Azeite muito gorduroso
Se eu fosse ministro das Finanças teria tido vergonha de receber uma carta de uma comissária europeia a recriminar-me em 2014, ter saído no final de 2015 sem nada ter feito para resolver a situação e ainda ser acusado por uma ex-ministra das Finanças do meu partido de varrer para debaixo do tapete e colocar o prestígio pessoal acima do interesse nacional. Se tivesse sido primeiro-ministro teria tido vergonha de dizer que me estava a lixar para as eleições e depois deixar um problema que eu sabia que tinha urgência em ser resolvido arrastar-se para não prejudicar o resultado eleitoral, sabendo que iria prejudicar o país e os contribuintes mais do que aquilo que seria exigível se o assunto ficasse para outros resolverem ao soar do gongo. Se fosse Presidente da República teria alertado para a situação descrita e não me teria empenhado numa solução de governo conivente com o arrastamento da situação. Se agora fosse oposição procuraria falar de tudo menos do que não fiz durante um anos e devia ter feito para não serem os socialistas a solucionarem e depois virem dizer que foram eles a resolver apesar dos custos financeiros acrescidos. E, finalmente, se agora fosse governo procuraria resolver tudo o que ficou pendente, sem fazer mais ondas, limpava o galheteiro para o azeite não continuar a escorrer e a sujar a toalha, com pouco falatório e evitando mais acusações, mas deixando tudo devidamente documentado e discriminado na factura que há-de ser remetida aos portugueses. De preferência num papel limpo e sem mais manchas de gordura.
Como não sou nada disso tenho que me limitar a ler e a tirar as minhas conclusões.