Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

Convém levar Putin a sério e ouvir Trump

Pedro Correia, 13.09.24

transferir.webp

COGUMELOS NUCLEARES NAS CIDADES DOS EUA

«Convém levar a sério, de uma vez por todas, Vladimir Putin. Convém ouvir o que diz o próprio Trump neste debate com Kamala Harris: estamos a enfrentar uma potência nuclear, uma superpotência, e estamos completamente tranquilos como se nada se passasse. O que diz Putin - e é capaz de ter muita razão - é que estas armas de longo alcance (que não têm tanto longo alcance quanto isso) dentro do território da Rússia faz[em] da NATO parte do conflito. Muda a natureza e muda a essência deste conflito.

Portanto, quem quiser entrar em guerra com a Rússia, faça o favor. O Reino Unido quer entrar em guerra com a Rússia? Tenha a bondade. Basta um míssil Sarmat para destruir o Reino Unido. Basta um!

A utilização destes mísseis pode ser interpretada pela Rússia como um primeiro passo para um ataque preventivo, a resposta é nuclear estratégica, aliás disse-o [o MNE russo] Lavrov, não é na Europa: é directamente para os Estados Unidos. E os Estados Unidos não estão minimamente interessados, em ter, a um mês das eleições, cogumelos nucleares nas suas cidades! Nem certamente o Reino Unido. Nem certamente a França, muito menos o Presidente Macron, que nem consegue nomear um primeiro-ministro.»

 

transferir.webp

A UCRÂNIA JÁ PERDEU E O OCIDENTE ESTÁ A PROVOCAR MOSCOVO

«O que é absolutamente ridiculo é pensarmos que se pode provocar sistematicamente uma potência nuclear, provocar a maior potência nuclear, que já fez o upgrade da sua capacidade bélica, ao contrário do Ocidente... 

A questão é sabermos se é apenas a Ucrânia que vai sair derrotada desta guerra ou se sai a NATO toda! E os Estados Unidos têm a percepção disso.

Esta operação [em Kursk] foi o maior erro estratégico operacional que a Ucrânia, assessorada pelo Ocidente, pôde fazer. Os resultados estão à vista em Kursk. E no Donbass a situação é catastrófica para as forças ucranianas. Neste momento a Ucrânia está numa situação de emergência. O risco neste momento não é se a Ucrânia vai perder - é quando a Ucrânia vai perder, como vai perder e onde é que param os russos. Esta é que é a realidade dos factos.»

 

Major-general Agostinho Costa, ontem à noite, na CNN Portugal. O mesmo que em 25 de Fevereiro de 2022 proclamava na pantalha: «Os russos já estão em Kiev!»

O infatigável major-general putinista

Agostinho Costa anda há dois anos e meio a profetizar a derrota da Ucrânia

Pedro Correia, 22.08.24

Da rádio pirata ao palco global

Nuno Santos

Pedro Correia, 02.12.21

transferir.jpg

 

Nuno Santos não deve ser supersticioso. Se o fosse, talvez sugerisse outro dia para o lançamento da CNN Portugal. 22 de Novembro é uma data traumática para milhões de norte-americanos: recorda-lhes a fatídica manhã em que o Presidente John Kennedy foi assassinado em Dallas, fez agora 58 anos. Nessa altura ainda o jornalista iniciado numa rádio pirata na Amadora não tinha nascido. Mas chegou à profissão a tempo de testemunhar as maiores mudanças desde sempre registadas num meio que transitou do analógico para o digital. Da monopolista RTP a preto e branco a que ele assistia em miúdo à informação instantânea que hoje recebemos nos telefones de bolso, a revolução tecnológica alterou a face do planeta. O canal de notícias fundado em 1980 pelo magnata Ted Turner – a Cable News Network, com sede em Atlanta, Geórgia – foi um primeiro passo nessa direcção com a sua aposta deliberada nas transmissões em directo. Encarando o mundo como palco global.

Director da CNN Portugal, nascida nesta segunda-feira, Nuno Santos inaugura aos 53 anos outra etapa numa vida profissional em que subiu a pulso desde aqueles dias remotos na Rádio Regional da Amadora. Seguiram-se a Rádio Mais, a Comercial, a TSF – e depois a televisão, onde seguiu o mesmo percurso ascendente. Dirigiu a programação dos três canais generalistas e comandou a informação da RTP. Em 2001 foi ele a conduzir o parto da SIC Notícias, contrariando as vozes agoirentas que sempre se escutam nestas ocasiões, incluindo a de muitos jornalistas, avessos à mudança. Teve sucesso, como sabemos: a marca impôs-se. E não hesitou em assumir rupturas sempre que entendeu ser necessário.

Andou por fora durante seis anos, trabalhando em projectos ligados à comunicação na área digital em países tão diversos como a África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Espanha. Regressou em 2019 para lançar outro projecto de raiz: o canal 11, da Federação Portuguesa de Futebol – hoje uma referência no panorama desportivo nacional. Não tardou a receber uma proposta irrecusável da TVI, onde foi director de entretenimento e director-geral. Mantém-se no grupo Media Capital, agora com o maior desafio da sua carreira, nesta parceria entre o canal informativo com sede em Queluz e o grupo americano Turner Broadcasting.

A CNN Portugal é parcela mínima num império que alcança 425 milhões de lares em todos os continentes. Isto não diminui a motivação de Nuno Santos, que continua a entrar em campo com a mesma determinação do futebolista homónimo que integra o plantel do Sporting. A coincidência onomástica deve fazer sorrir o Nuno televisivo, sportinguista do coração.

Na noite da inauguração deste canal que passou a dirigir, pronunciou frases simples e claras: «Queremos elevar o patamar do jornalismo que se faz em Portugal. Acreditamos que é possível.» Palavras ambiciosas, num tom que raras vezes se escuta neste país de queixumes e lamúrias. E que de algum modo o definem: ele faz questão de remar contra a corrente.

 

Texto publicado no semanário Novo