas. Por isso ainda estou a digeri-lo. Não chega às 300 páginas, mas pesa o triplo do seu volume. Tem a ver com o conteúdo: sobre o êxodo dos judeus rumo a Israel depois da Segunda Guerra Mundial e a subsequente guerra com os palestinianos. Não posso dizer que tive prazer nesta leitura, mas recomendo-a.

 

Passo agora o testemunho que recebi da Ana a mais cinco bloggers: Tiago Moreira Ramalho, Luís Novaes Tito, Luiz Carvalho, Mike e André Carvalho.

 

Seis características (mais coisa menos coisa)

José Gomes André, 08.03.09

Depois de passar mais de dois anos na blogosfera, alguém teve finalmente a simpatia de me lançar uma corrente blogosférica. Obrigado, pois, à Marta e à Teresa!

 

1. Sou um noctívago fervoroso. Salvo raras excepções, deito-me às 5 da manhã e acordo para almoçar. Não sou apreciador do sol nem da luz e por isso durante a tarde gosto de manter o meu escritório escuro. Ao contrário do que possa parecer, não me dedico ao vampirismo: simplesmente aprecio o silêncio da noite e a tranquilidade da sombra.

2. Cometo com frequência o pecado da gula, particularmente se envolver bolachas e biscoitos. Gosto de me ver como a concretização definitiva do “monstro das bolachas” dos Marretas. Sem surpresas, cheguei o mês passado aos 85 quilos.

3. Tenho 28 anos e estudo há 23. Ainda não fiz outra coisa, portanto. É algo de que me orgulho, embora saiba que este não é nem o caminho da felicidade rápida nem do dinheiro fácil. Creio aliás que, a continuar por esta via, estarei frequentemente angustiado e de bolsos vazios.

4. Gosto muito de história, de escritores antigos, de músicos mortos, de cinema mudo e de filósofos que usavam peruca.

5. Os meus três filmes preferidos são “Ivan, o Terrível”, “A Barreira Invisível” e “Million Dollar Baby”. O livro da minha vida é o “Doutor Fausto”. O destino de eleição: Londres.

6. Gosto de jogos de tabuleiro e ainda mais de jogos de cartas. Cultivo uma estranha paixão por estatísticas desportivas e por resultados eleitorais americanos. Mas até agora, nada, nem ninguém, me consegue prender a atenção como um jogo do Benfica.

Sobre mim

Jorge Assunção, 07.03.09

Desafiado pelo Pedro e a Teresa, ora aqui vão seis algumas particularidades minhas:

  • De todas as cidades que conheço, Nova Iorque é a que mais gosto e, blasfémia, não gostei de Paris. Lisboa não deixa de ser uma segunda casa a que retorno sempre com gosto e no Algarve sinto-me em casa em qualquer local.
  • Marco Pantani no ciclismo, Ayrton Senna no automobilismo e Pete Sampras no ténis foram as figuras que me fizeram apaixonar pelas modalidades em causa. Lance Armstrong, Michael Schumacher e Roger Federer foram desportistas que me conquistaram após resistência natural por estarem a ocupar um lugar que antes pertencia como que ao primeiro amor. No golfe estou em fase de namoro e a culpa é do Tiger Woods. De futebol gosto muito e cada vez mais à medida que a paixão pelo Benfica desvanece.
  • Se me obrigassem a optar por um dos escritores clássicos, seria uma decisão dificil entre Dostoiévski e Kafka, mas era por este último que muito provavelmente optava. Ao contrário de boa parte dos britânicos, eu efectivamente li o 1984 de George Orwell e esse é um dos livros da minha vida. Ficando pelos contemporâneos, Roth está no topo das minhas preferências.
  • Não gosto particularmente de música portuguesa, sou um fã confesso dos Beatles e há quem diga que o meu gosto pela música da Norah Jones é um tanto ou quanto exagerado (ao vivo, tive a felicidade de assistir ao Paul McCartney no Rock in Rio e à Norah Jones no Coliseu dos Recreios, ambos em 2004).
  • O primeiro filme que assisti no cinema foi O Parque Jurássico e o último foi o Watchmen. Tenho todos os filmes que vi, no cinema e fora dele, pontuados no IMDB, num total a rondar o milhar. De todos esses, as minhas pontuações que mais se distanciam da média dos restantes utilizadores do site foram para O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e As Virgens Suicidas. Um deles está sobrevalorizado, o outro subvalorizado - mais não digo.

Meia-dúzia de manias

Leonor Barros, 03.03.09

Primeiro a pedido da Marta, depois a pedido do Pedro , aqui ficam seis das minhas manias:

 
1. Tenho uma paixão inabalável por livros e por livrarias. Tenho livros por todo o lado e rodeio-me sempre deles. Sou incapaz de sair do país ou passar férias sem os levar ou comprar mais no destino, se não for excluída por uma língua que não domino.
 
