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Delito de Opinião

Poupar na beleza?

Cristina Torrão, 03.09.24

Amaciador Cabelo.jpg

Fonte da imagem

A Öko-test e a Stiftung Warentest são duas instituições alemãs independentes que fazem inúmeros testes aos mais variados produtos. Há décadas que sigo os resultados, nomeadamente, os dos produtos de beleza, pois servem-me de orientação para as compras. E permitem-me poupar muito dinheiro.

Recentemente, dei conta de resultados parciais da Öko-test em relação a amaciadores para cabelos pintados. Falo em resultados parciais, pois não cheguei às informações através da sua revista trimestral, nem assinando a sua página da internet, mas de outra plataforma online que revela apenas alguns. Na base deste artigo, está aliás a publicidade a certos produtos. Porém, os resultados, como é óbvio, não foram alterados.

O teste em questão abrangeu trinta amaciadores, com preços entre 0,43 € e 39.90 € (200 ml). E surpreendeu os próprios responsáveis pela Öko-test: metade dos produtos mereceu a nota “Muito Bom”, mais sete levaram “Bom”. Dos quinze com a nota máxima, o artigo online apresenta cinco, com preços a variar entre 1,39 € e 10,99 €.

Sim, leram bem: há um produto de excelente qualidade e onde não se detectaram substâncias tóxicas, ou outras prejudiciais à saúde, por apenas 1,39 €! Trata-se da “marca branca” de uma conhecida rede de drogarias.

Muitos dos produtos que uso são dessa marca. Na Alemanha, há cadeias de supermercados apenas de produtos de beleza, cosmética, higiene, limpeza, etc., em suma, aquilo que se costuma (ou costumava) encontrar em drogarias. Essas cadeias têm as suas “marcas brancas”, com duas grandes vantagens. Em primeiro lugar, costumam ser de boa qualidade, pois sabem perfeitamente que, tanto a Stiftung Warentest, como a Öko-test, andam atentas. E, como há muita concorrência, normalmente não arriscam lançar no mercado um produto susceptível de ter mau resultado. Em segundo lugar, “obrigam” ao baixar dos preços de muitas marcas conhecidas.

Na verdade, os produtos de beleza e higiene pessoal são, na Alemanha, muito mais baratos do que em Portugal. Alguns custam mesmo um terço do preço, ou menos, como os sabonetes líquidos (embalagem de 500 ml por 0,65 €), ou os produtos da Nivea. E relembro serem os ordenados alemães, na generalidade, dois a três vezes superiores aos portugueses. Ou seja, o poder de compra, neste aspecto, é quase incomparável.

Mas mesmo em Portugal ninguém tem de comprar produtos caros para tratar da sua pele, ou do seu corpo. Acompanhando estes testes há quase trinta anos e lendo artigos sobre o assunto, aprendi que, mais importante do que substâncias vendidas como milagrosas em produtos de preços proibitivos (sim, aquelas marcas, geralmente francesas, que todos conhecemos), é a regularidade com que tratamos da nossa pele. Importante é igualmente o produto não conter substâncias tóxicas e/ou consideradas cancerígenas, conservantes susceptíveis de causar alergias, ou mesmo hormonas (nos amaciadores de cabelo, por exemplo, há hormonas que melhoram a proteção da coloração; mas também em cremes se utilizam hormonas). Lembro-me bem de, há alguns anos, um teste ter chocado o país, ao detectar substâncias muito tóxicas num creme de cerca de 40 € da conhecida Vichy, colocando-o muito atrás de um outro, “marca branca” de um supermercado, que se podia adquirir por dois ou três euros! A Öko-test é a mais rigorosa das duas instituições, pois testa o potencial reciclável da embalagem, por exemplo, e valoriza produtos vegan.

Não excluo que cremes caros possam ter algumas vantagens. Mas, em relação a outros, bem mais baratos, elas são mínimas. Mais importante é, repito, a assiduidade com que cuidamos da pele, nunca facilitando, alegando não ter tempo ou vontade. E não esquecer a alimentação e hábitos que dão cabo dela, como fumar ou exagerar no consumo alcoólico.

Entre leite de limpeza, água de rosto, cremes de dia, de noite, de contorno de olhos, champô, gel de duche, etc., gasto produtos que vão dos singelos 0,79 € aos 6 €. Não detecto diferença nos resultados em relação a conhecidas da minha idade, mais aptas a abrir os cordões à bolsa.

