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Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 06.02.24

«Há precisamente 500 anos, dia 23 de Janeiro de 1524, nasceu aquele que foi o maior poeta português. Esta data é hoje conhecida fruto de uma investigação académica, levada a cabo em Coimbra, e a partir de um soneto chegou-se à data concreta de nascimento do poeta.

No passado dia 23 de Janeiro tivemos apenas uns apontamentos da imprensa sobre esta efeméride e pouco mais. É lamentável que isto tenha acontecido, até porque o Estado não se terá esquecido da importância da data porque, em Maio de 2021, uma resolução do Conselho de Ministros determinou a realização das comemorações do quinto centenário do nascimento de Camões.»

João Gonçalves Pereira, no Jornal Económico

10 de Junho

Pedro Correia, 10.06.23

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Estátua de Vasco da Gama em Sines

 

Os Lusíadas, obra maior da nossa literatura, tem duas personagens principais: Vasco da Gama e o Velho do Restelo.

Lendo as alegadas redes sociais, por estes dias, diria que somos todos netos ou bisnetos do Velho do Restelo, não descendentes do heróico navegador que ligou Lisboa à Índia. Faz toda a diferença. 

Eis uma reflexão para este 10 de Junho.

A implacável purga de palavras

Pedro Correia, 03.03.23

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Fiquei a saber, lendo o excelente blogue de Maria do Rosário Pedreira, que alguma luminária com assento no Instituto Camões decidiu carimbar com o rótulo palavras mortas «todas aquelas que não tenham sido utilizadas nos últimos três anos»

Não imagino como os burocratas desse instituto irão averiguar tal coisa. Sei, isso sim, que o tal organismo existe para preservar e valorizar a língua portuguesa, não para emitir certidões de óbito às palavras do nosso idioma. Se tivesse competência para tal, aliás, o Instituto Camões começaria por decretar «mortas» centenas de palavras impressas na obra maior do poeta que lhe dá nome. Palavras como ditosa [pátria], ínclita [geração], infidas [gentes], benignidade [real], avena [agreste], valerosos [feitos], procelosa [tempestade], fermosas [Ninfas], terríbil [Albuquerque].

Nem é necessário recuar tanto no tempo. No próprio século XX, muitas páginas escritas por Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Tomaz de Figueiredo, Agustina Bessa-Luís e outros escritores estarão pejadas de «palavras mortas» à luz do tal critério daqueles anónimos burocratas.

 

«A redução de vocabulário nos últimos anos tem sido dramática. Não apenas do vocabulário culto que, não há muito tempo, faria parte do dia-a-dia numa família medianamente instruída. Mas daquele que transportava uma tradição ancestral», alertou-nos Mário de Carvalho no seu luminoso manual de escrita intitulado Quem Disser o Contrário é Porque Tem Razão

Maria do Rosário Pedreira dá exemplos de vocábulos que, segundo o mesmo padrão, já podem ser considerados letra morta: flausina, mastragança, bazulaque, amásia, lambisgóia. Aguarda-as o tal carimbo? Se isso acontecer, outros irão merecer extrema unção a um ritmo cada vez mais acelerado, como a escritora antecipa aqui. E não apenas palavras: também expressões idiomáticas.

De purga em purga, de depuração em depuração - até toda a riqueza semântica do nosso idioma, alicerçada num lastro de muitos séculos, se dissolver no básico linguajar de cafres que já polui o quotidiano, começando pelo das televisões e dos jornais. Que geram títulos como estes, encontrados na imprensa de hoje: «O dark side do Porto, anos 90»; «Sítio abre cowork em Aveiro»; «Como escapar ao burnout?»; «Traficantes go fast condenados por associação criminosa»; «58% dos trabalhadores remotos sentem-se engaged.». 

Parecemos condenados, em grau crescente, a balbuciar e rabiscar broken english: talvez isto mereça medalha do Instituto Camões.

 

P. S. - Sugiro aos leitores que escrevam aqui palavras raras, de que gostem, evitando assim que lhes seja emitida certidão de óbito.

Palavras dos leitores

Pedro Correia, 11.06.20

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Sobre a minha proposta aqui expressa ontem, de alteração da letra do Hino Nacional, substituindo os versos de Lopes de Mendonça por um poema de Camões, houve quem concordasse e discordasse.

Fica um resumo.

 

«Nos dias que correm, o que faria sentido seriam versos de Bocage.»

Sampy

«Não sei se há textos de Camões cujo ritmo e métrica acertem com o ritmo e métrica da música de Alfredo Keil. Os textos de Camões já musicados, de Os Lusíadas ou quaisquer outros, não tiveram muita sorte quanto a música...»

JAB

«Excelente sugestão. Tudo o que nos livrasse desta cópia bera da Marselhesa (a música também não é a ideal, mas a coisa de "marchar contra os canhões" é bem pior).»

JPT

«Seria também pertinente e justo conter passagens de Pessoa... e, premiando a justiça da coisa, de Saramago. Poderá alguém achar que estarei a desprestigiar o poeta [Camões], mas acho que estou a elevá-lo, colocando-o com uma importância semelhante àqueles dois personagens das artes e de valor incomensurável.»

El Profesor

«Assim em abstracto, sem uma proposta concreta de quais os versos a utilizar, e a que passo da música, o pensamento do Pedro Correia de nada vale. Mais valera não o exprimir.»

Luís Lavoura

Hino, Camões, 10 de Junho

Pedro Correia, 10.06.20

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Penso há muito que o Hino Nacional devia ter versos de Camões. Sendo o Dia de Portugal assinalado a 10 de Junho, em evocação da data da morte do nosso maior poeta, faz todo o sentido.

Não desfazendo, claro, no vate Lopes de Mendonça, autor da letra do presente hino. Mas entre Camões e Mendonça, prefiro o primeiro.

A música de Alfredo Keil, naturalmente, deve manter-se.

Portugal

Sérgio de Almeida Correia, 10.06.19

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(Getty Images)

"Porque na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão da liberdade.

Numa palavra, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico – que só nasce quando o interesse da comunidade prevalece sobre o dos grupos e das pessoas privadas. (...)

Portugal conhece uma democracia com um baixo grau de cidadania e liberdade" – José Gil, Portugal, Hoje – O Medo de Existir, Relógio D'Água, 2004, pp. 40-41 

 

Combatamos, pois, o medo. Sejamos cidadãos de corpo inteiro. Sejamos melhores portugueses. Onde quer que estejamos.

Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Pedro Correia, 10.06.17
 

Ao tomar posse como primeiro-ministro do XVIII Governo Constitucional, em Outubro de 2009, José Sócrates retomou uma antiga tradição da política portuguesa citando um verso de Camões que andava um pouco esquecido: «Esta é a ditosa pátria minha amada.»

Vem n’ Os Lusíadas, um clássico que ainda seduz políticos contemporâneos da mesma forma que seduziu o Rei D. Sebastião quando, segundo se julga, Luís de Camões lho leu pela primeira vez, no início da década de 1570, no paço real. «Esta é a ditosa pátria minha amada, / À qual se o Céu me dá que eu sem perigo / Torne com esta empresa já acabada, / Acabe-se esta luz ali comigo», escreveu Camões no canto III, 21ª oitava, d’ Os Lusíadas. É uma das mais belas quadras desta obra matricial da língua portuguesa cujo grau de popularidade se afere bem pela presença de muitos dos seus versos na nossa linguagem de todos os dias.

Com efeito, é vulgar aludirmos à «ocidental praia lusitana»(canto I-1), àqueles que foram «dilatando a fé e o império» (I-2), aos que «se vão da lei da Morte libertando» (I-2), ao «engenho e arte» (I-2) ou ao «peito ilustre lusitano» (I-3). São igualmente familiares, até a quem não leu uma só linha do vasto poema, versos como estes: «Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta!» (I-3); «Vós, poderoso Rei, cujo alto Império / O Sol, logo em nascendo, vê primeiro» (I-8); «(...) julgareis qual é mais excelente, / Se ser do mundo rei, se de tal gente” (I-10); "Duma austera, apagada e vil tristeza» (canto X-145).

 

Os Lusíadas é uma obra marcante também pelas figuras que cria ou recria.

As Tágides («E vós, ó Tágides minhas, pois criado / Tendes em mim um novo engenho ardente», I-4); Vasco da Gama, o «forte capitão» (I-44); a deusa Vénus, defensora dos portugueses, que «novos mundos ao mundo irão mostrando» (canto II-45), pois «se mais mundo houvera, lá chegara» (canto VII-79); Inês de Castro, aquela «que depois de ser morta foi rainha» (III-118); o Velho do Restelo com as suas imprecações («Ó glória de mandar! Ó vã cobiça / Dessa vaidade a que chamamos fama», canto IV-95); ou o sinistro Adamastor («Cheios de terra e crespos os cabelos, / A boca negra, os dentes amarelos», canto V-39).

Já para não falar das incursões autobiográficas do autor no seu poema, como aquela em que se retrata como alguém que tem «numa mão sempre a espada e noutra a pena» (VII-79).

Ou quando, projectado em interposto navegador no célebre episódio da Ilha dos Amores, nos ensina que «Melhor é experimentá-lo que julgá-lo / Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo»(canto IX-83).

 

Camões foi um mestre na arte do aforismo em forma de verso, como Os Lusíadas bem testemunham.

Eis alguns desses aforismos: "É fraqueza entre ovelhas ser leão” (I-68)«Sempre por via irá direita / Quem do oportuno tempo se aproveita»(I-76); «Quanto mais pode a fé que a força humana» (III-111); «Um baixo amor os fortes enfraquece» (III-139); «É grande dos amantes a cegueira» (V-54); «Contra o Céu não valem mãos» (V-58); «Quem não sabe a arte, não na estima» (V-97); «Fraqueza é dar ajuda ao mais potente» (IX-80).

Não admira que o nosso maior poeta continue a seduzir políticos: foi ele quem ensinou que «toda a terra é pátria para o forte» (canto VIII-63). Foi ele que tão bem soube cantar essa «ínclita geração» (IV-50) que se aventurou no ponto exacto «onde a terra se acaba e o mar começa» (VIII-78).

Foi no entanto também Camões quem ensinou – aludindo a D. Fernando I – que «um fraco rei faz fraca a forte gente» (III-138).

Este é um verso que não imaginamos em nenhum discurso de posse. O que não quer dizer que não seja igualmente digno de reflexão.

Texto reeditado

Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Pedro Correia, 10.06.14

Ao tomar posse como primeiro-ministro do XVIII Governo Constitucional, em Outubro de 2009, José Sócrates retomou uma antiga tradição da política portuguesa citando um verso de Camões que andava um pouco esquecido: “Esta é a ditosa pátria minha amada.” 

Vem n’ Os Lusíadas, um clássico que ainda seduz políticos contemporâneos da mesma forma que seduziu o Rei D. Sebastião quando, segundo se julga, Luís de Camões lho leu pela primeira vez, no início da década de 1570, no paço real. "Esta é a ditosa pátria minha amada, / À qual se o Céu me dá que eu sem perigo / Torne com esta empresa já acabada, / Acabe-se esta luz ali comigo”, escreveu Camões no canto III, 21ª oitava, d’ Os Lusíadas. É uma das mais belas quadras desta obra matricial da língua portuguesa cujo grau de popularidade se afere bem pela presença de muitos dos seus versos na nossa linguagem de todos os dias.

Com efeito, é vulgar aludirmos à "ocidental praia lusitana” (canto I-1), àqueles que foram "dilatando a fé e o império” (I-2), aos que "se vão da lei da Morte libertando” (I-2), ao "engenho e arte(I-2) ou ao "peito ilustre lusitano (I-3). São igualmente familiares, até a quem não leu uma só linha do vasto poema, versos como estes: "Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta!” (I-3); "Vós, poderoso Rei, cujo alto Império / O Sol, logo em nascendo, vê primeiro” (I-8); "(...) julgareis qual é mais excelente, / Se ser do mundo rei, se de tal gente” (I-10); "Duma austera, apagada e vil tristeza” (canto X-145).

 

Os Lusíadas é uma obra marcante também pelas figuras que cria ou recria.

As Tágides ("E vós, ó Tágides minhas, pois criado / Tendes em mim um novo engenho ardente”, I-4); Vasco da Gama, o "forte capitão” (I-44); a deusa Vénus, defensora dos portugueses, que "novos mundos ao mundo irão mostrando” (canto II-45), pois "se mais mundo houvera, lá chegara” (canto VII-79); Inês de Castro, aquela "que depois de ser morta foi rainha” (III-118); o Velho do Restelo com as suas imprecações ("Ó glória de mandar! Ó vã cobiça / Dessa vaidade a que chamamos fama”, canto IV-95); ou o sinistro Adamastor ("Cheios de terra e crespos os cabelos, / A boca negra, os dentes amarelos”, canto V-39).

Já para não falar das incursões autobiográficas do autor no seu poema, como aquela em que se retrata como alguém que tem "numa mão sempre a espada e noutra a pena” (VII-79).

Ou quando, projectado em interposto navegador no célebre episódio da Ilha dos Amores, nos ensina que "Melhor é experimentá-lo que julgá-lo / Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo” (canto IX-83).

 

Camões foi um mestre na arte do aforismo em forma de verso, como Os Lusíadas bem testemunham.

Eis alguns desses aforismos: "É fraqueza entre ovelhas ser leão” (I-68)"Sempre por via irá direita / Quem do oportuno tempo se aproveita” (I-76); "Quanto mais pode a fé que a força humana” (III-111); "Um baixo amor os fortes enfraquece” (III-139); "É grande dos amantes a cegueira” (V-54); "Contra o Céu não valem mãos” (V-58); "Quem não sabe a arte, não na estima” (V-97); "Fraqueza é dar ajuda ao mais potente” (IX-80).