2. Abomino trabalhos domésticos mas gosto muito de cozinhar e, se cozinhar, transgrido sempre nas receitas.
 
3. Odeio portadas fechadas durante o dia e falta de luz.
 
4. O meu olfacto é muito apurado. Sou capaz de detectar um aroma conhecido facilmente e de ficar perturbada com alguns.
 
5. Ao contrário do que é geralmente atribuído ao sexo feminino, tenho um bom sentido de orientação e nunca tenho medo de me perder.
 
6. Quando estou fora não tenho saudades do país nem da comida nem das pessoas, só de algumas muito especiais que não chegam a ocupar os dedos de uma mão, e jamais sou acometida pela nostalgia do bitoque.
 
E para que a corrente não pare passo-a à Ana das Palavras dos Outros, ao André Carvalho do Geração Rasca, à Teresa C. do Sem Pénis nem Inveja, à Dobra do Grito, à Isabela d’ O Mundo Perfeito e à Ana Cristina Leonardo da Meditação na Pastelaria.
 
 

Um passeio na avenida

Teresa Ribeiro, 21.02.09

Não há nada como ganhar uma certa rodagem nestas coisas. Responder ao repto da Marta já foi, para mim, um autêntico passeio na avenida (onde é que eu já ouvi isto?)

 

- Tenho uma relação algo paradoxal com a minha tribo (as mulheres). Às vezes alterno "misoginia" e feminismo com uma ligeireza que até a mim me surpreende

- O meu sonho para a velhice era passá-la numa quinta entre animais e couves

- Entre os 13 e os 15 anos fui maoísta. Cheguei a vender o Luta Popular (jornal do MRPP). A minha carreira como ardina acabou quando percebi que a sociedade sem classes era uma cenoura. O que fazia de mim uma burra

- O objecto que mais adoro é uma Nikon FM que me acompanha há muito tempo

- Demorei anos até consentir ser domesticada por um telemóvel, objecto de controlo remoto cujo fascínio tenho dificuldade em entender

- O conceito de darwinismo social enfurece-me. E o de darwinismo amoroso (acabei agora de inventar)... também

 

Passo a corrente a Ana Margarida Craveiro, José Gomes André, André Couto, António Manuel Venda, Jorge AssunçãoVieira do Mar. Fica tudo em família. 

A corrente do ego

João Carvalho, 17.02.09

Desta feita, chegou-me do João Severino e lá terá de ser: seis particularidades que revejo todas as manhãs ao espelho.

 

1. Sou fã dos Açores.

2. Perco-me em dois tipos de comércio: antiguidades (só velharias e bric-a-brac já servem) e alfarrábios.

3. Nunca desisto de casar: vou sempre casando (com pessoas de sexo diferente).

4. Tenho pouca (ou nenhuma) paciência para interlocutores estúpidos.

5. Sou louco por carros clássicos e gostava de ser rico para comprovar o tamanho dessa loucura.

6. Cultivo uma dúvida: não sei se gosto mais de ler ou de escrever (além de viajar).

 

Foi mais fácil do que pensava (e consegui não dizer que sou um chato). Está na hora de passar a palavra (e a corrente)para: Cristina Ferreira de Almeida, Duarte CalvãoFrancisco Almeida LeiteJ.M. Coutinho Ribeiro, João Villalobos e Marta Caires.

Post amigo do ambiente*

Teresa Ribeiro, 17.02.09

A Cristina pediu-me elementos sobre um assunto acerca do qual me encontro bastante bem documentada mas que carece de matéria postável. Como a ela não consigo dizer que não, aqui vão, não obstante e com as minhas desculpas aos incautos leitores deste blog, seis particularidades relativas ao objecto em apreço:

 

1 - Nunca sei onde tenho a esquerda e a direita (mas nos tempos que correm não creio que isso dê muito nas vistas)

2 - Posto primeiro e emendo despois

3 - Leio sempre de lápis na mão, não devido a qualquer impulso censório, mas porque gosto de fazer sublinhados

4 - Nunca provo comida enquanto estou a cozinhá-la (não sei se o Freud explica isto)

5 - Drogo-me para viajar de avião, mas com drogas devidamente aprovadas pelo Infarmed

6 - Nunca pertenci a nenhum partido político, nem organização influente como a Opus Dei ou Maçonaria, o que só me tem trazido dissabores, como calculam

 

Passo agora esta corrente à Ana Vidal, Mike, Maria Inês Almeida, Carlota, João Severino e João Távora.

 

*para reciclar conteúdo basta seguir a corrente