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Delito de Opinião

Quem os viu e quem os vê (2)

Pedro Correia, 19.10.16

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Em Agosto de 2011, com o País submetido ao resgate financeiro de emergência, sob a tutela simultânea de três organismos internacionais, a CGTP vinha para a rua, reivindicando a plenos pulmões o "aumento extraordinário de 25 euros para as pensões mínimas".

Cinco anos depois, saudando o Orçamento do Estado tripartido - com o carimbo simultâneo do PS, BE e PCP - a mesma CGTP deixou cair aquela reivindicação, aceitando pelo contrário que os beneficiários das pensões mínimas, que auferem entre 202,34 euros e 380,56 euros, sejam  expressamente marginalizados no Orçamento do Estado para 2017.

Arménio Carlos, que acumula a liderança da central sindical com um assento no Comité Central do PCP, acolhe o OE de polegar levantado para cima, com uma resignação inédita: "Roma e Pavia não se fizeram num dia." Aguardo que algum jornalista lhe pergunte pela antiga reivindicação do "aumento extraordinário das pensões mínimas", aparentemente tornada obsoleta com a mudança de governo. Seja qual for a resposta, sei de antemão que o polegar não se virará para baixo.

O sectário-geral

Pedro Correia, 25.04.16

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 Foto: Lisa Soares/Global Imagens

 

Por uma vez, a cortesia institucional cumpriu-se. O final do discurso de hoje do Presidente da República no Parlamento foi sublinhado com aplausos vindos de quase todo o hemiciclo. PSD, PS e CDS aplaudiram de pé, enquanto a generalidade dos deputados bloquistas e comunistas bateram palmas sentados nos respectivos lugares - incluindo Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. O mesmo sucedeu em relação aos convidados - com destaque para os capitães de Abril (Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho, Sousa e Castro e Martins Guerreiro, entre outros), o conselheiro de Estado Francisco Louçã e o eurodeputado Marinho e Pinto.

Todos? Todos não. Numa das galerias alguém decidiu permanecer sentado no final do discurso, enquanto todos se levantavam em seu redor. Alguém que permaneceu com cara de chumbo, sem o menor respeito pelo Presidente de todos os portugueses eleito ainda há bem pouco pela maioria dos eleitores que se deslocaram às urnas - incluindo largos milhares com as quotas sindicais em dia.

Refiro-me a Arménio Carlos. Secretário-geral da CGTP. Sectário-geral. Hoje mais que nunca.

E se pensassem?!

Helena Sacadura Cabral, 28.01.13
O Prof. Marcelo, todo expedito, censurou Arménio Carlos por uma infeliz afirmação que o mesmo havia feito quanto à cor da pele de um dos elementos da Troika, que considerou racista e que deveria obrigar o seu autor a um pedido de desculpas. Que não aconteceram, claro.
Mas, rápido no gatilho e perante as diferenças existentes entre António José Seguro e António Costa, o mesmo Marcelito responderia, por sua vez, lépido, que elas (as diferenças) eram "como televisão a preto e branco e televisão a cores"!
Nem comento, está de ver.

"Óh Arménio... Pede desculpa, porra!"

André Couto, 28.01.13

"Daqui a pouco vêm aí outra vez os três reis magos, um do FMI e dois brancos, o do Banco Central Europeu e o da Comissão Europeia, e já se fala em mais medidas de austeridade". O Arménio não foi racista, se calhar enganou-se a ler...
O Arménio foi infeliz, ponto. Fugiu-lhe o discurso para o preconceito e ninguém morre por isso, mas já morre pela reacção: dos Homens de causas e convicções, de voz grossa e atitude firme, espero a mesma frontalidade na assunção dos erros próprios que na crítica aos erros dos outros e, nesse aspecto, esteve bem pior do que nas polémicas palavras.

Como já li hoje: "Óh Arménio... Pede desculpa, porra!".