Abril é o mês de Aprire, Aphrilis ou de Afrodite

Maria Dulce Fernandes, 01.04.24

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O mês de Abril é muito antigo. Antes de Janeiro e Fevereiro serem acrescentados ao final do ano pelo rei Numa Pompilius, por volta de 700 aC, Abril já era o segundo mês do ano civil romano (Março era o primeiro). Por volta de 450 aC, Abril foi reorganizado no quarto período e recebeu 29 dias. Com a introdução do calendário gregoriano pelo Papa Gregório XIII em 1582, um dia extra foi adicionado. Mas ter certeza sobre a origem de uma palavra que existe desde antes de 1150 não é assim tão simples. Existem algumas teorias comuns por trás da nomenclatura "April". Uma é que o nome tem origem no latim Aprilis, derivado da palavra latina aperire e que significa “abrir” - poderia ser uma referência à abertura ou desabrochar de flores e árvores, ocorrência comum durante todo o mês no Hemisfério Norte.

Outra teoria sustenta que, como os meses costumam receber nomes de deuses e deusas, e como Aphrilis é derivado do grego Afrodite, Αφροδίτη, é possível que o mês tenha recebido o nome da deusa grega do amor, a deusa a quem os romanos chamavam Vénus. 

As Idiossincrasias da Karlotta

Maria Dulce Fernandes, 10.02.24

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Acredito que a tempestade que nos assola e que desta vez tem nome de mulher é naturalmente aconchegante, encontrando-se apenas a cumprir a tarefa para a qual foi incumbida e que é a de aflar fortemente e despejar água às baldadas de modo a enxurrar as gentes.

Qualquer procela que seja bem formada e tenha sido educada com sabedoria conclui que, independentemente de ter sido o patrão a dar as ordens, a culpa irá recair sempre em quem as executou, porque existe o livre arbítrio e tal…

A Karlotta não gosta mesmo nada que se lhe rogue pragas. É uma tempestade competente que já tem assolado por outras paragens, e até tem feito menos estragos do que quem manda e desmanda (ou já nem manda) por estes lados. Com o multitasking que lhe assiste e que apenas o cérebro feminino consegue alcançar,  resolveu mostrar que está tudo mal a poente, mas que existe esperança a nascente, e que os pactos dos homens leva-os o vento, que agora terão de ir ao sabor da tempestade e terão de ter algum peso na bagagem para conseguirem o tal equilíbrio, tão necessário à preservação da honestidade e do respeito pelo país e pelo povo.

Se as palavras não forem ocas e se as promessas não forem vãs, não há pé de vento que as carregue. Na dúvida, perguntem à Karlotta. A Karlotta tem bom senso e consegue soprar as teias de aranha mais empedernidas e resistentes. A Karlotta ajuda.

Instantes em sépia com capa de muitas cores (11)

Maria Dulce Fernandes, 16.06.19

Ser belo

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A beleza não é essencial à vista, diz o escritor, mas também é certo que o povo é sábio quando afirma que os olhos também comem... aliás as primeiras impressões, nem sempre são as mais correctas , mas são as que se encontram em primeiro lugar no pódium das considerações que tecemos durante a fugaz lonjura dos dias da nossas vidas.
 
Os teóricos do caos falam do efeito borboleta como o princípio de um encandear de situações que poderá levar à aniquilação total e de como a  fragilidade de uma simples variável adaptada a sistemas dinâmicos e complexos pode influenciar as não-linearidades do conhecimento.
 
Falo do efeito borboleta como um instável mas constante procurar pela exaltação do sublime, numa transformação do grotesco no belo, na apoteose da leve magnificência de um ser efémero que só deixa a suave marca da sua infinita beleza,  num mimetismo polifórmico num mar flutuante de cor.
 
Qualquer um é a lagarta que tece o casulo e se resguarda , que espera pacientemente na crisálida que da pupa  aconteça o imago, que aguarda resignadamente a lenta metamorfose, para num apoteótico clímax de fascínio, mostrar ao mundo o  encanto e a majestade em todo o seu esplendor.
 
É com borboletas no estômago e alegria na alma que nos deslumbramos com a grandiosidade do frágil encanto. Prende-se-nos o olhar e a respiração, sentimo-nos sufocar e deixamo-nos ir,  desvanecendo com os sentidos, enquanto uma voz do fundo dos tempos nos ecoa e aturde, como um alfinete embebido em éter " Quid pro quo, Clarice, quid pro quo".
 
 ( Foto da internet)

Será que ela teria direito a ser uma das "belles toujours"?

Sérgio de Almeida Correia, 14.01.14

Tal como Truffaut, também eu nunca me cansarei de apreciar a beleza, a estética ou o encanto de uma mulher. Mas como não discuti isso previamente com o Pedro, não sei se Lady Victoria Hervey com esta indumentária teria direito às "primeiras páginas" dele. De qualquer modo, arrisco dizer que quer o meu amigo Pedro, quer as nossas co-autoras, quer os demais cavalheiros e os leitores deste blogue, concordarão comigo de que este vestido, independentemente de quem o use, é susceptível de provocar torcicolos e engarrafar o trânsito em qualquer cidade, vila ou aldeia.

Para quem quiser copiar o modelo, e, se não se importam, tiver corpo para isso, deixo aqui o link para as outras fotos.