Cenas favoritas de filmes (17)
"As vidas dos outros" no original "Das Leben der Anderen" de Florian Henckel von Donnersmark de 2006. Galardoado com o Oscar para o Melhor Filme Estrangeiro.
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"As vidas dos outros" no original "Das Leben der Anderen" de Florian Henckel von Donnersmark de 2006. Galardoado com o Oscar para o Melhor Filme Estrangeiro.
Em 1995 Bryan Singer assina o filme Os suspeitos do costume que revela um actor fabuloso, Kevin Spacey, no papel de Roger "Verbal" Klint, justamente galardoado com o Óscar de Melhor Actor Secundário por esta interpretação. Nesta cena violentíssima, surge-nos um dos mais brutais criminosos da história do cinema, Keyser Söze, que no entanto se esconde debaixo da aparência mais frágil. Como se diz no filme, a maior partida que o Diabo pregou ao mundo foi ter-nos convencido de que não existia.
Em 1991 Lars von Trier estreia "Europa" e ascende ao galarim do cinema. Qualquer espectador prudente sabe que é atingido pelos filmes, dependendo do humor que tinha quando o viu, do estado de espírito que a vida lhe proprocionava naquele momento, do maior ou menor interesse da companhia ou, mesmo, da dureza da cadeira. A mim, "Europa" atravessou-me como um raio de luz negra, definitivamente esclarecedor. Muitas são as vezes que o recordo, a sussurrar-me ao ouvido explicações para o que ao meu redor vai acontecendo. Hoje, por exemplo, não consigo livrar-me da sequência inicial de "Europa", a repetir-se na minha memória.
Pelo menos desde que em 1588 ofereceram a El Greco uma parede da igreja de São Tomé de Toledo e ele a preencheu com o céu e a terra, ligados pela morte e o milagre, até aos murais de Diego Rivera, que os pintores, só os mais confiantes, ousam representar o universo inteiro de modo que possa caber num olhar. Isto dito sem ver, parece mentira ou insensata vaidade, mas ponham-se diante do que eles fizeram e digam que não sentem a arte de pôr o mundo na palma da mão.
No cinema não cabem tamanhas enormidades. Pela sua natureza o cinema está condicionado ao movimento, mesmo que se dedique a inventar as suas realidades. E porque no cinema movimento e realidade são a mesma coisa, ambos cosidos pela narrativa, a ele é impossível uma imagem total que nós possamos pôr em ação com o simples poder do nosso olhar.
A isto não se conformou o perverso Hitchcock. De tal modo que decidiu a propósito de um nada da intriga de "North By Northwest" (Intriga Internacional") passar do cosmos ao caos como se fosse um deus a reinventar o big bang primordial. O resultado foi talvez a mais lógica e delirante sequência de toda a arte do cinema.
PS - infelizmente não há como inserir este excerto de "North By Northwest" senão através do link: