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Delito de Opinião

Subsídios para a extensão do conceito de grafitologia-Anexo único

Ivone Mendes da Silva, 28.09.11

Ontem, os nossos luíses, eheh, pareço uma aristocrata francesa antes de revolução, dizia eu que os nossos luíses se digladiaram aqui sobre os grafitis com ilustrados argumentos. Lamentámos todos que o certame tivesse sido interrompido pelo jantar de um e pelas aulas de outro. Hoje, porém, voltei a lembrar-me do assunto: ao passar rapidamente os olhos pelos títulos da imprensa  online, leio que Durão Barroso afirmou que se devia dizer: "Amo-te, Europa." Eu achei muita piada a este arroubo de matriz mitológica. Após tal enunciação, só falta, num gesto de apaixonado de primeira viagem, ir pichá-la numa fachada. Pública, talvez, não sei.

A menina almoça?

Ivone Mendes da Silva, 30.08.11

A nossa relação com os álvaros e os doutores cria as mais curiosas situações. Lembro-me de um professor universitário brasileiro que, quando esteve em Portugal a leccionar um seminário, me disse: "Sabe, eu cheguei procurando não enrolar o meu pé no tapete das etiquetas."

Eu, quando estou em aula, prendo-me a essas minudências. Afinal, o pessoal está ali para aprender e a pragmática linguística também faz parte do conjunto. Fora isso, acho que a vida não está para pormenores. Confesso, todavia, que o "você" vindo de uma criaturinha muito nova me arranha sempre.

Uma vez almocei em Serralves e, a certa altura, o empregado, um efebo imberbe, perguntou: "A menina já escolheu?". Olha-me este, pensei eu. Descobri, logo de seguida, que aquele "a menina" atravessa todo o comércio portuense e é uma delícia.

Ora bem e vamos lá a ver se acabo esta conversa: aquele post que o Rui fez ontem comoveu-me muito. De modo que  achei estar a precisar de coentros para resolver um assunto e passei pelo mercado. Diz-me a rapariga que os vendia:

- Então e esta mocinha? O que é que deseja?

- Já fui, já fui - respondi eu e tivemos uma conversa engraçada.

No caminho para casa, recordei uma história antiga. Um colega meu, quando ia para o liceu onde dava aulas, costumava parar no mesmo engraxador. Passava os olhos pelo jornal, enquanto os sapatos recebiam polimento e, no fim, ouvia sempre:

 - Então obrigado, senhor engenheiro.

Em resposta, repetia o pedido de  que não o tratasse por engenheiro, uma vez que o não era. Certo dia, o homem impacientou-se:

 - Então como é que o hei-de tratar?

Lá foi dizendo que, sendo licenciado em História e professor num dos liceus da cidade, existiam várias possibilidades de tratamento, era só escolher. O engraxador ouviu com atenção. No dia seguinte, quando acabou o trabalho, tornou:

- Então obrigado, senhor engenheiro.

- Homem! Já lhe disse que não me trate por engenheiro porque eu não sou engenheiro.

- Olhe: não é, mas pode vir a ser.

 

Eu é que já não posso vir a ser uma mocinha, por isso vou almoçar. E sabe a coentros. 

Ooops... Olá.

José António Abreu, 16.05.11

Tenho de ser sincero: quando recebi a mensagem do Pedro Correia, hesitei. Fazer parte da equipa do 'Delito de Opinião'? Eu, que comecei um blogue há dois anos mais como forma de organizar ideias sobre paixões (n) e ódios (n+1) do que de participar nas grandes questões nacionais – a terminologia usada por Eduardo Catroga; as perguntas «giras» das entrevistas de Judite de Sousa; a capacidade de Sócrates centrar o debate nas políticas alheias mesmo depois de andar seis anos a aplicar as dele, com os magníficos resultados para os portugueses em geral e para os accionistas da Mota-Engil em particular que se conhecem? (As minhas desculpas por ter permitido que, no último dos três pontos, o meu cérebro deslizasse para um assunto quase irrelevante mas é melhor admitir já que isso sucede amiúde, como facilmente comprovará quem se der ao trabalho de ler os posts que aqui hei-de colocar – e, porque estamos em tempo delas, isto é uma promessa.) Mas depois pensei: «Bah» (também penso «bah» com frequência), «ele está a ser simpático mas inconsciente. Aposto que nem falou com os outros colaboradores do 'Delito'. Logo que fale, eles vão dizer-lhe para ter juízo. Vão explicar-lhe que nunca um gajo com um blogue em tons de azul e laranja» (eventuais associações partidárias tão subliminares que só agora percebi poderem existir) «estará à altura do 'Delito'.» E, com um sorrisinho sardónico, respondi-lhe que sim, que estava disponível. Vinte e sete horas depois (mas o que é isto, um país evoluído?) chegou a mensagem de que a minha entrada era oficial. Consultei o calendário para comprovar que não estávamos no primeiro de Abril, belisquei-me duas vezes (a segunda apenas por prazer) e depois fiquei imóvel a olhar para o ecrã do computador durante vários minutos. Assustado, confesso. Por mim e, mais ainda, por eles. Decididamente, esta gente é menos sensata do que eu pensava. E – o que não julgava possível – eu também. Afinal, parece que aceitei aderir a um clube que me aceita como membro.

 

Mas talvez tudo acabe por correr bem.

 

(Obrigado pelo convite, meninas e meninos.)

Esta coisa dos blogues

Ana Lima, 16.05.11

Foi no final de Maio de 2009 que entrei  neste universo dos blogues.  Fi-lo com um misto de curiosidade em relação a um mundo que tinha acabado de conhecer e  de vontade de registar algumas das ideias que, de vez em quando, me passam pela cabeça. Não é um diário que esses são feitos para guardar em gavetas e serem lidos apenas quando o seu autor deixa de transportar consigo a chave . A consciência de que o que escrevemos poderá ser lido por pessoas com quem nunca nos cruzámos faz aumentar a nossa ansiedade mas também o nosso prazer.  Passado este tempo os dias, os meus e os de todos nós, continuam imperfeitos. Faz, por isso, sentido, pelo menos para mim, continuar o registo das coisas que vão fazendo parte desses dias.

Entretanto surge o convite para a participação no 2711. Um blogue colectivo tem, necessariamente,  regras um pouco diferentes. A principal será talvez o respeito pelas opiniões, mesmo divergentes, de todos os membros. E nesse sentido, a equipa simpática que ali encontrei desde sempre me fez sentir em casa.

E agora o Delito de Opinião. Também aqui, tantas, mas tantas vezes, aquilo que leio está longe do que penso sobre algumas questões (aliás um dos meus primeiros comentários, se não o primeiro - sobre o Herman José -, deu origem a uma troca de argumentos com o João Carvalho). Mas tal nunca me impediu de voltar sempre aqui e não me impediu de aceitar, neste momento, o convite para fazer parte deste grupo a cujos membros aproveito para agradecer o facto de me acolherem.

Print screen

Ana Vidal, 26.09.10

Este estranho aviso acaba de aparecer no écran do meu computador. Tendo em conta que o que o Firefox considera "constrangedor" é o facto de eu, supostamente, estar a tentar abrir um video chamado "Ana Malhoa Sexy", não só lhe dou toda a razão como lhe louvo os critérios estéticos. O estranho é que eu não estava a tentar abrir coisa nenhuma, mas nem fui averiguar, não vá o Firefox criticar-me outra vez e passar de "constrangedor" a "confrangedor"...