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Delito de Opinião

Fazer filhos por dever é triste

Teresa Ribeiro, 22.01.15

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Não fosse o ditame "crescei e multiplicai-vos" e a sexualidade jamais seria tolerada pela moral cristã. Mas como para povoar a Terra é absolutamente necessário ceder aos prazeres da carne, não há outro remédio senão abençoar o acto, mediante certas condições, como se sabe. Uma é o casamento, outra é a cópula espiritualmente assistida, ou seja, estritamente orientada para a procriação.

Tudo o mais é luxúria, egoísmo, concubinato. Felizmente vivemos numa sociedade livre, em que até os católicos podem aligeirar estes preceitos e constituir família com muitos, poucos, ou filhos alguns. Não se livram, os casais menos férteis, é de levar com o epíteto de egoístas, só porquepreferem juntar dinheiro para comprar um jeep ou para ir de férias, do que para aumentar a prole.

Mas se vamos a falar de egoísmos também podemos considerar o dos casais que têm filhos por capricho, ou por uma questão de afirmação social, ou para preencher vazios existenciais. Esses egoísmos geram muitas famílias disfuncionais, por isso quando não se tem condições para assumir uma paternidade responsável por razões profissionais, psicológicas ou outras igualmente respeitáveis, mais vale comprar um jeep do que trazer ao mundo crianças infelizes.

Nos tempos que correm, parece-me muito mais adequado pregar o amor e disponibilidade que se deve aos filhos que se planeiam e não o dever de os ter, até porque ter filhos por dever é triste.

A paternidade responsável passa pela gestão controlada do número de crianças. Pode ter consequências graves para a demografia, só que esse não é um problema das populações, mas de quem as governa. Por isso a pressão deve ser feita sobre as políticas sociais e não sobre as pessoas. Ninguém faz filhos por causa da demografia. 

 

(foto de Dorothea Lange (Migrant Mother, de 1936)