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Delito de Opinião

A oposição

Pedro Correia, 07.12.18

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Reparem em quem causou maior mossa a António Costa no último mês. Terá sido alguém da oposição? Nem por sombras. Foi o líder parlamentar do PS ao promover um levantamento de rancho da sua bancada contra a ministra da Cultura, incondicional de Costa e protegida do primeiro-ministro. Carlos César não hesitou em partir praticamente ao meio o grupo parlamentar socialista para encostar às cordas a ministra a propósito da pseudo-superioridade civilizacional dos cidadãos urbanos que detestam touradas, forçando o Executivo a baixar para a taxa mínima do IVA os ingressos em espectáculos tauromáquicos.

Isto, repito, foi a maior contrariedade sofrida pelo chefe do Governo neste último mês, marcado pela discussão parlamentar do Orçamento para 2019. A oposição, encabeçada por Rui Rio, foi dócil e branda: aliás passou o tempo a lamber as feridas, pois afogou-se em trapalhadas devido ao escândalo dos deputados que marcaram presença nas sessões parlamentares mesmo quando estavam a centenas ou milhares de quilómetros de distância, só para empocharem a espórtula diária que a lei lhes confere.

Está nisto, a oposição: totalmente inane. Já repararam no sorriso de Costa, cada vez mais rasgado?

O panegírico de César a Santos

Pedro Correia, 19.08.16

Talvez enebriado pela atmosfera de unanimismo reinante no congresso do MPLA, onde - como é costume - não perpassa a mais leve brisa de contestação ao líder, que há 37 anos é também Presidente da República de Angola, Carlos César entusiasmou-se no discurso que ontem dirigiu à reunião magna do partido do poder em Luanda.

"Cumprimento, em meu nome pessoal e em nome do Partido Socialista, de forma especialmente fraterna, o presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, a figura referencial da história de Angola e da história da emancipação africana", declarou o presidente do PS e líder parlamentar da bancada socialista em São Bento, falando como convidado de honra no congresso.

 

Confesso ter muita curiosidade em saber como reagirá o Bloco de Esquerda a estas empolgadas declarações. Criticará a personalidade cimeira da hierarquia do partido do Governo que os bloquistas apoiam com tanta convicção ou fará de conta que nem a escutou?

Aposto desde já na segunda hipótese, escudada no princípio bíblico "a César o que é de César".

 

A concretizar-se tal cenário, não deixarei de o lamentar. Seria útil que Catarina Martins, a propósito deste panegírico feito por César a Santos, reeditasse as suas solenes proclamações contra o regime angolano. 

"Defendemos cada um dos presos políticos em Angola e lembramos que há presos políticos que não são luso-angolanos, são só angolanos, que estão a a ser torturados pela polícia" , afirmou a porta-voz do BE a 23 de Outubro de 2015. "Respeitarmos Angola, respeitarmos o povo angolano é olharmos de igual para igual e exigirmos que lá, como aqui, haja liberdade", disparou a dirigente bloquista a 27 de Outubro de 2015.

Presos políticos e falta de liberdade sob o mando de "uma figura referencial da história da emancipação africana"? Olhe que não, Catarina, olhe que não.