O caos
Não me lembro de gestão tão caótica no futebol português. E não me falem na pandemia. A pandemia não pode servir de desculpa para tudo.
Primeiro anunciaram que haveria público nos estádios, na última jornada da Liga 2020/2021. A ministra da Presidência fez o anúncio no final de um Conselho de Ministros, alegando que seria um "evento-teste".
Depois admitiram que talvez as duas últimas rondas tivessem público.
A seguir, vem-se a saber que os estádios continuarão interditos aos portugueses até ao último apito do último jogo deste campeonato. Descobriram à última hora que era necessário salvaguardar a equidade.
Anunciaram entretanto que a final da Champions voltaria a ser este ano em Portugal, no estádio do Dragão. Para júbilo do velho crocodilo, que logo lançou farpas a Lisboa. Como se Porto e Lisboa não fizessem parte do mesmo país.
Esta final da Liga dos Campeões terá público. Mas a final da Taça de Portugal será disputada com bancadas vazias, ao contrário do que chegou a admitir-se.
«A ideia de haver público na última jornada era uma ideia de só haver público do visitado, coisa que é manifestamente impossível haver no final da Taça, uma vez que o jogo vai realizar-se no estádio de Coimbra», disse o alegado e baralhado secretário de Estado do Desporto, voltando a confirmar a sua inutilidade no Governo. Enquanto justifica o privilégio concedido à final entre Chelsea e Manchester City por «circunstâncias muito distintas» que não especificou.
Duas realidades diferentes: uma para estrangeiros, outra para portugueses. Ambas em solo nacional, o que torna tudo mais revoltante.
Alguém entenderá seja o que for no meio deste caos?