Notre Dame recordada e reconstruída

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«O estado de emergência será substituído pelo estado de calamidade, que vigorará a partir das zero horas do próximo dia 1.º de Maio.»
António Costa, falando há pouco aos portugueses, no Centro Cultural de Belém
Ler também:
Da emergência à calamidade (parte 1)
Saímos do estado de emergência a partir desta sexta-feira, preparamo-nos para entrar no estado de calamidade.
Parece que vamos de mal a pior, mas afinal é ao contrário. As luminárias que baptizaram estas leis são umas grandessíssimas e alternadíssimas cavalgaduras.
Há uns anos, um amigo emprestou-me o DVD do filme Alien vs. Predator, uma combinação improvável entre os monstros icónicos do filme de Ridley Scott (e da sequela de James Cameron) com a criatura do filme de John McTiernan (com Arnold Schwarzenegger) que surgiu na banda desenhada no final dos anos 80 e que já nos anos 90 deu origem a um videojogo muito popular e muito divertido - essencialmente por poder dar-se ao luxo de abdicar de qualquer noção de narrativa para apostar na atmosfera e no combate. O filme não correu tão bem, como de resto não podia correr, e antes de chegar à meia hora já eu desligava o leitor de DVD entre bocejos - tenho um fraco por aqueles filmes tão impossivelmente maus que se tornam bons de uma maneira muito retorcida, mas Alien vs. Predator é apenas e só mau, sem qualquer hipótese de redenção.
É, portanto, um pouco como as primárias do PS, a decorrer hoje após não-sei-quantos dias de campanha, de debates televisivos (como se entre duas cabeças desprovidas de sinapes activas como as de Seguro e Costa pudesse haver qualquer coisa de remotamente interessante a debater) e de sabe-se lá mais o quê. Aliás, todo este processo - que acompanhei a uma distância algo forçada, mas nem por isso menos higiénica - traz-me à memória o péssimo filme de Paul W. S. Anderson. Não alguma cena em particular, entenda-se, mas sim a tagline promocional que se podia ler nos cartazes do filme, que ganha toda uma nova leitura perante a evidência de que, com toda a probabilidade, o próximo primeiro-ministro do país será Seguro ou Costa: "Whoever Wins, We Lose". Muito adequado, sem dúvida.