PàFdeNovo
As reuniões entre os partidos no âmbito da coligação PàFdeNovo estão, ao que tem transpirado, a ser muito difíceis.
Como é natural, o rateio de pastas por cada um dos partidos está a ser renhido – faz parte. De líquido, está já garantida para o CDS, possivelmente, a dos Assuntos Sociais, mas tudo leva a crer que a outra igualmente desejada, a da Agricultura e Pescas, não lhe será atribuída. Disse um dos negociadores do PSD, num desabafo a que tivemos acesso: Irra, que têm mais olhos que barriga! De secretarias de Estado está assegurada a do Turismo, mas não a dos Assuntos Fiscais, cujo destinatário parece ser a IL. Este último partido, está igualmente assente, ficará com a da Economia ou a das Finanças, que aliás gostaria de fundir num único ministério. Pretensão (a da junção) que os negociadores do PSD rejeitaram por, segundo foi ouvido ao dr. Pancrácio Boavida, num coffee break no Forum Picoas, a poupança ser menosprezável e os inconvenientes muitos.
Passos Coelho tem-se mantido em silêncio. Interpelado à saída da apresentação por Rui Ramos do novo livro de Jaime Nogueira Pinto, As Direitas Revisitadas, no Auditório da FDUL, limitou-se a dizer, carrancudo, que tinha a maior confiança no dr. Luís Montenegro, que chefia a equipa do PSD, e que estava certo que um acordo seria alcançado muito em breve. Uma jornalista da CNN quis saber se as dificuldades que têm transpirado sobre as negociações com o Chega, que tem já asseguradas duas pastas (a da Justiça e a da Administração Interna) poderiam pôr em perigo a coligação. Passos respondeu, laconicamente: confio no patriotismo do dr. André Ventura.
É com o Chega, ao que se sabe, que tem havido maiores dificuldades, por este reclamar mais do que duas pastas ministeriais sob pretexto de ter abdicado das partes mais controversas do seu programa eleitoral, que estão para lá do que consideram linhas vermelhas os restantes partidos. Num desabafo, que não pudemos confirmar, o professor Desidério Chumbinho terá afirmado que com este regateio o PSD ainda acabará por ficar apenas com a secretaria de Estado da Modernização Administrativa.
Pedro Nuno Santos, num comício ontem em Salvaterra de Magos, manifestou a esperança de as negociações ainda se virem a gorar por o PSD, o CDS e a IL estarem dentro do arco democrático mas o Chega não. E disse mais: A PàFdeNovo tem características marcadamente fascistas e, no caso de uma vitória (que não é impossível porque até Hitler ganhou eleições), confrontamo-nos com um regresso ao 24 de Abril. A praça, pejada de bandeiras do PS, e com uma assistência estimada em mais de 500 simpatizantes, irrompeu em entusiásticos aplausos, aos gritos da palavra de ordem: Abaixo o fascismo e quem o apoiar.
No Bloco de Esquerda vivem-se momentos de angústia: Mariana Mortágua, surpreendida ontem a sair do bairro da Serafina onde tinha presidido a uma sessão de esclarecimento, afirmou que Portugal está em risco de regressar à ditadura da extrema-direita. E, porque corre pelas redes sociais um vídeo obtido por um drone de propriedade desconhecida que mostra a construção de túneis subterrâneos, como em Gaza, na quinta da Atalaia, Paulo Raimundo veio declarar à Lusa que se trata de propaganda da reacção ao serviço do imperialismo porque na realidade são trabalhos de preparação para uma cultura de kiwis. Admitiu porém que o PCP não exclui a possibilidade de passar à clandestinidade no caso de se confirmar que a hidra da reacção vai efectivamente levantar a sua hedionda cabeça.
As sondagens mais recentes (da Aximage, CESOP, Intercampus e Pitagórica) dão a PàFdeNovo a maioria absoluta de mandatos, com votações que oscilam entre os 47,5 e os 53%. Não obstante, num inquérito de rua conduzido pela Sic na baixa de Lisboa, e que por singular coincidência apenas entrevistou simpatizantes do PSD, todos, igualmente por acaso, confessaram que o partido os desiludiu, razão pela qual vão votar PS.