Pelo menos os efeitos especiais serão bons
Se há um realizador de cinema a quem costumo dar porrada verbal regularmente, esse realizador é Roland Emmerich. É claro que gostei de Independence Day quando o vi na minha já distante pré-adolescência, mas daí para a frente pareceu-me que o homem andava a repetir a mesma história em todos os filmes que se seguiram, com o único propósito de estoirar o orçamento em efeitos especiais para mostrar as grandes cidades do planeta - sobretudo as norte-americanas - a serem destruídas. Basta conferir: em Independence Day (1996), uma civilização extra-terrestre hostil chega à Terra e destrói metodicamente as principais metrópoles humanas, com destaque (naturalmente) para as americanas; em Godzilla (1998), uma iguana mutante gigantesca anda a espezinhar tudo o que pode em Nova Iorque; em The Day After Tomorrow (2004), uma catástrofe climática congela, se bem me lembro, o Hemisfério Norte; e em 2012 (2009), bom, não sei ao certo porque não vi o filme, mas considerando a inspiração e os teasers, deve ter sido para aí tudo isto misturado. Enfim, há aqui um padrão claro.
No entanto, há dias vi, no programa de cinema da RTP2, Emmerich a ser entrevistado pelo nosso Mário Augusto, e fiquei surpreendido com duas coisas: a primeira, com o seu sentido de humor, capaz de gozar com a sua própria filmografia; a segunda, com o seu filme mais recente, Anonymous, sobre a possibilidade de Shakespeare ter tido um ghost writer - e não, a Londres shakespereana não é invadida por extraterrestres ou devastada pelas profecias do Al Gore. Não sei se o filme é bom ou mau, (o trailer está interessante, e a fotografia parece ser muito boa) mas também fiquei a saber entretanto - a curiosidade deu origem a uma rápida pesquisa - que o senhor tem também no seu currículo The Patriot (2000), com Mel Gibson, que não sendo uma obra-prima não é de todo um mau filme, e Stargate (1994), um filme muito interessante que acabou por dar origem a uma das melhores séries televisivas de ficção científica da minha geração (Stargate). Já é qualquer coisa.