Professor Mamadu, Professor Suare, Professor Kara, Professor Salimo, Professor Biai, Professor Falo, Professor Keba, Professor Diakhaby, Professor Mestre Abibu, Professor Mestre Cote, Professor Mestre Soare, Mestre Kubakela, Mestre Cissé, Mestre Adama, Mestre Kuba, Mestre Alanso Dado, Mestre Djana, Mestre Dabo Vicente, Mestre Lassana Cissé, Mestre Fati, Mestre Abdurádri, Mestre Ture, Mestre Cassama, Mestre Bá, Mestre Sire, Mestre Lamine, Mestre Kadjali, Grande Mestre Juwara, Mestre Vidente Lcomane, Mestre Vidente Omar…
Basta abrir algumas páginas de alguns jornais e lá estão eles. E à saída do comboio ou do metro, impressos em cartões, mais ou menos rígidos, que os próprios ou outros entregam em mão. Os seus nomes lembram, quase sempre, as origens africanas que alguns fazem questão de explicar dando a conhecer os ascendentes familiares ligados a poderes de magias negras e brancas. Em muitos casos é referido o dom hereditário. São sempre homens.
Os serviços oferecidos, com algumas variações, são do domínio do oculto. E os problemas em que se assumem como especialistas vão dos mais prosaicos aos que tocam a complexidade mais absoluta. O amor, a saúde, a falta de dinheiro, os negócios, insucessos escolares, depressão, sorte ao jogo, harmonia matrimonial e a clássica impotência sexual estão entre eles. Mas há quem tenha influência no emagrecimento, na dificuldade em engravidar, nos problemas com a justiça, nos vícios do álcool ou da droga, nas casas assombradas. Chega-se a especificar certas doenças como a incontinência urinária, a diabetes ou a hepatite B. E há os que arranjam e mantêm emprego. E ainda os que garantem bons resultados no futebol.
Promete-se a resolução dos casos mais difíceis e desesperados. Sempre com sigilo absoluto. Muitos referem a rapidez, honestidade e eficácia como princípios a seguir sempre. O trabalho à distância, por carta ou pelo telefone, são também uma constante. E o pagamento é sempre feito depois do resultado.
Este é um fenómeno que me fascina. Nos meios rurais os “bruxos” sempre estiveram presentes. Em meio urbano, como é o caso destes de que falei (todos com morada em Lisboa), multiplica-se a oferta a cada dia que passa. Sinal de que a procura aumenta? É comum, de facto, tal acontecer em situações de crise e perante a falta de perspectivas de melhoria. Acreditar que é possível mudar a vida pagando a alguém para, de uma forma sobrenatural, intervir sobre o que nos preocupa pode parecer estranho a muitos. Mas, acreditem, fazem-no os mais insuspeitos.