Não admira que o nosso maior poeta continue a seduzir políticos: foi ele quem ensinou que "toda a terra é pátria para o forte” (canto VIII-63). Foi ele que tão bem soube cantar essa "ínclita geração” (IV-50) que se aventurou no ponto exacto "onde a terra se acaba e o mar começa” (VIII-78)".

Foi no entanto também Camões quem ensinou – aludindo a D. Fernando – que "um fraco rei faz fraca a forte gente” (III-138).

Este é um verso que não imaginamos em nenhum discurso de posse. O que não quer dizer que não seja igualmente digno de reflexão.

Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Pedro Correia, 03.11.09

 

Ao tomar posse como primeiro-ministro do XVIII Governo Constitucional, há oito dias, José Sócrates retomou uma antiga tradição da política portuguesa citando um verso de Camões que andava um pouco esquecido: “Esta é a ditosa pátria minha amada.”  Vem n’ Os Lusíadas, um clássico que ainda seduz políticos contemporâneos da mesma forma que seduziu o Rei D. Sebastião quando, segundo se julga, Luís de Camões lho leu pela primeira vez, no início da década de 1570, no paço real.

“Esta é a ditosa pátria minha amada, / À qual se o Céu me dá que eu sem perigo / Torne com esta empresa já acabada, / Acabe-se esta luz ali comigo”, escreveu Camões no canto III, 21.ª oitava, d’ Os Lusíadas. É uma das mais belas quadras desta obra matricial da língua portuguesa cujo grau de popularidade se afere bem pela presença de muitos dos seus versos na nossa linguagem de todos os dias.

Com efeito, é vulgar aludirmos à “ocidental praia lusitana” (canto I-1), àqueles que foram dilatando a fé e o império” (I-2), aos que “se vão da lei da Morte libertando” (I-2), ao “engenho e arte(I-2) ou ao “peito ilustre lusitano” (I-3). São igualmente familiares, até a quem não leu uma só linha do vasto poema, versos como estes: “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta!” (I-3); “Vós, poderoso Rei, cujo alto Império / O Sol, logo em nascendo, vê primeiro” (I-8); “(...) julgareis qual é mais excelente, / Se ser do mundo rei, se de tal gente” (I-10); “Duma austera, apagada e vil tristeza” (canto X-145).

 

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Os Lusíadas é uma obra marcante também pelas figuras que cria ou recria.

As Tágides (“E vós, ó Tágides minhas, pois criado / Tendes em mim um novo engenho ardente” (I-4); Vasco da Gama, o “forte capitão” (I-44); a deusa Vénus, defensora dos portugueses, que “novos mundos ao mundo irão mostrando” (canto II-45), pois “se mais mundo houvera, lá chegara” (canto VII-79); Inês de Castro, aquela “que depois de ser morta foi rainha” (III-118); o Velho do Restelo com as suas imprecações (“Ó glória de mandar! Ó vã cobiça / Dessa vaidade a que chamamos fama”, canto IV-95); ou o sinistro Adamastor (“Cheios de terra e crespos os cabelos, / A boca negra, os dentes amarelos”, canto V-39).

Já para não falar das incursões autobiográficas do autor no seu poema, como aquela em que se retrata como alguém que tem “numa mão sempre a espada e noutra a pena” (VII-79). Ou, projectado em interposto navegador no célebre episódio da Ilha dos Amores, nos ensina que “Melhor é experimentá-lo que julgá-lo / Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo” (canto IX-83).

  

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Camões foi um mestre na arte do aforismo em forma de verso, como Os Lusíadas bem testemunham.
Eis alguns: “É fraqueza entre ovelhas ser leão” (I-68);“Sempre por via irá direita / Quem do oportuno tempo se aproveita” (I-76);  “Quanto mais pode a fé que a força humana” (III-111); “Um baixo amor os fortes enfraquece” (III-139); “É grande dos amantes a cegueira” (V-54); “Contra o Céu não valem mãos” (V-58); “Quem não sabe a arte, não na estima” (V-97); “Fraqueza é dar ajuda ao mais potente” (IX-80).
Não admira que o nosso maior poeta continue a seduzir políticos: foi ele quem ensinou que “toda a terra é pátria para o forte” (canto VIII-63). Foi ele que tão bem soube cantar essa “ínclita geração” (IV-50) que se aventurou no ponto exacto “onde a terra se acaba e o mar começa” (VIII-78)".
Foi no entanto também Camões quem ensinou – aludindo a D. Fernando – que “um fraco rei faz fraca a forte gente” (III-138). Este é um verso que não imaginamos em nenhum discurso de posse. O que não quer dizer que não seja igualmente digno de reflexão.