Carlos Carreiras. Sai do congresso de Espinho com uma missão crucial: será o coordenador da campanha autárquica laranja, que decorrerá em 2017. É um desafio acrescido para o presidente da Câmara de Cascais num partido com forte implantação autárquica, mesmo após o desaire de 2013 face ao PS de Seguro. Vitórias em praças-fortes como Lisboa poderão prenunciar o regresso do PSD à liderança do poder central.
Francisca Almeida. É um dos raros rostos da renovação geracional nas estruturas dirigentes do partido. Ex-deputada, apoiante da candidatura de Paulo Rangel em 2010, esta advogada minhota de apenas 32 anos a quem alguns auguram voos mais altos nas fileiras sociais-democratas regressa agora como vogal da Comissão Política Nacional de Passos, eleita por 79,8% dos congressistas.
José Eduardo Martins. Pode suceder a Passos quando o actual ciclo no partido se esgotar. Enfrenta vários concorrentes - Moreira da Silva, Montenegro e Rangel, por exemplo - e por isso tem de marcar território desde já. Não por acaso, inicia esta semana uma participação regular como comentador da RTP3. Foi ao congresso e fez a única intervenção crítica digna desse nome, escutada com atenção. As grandes corridas começam com pequenos passos.
José Matos Correia. Deixa uma das vice-presidências da Comissão Política Nacional mas recebe em troca a presidência de um novo órgão do partido: o Conselho Estratégico, um órgão consultivo que funcionará junto do líder social-democrata e por onde passará a definição das principais linhas de orientação do PSD enquanto força de clara oposição ao Executivo de António Costa. Um justo prémio para um dos melhores parlamentares da bancada laranja.
Maria Luís Albuquerque. É talvez a mais "passista" dos membros da nova direcção política do partido. Iludiam-se os que davam como certo o seu afastamento na sequência das recentes revelações em redor do seu nome. Bem ao seu estilo, Passos elevou-a a uma das vice-presidências do partido - onde a partir de agora há quatro mulheres e apenas dois homens. As notícias do funeral político da ex-titular das Finanças eram manifestamente exageradas.
Nuno Morais Sarmento. É um eterno candidato a candidato e goza de um restrito mas fiel círculo de adeptos entre os jornalistas políticos. Vai produzindo provas de vida, em entrevistas aos meios de informação que lhe garantem presença periódica nas primeiras páginas. Mas primou pela ausência em Espinho, parecendo dar razão àqueles que o acusam de dissonância entre as palavras e os actos.
Paulo Rangel. Fez aquele que foi, de longe, o melhor discurso do congresso. Dando o tom para o que deve ser a marca dos sociais-democratas na oposição, lançou como bandeira do PSD o tema da mobilidade social como forma de reaproximar o partido das gerações mais jovens. E apelou ao fim da discriminação académica entre cidadãos nos documentos oficiais - começando pelo Diário da República - nesta nação de doutores e engenheiros.
Pedro Passos Coelho. A agremiação dos "analistas políticos" já profetizou mil vezes a sua derrocada. Sem perceber que ele é incapaz de agir em função de estados de alma: quem aguardar que deitará a toalha ao chão, cedendo o lugar a quem o PS mais deseje no PSD, pode esperar sentado. Sai de Espinho com a liderança incontestada. Mas perdeu uma oportunidade para renovar amplamente o partido: no congresso pouco mais houve do que um jogo de cadeiras.
Pedro Santana Lopes. Voltou com visível agrado aos tempos em que lhe cabiam as declarações mais sonantes dos conclaves laranjinhas. Menos cáustico do que outrora, na respeitável pele de provedor da Santa Casa da Misericórdia, não resistiu no entanto à tentação de lançar farpas a Pacheco Pereira e Rui Rio enquanto deixava em aberto o cenário do regresso à política activa. Se quiser candidatar-se a Lisboa em 2017 terá sem dificuldades o partido a seus pés.
Rui Rio. Procurou a quadratura do círculo: influenciar o congresso sem lá comparecer. Antes, com uma entrevista à TSF em que prenunciava uma espécie de bloco central, entre tímidas críticas a Passos. Depois, com um artigo - saído já hoje - no Jornal de Notícias em que se confessa "triste" por ter sido alvo de críticas em Espinho. Recusar falar no lugar próprio foi um erro. Mais um, somado aos que o fizeram ziguezaguear durante tempo de mais ao longo de todo o ano que passou.