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Delito de Opinião

Da União Nacional ao Partido Socialista

Legislativas 2024 (11)

Pedro Correia, 27.02.24

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A campanha eleitoral já está "na estrada", como se diz em jargão jornalístico - que abrange expressões papagueadas até à náusea, como "bala de prata" ou "elefante na sala". Logo transitam de liberdade poética para insuportável lugar-comum.

Fixo-me na caravana socialista. Teve como estrela principal, na primeira noite, o presidente da Câmara de Sintra. Como orador em Viseu. O que fará este autarca tão longe do seu habitual raio de acção? Terá ido explicar aos viseenses por que motivo o novo hospital de Sintra, por ele prometido nas eleições de 2016, ainda não foi inaugurado oito anos depois?

Nada disso. Basílio Horta subiu ao palco para arengar contra "a direita". Nem de outra forma poderia ser astro convidado na campanha do PS.

Fez «críticas a Montenegro» e garantiu que o «PSD está refém do Chega», como rezam os oráculos dos canais televisivos.

 

Vejo isto com ironia, não consigo evitar. Porque a minha memória de campanhas eleitorais é já longa. Este mesmo Basílio Horta, vindo dos "promissores quadros" do caetanismo, integrou a Comissão Central da União Nacional em 1969, iniciando-se na democracia como secretário-geral do CDS. E enfrentou nas presidenciais de 1991, com votos da ultra-direita, o fundador do PS. Esse mesmo, Mário Soares, que ele desancou num célebre debate televisivo a propósito de Macau.

As voltas que a vida dá para quem tem estômago de betão. Capaz de digerir seja o que for.

 

Não é Mário Soares quem o quer ser

jpt, 20.10.21

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Consta que o presidente da câmara de Sintra, o candidato do Partido Socialista Basílio Horta - e antigo presidente do AICEP durante o consulado de José Sócrates - está muito incomodado com um recente oponente eleitoral, Ricardo Baptista Leite, tendo-se agora recusado a cumprimentá-lo numa sessão pública, alegando algumas deselegâncias que aquele terá proferido a seu respeito durante a última campanha autárquica. 

(Basílio Horta vs Mário Soares, arquivo RTP, 4'46'') (Debate completo I, II)

A cena, até patusca, foi filmada e corre na imprensa. E tamanha reacção ofendida devida a ataques políticos logo me fez lembrar uma antiga campanha presidencial, ocorrida no milénio passado. Então o candidato presidencial do Centro Democrático Social, Basílio Horta de seu nome, disse do seu oponente e então presidente Mário Soares pior do que aquilo que os talibãs afegãos dizem das mulheres que estudam. A cena ofendeu Soares e terá originado um corte de relações, o qual - ao que lembro de ter lido na imprensa - veio a ser ultrapassado anos depois, através de benemérita intervenção conjugal.

Agora, 30 anos depois, e seja lá qual for a memória que se tenha daqueles algo desbragados tempos da integração europeia, do cavaquismo e administração soarista de Macau, ocorre-me um até nostálgico "não é Mário Soares quem o quer ser". Principalmente, muito principalmente, quem cruza a vida em tamanhas piruetas políticas.