Balanço de Inverno (7)
7. O Partido Ecologista "Os Verdes" - creio que o substantivo partido também deveria estar entre aspas - é uma força política com assento parlamentar à qual o PCP, generosamente, oferece regularmente a possibilidade de participar em actos eleitorais. Por essa razão, e porque a sua própria criação e existência decorreu de uma encomenda a Zita Seabra, o partido tem vivido na bolsa marsupial que o PCP lhe disponibilizou e da qual nunca saiu, nem sequer para procurar aquilo que qualquer partido procura em democracia: votos. Tirando os rostos dos deputados que constituem o seu grupo parlamentar, as intervenções parlamentares daqueles e a estridência da deputada Heloísa Apolónia, desconhece-se se o partido existe, se tem militantes, em caso afirmativo quantos, e se concorrendo sozinho a um acto eleitoral seria capaz de obter um décimo dos votos do brincalhão de Rans. O PEV tem a grande vantagem de ser um partido que não desilude ninguém porque dele ninguém espera nada. Se aqui não estivesse também ninguém daria pela sua falta. Daí que, em relação ao PEV, fazer este balanço no Inverno, no Verão ou daqui a dois anos seja sempre indiferente. E o PEV só acaba por aqui estar para se sublinhar a necessidade de revisão da Lei dos Partidos Políticos. O objectivo não seria, evidentemente, a extinção do PEV, mas a introdução de regras mais apertadas e mais transparentes para o funcionamento e a subsistência dos partidos. O número mínimo de assinaturas para a sua inscrição até poderia ser reduzido para 200, 1000 ou 5000, à semelhança do que acontece noutros países europeus, mas os partidos deveriam regularmente fazer prova da sua existência e ser obrigados a manterem registos actualizados e transparentes junto do Tribunal Constitucional quanto ao número dos seus membros, admissões e abandonos, fosse por falecimento, expulsão ou deserção.