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Delito de Opinião

Quinze anos

Pedro Correia, 05.01.24

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O DELITO DE OPINIÃO festeja hoje o 15.º aniversário. Continuando a ser, como sucedeu logo a partir das primeiras semanas, um dos blogues com maior audiência em Portugal. E um dos mais comentados, mantendo a tradição que vem desde o início.

Os números dizem quase tudo: desde há um ano recebemos 379.540 visitas e registámos 973.493 visualizações (quase 70 mil por mês). Estes números contradizem os mabecos que se apressaram a decretar a morte da blogosfera.

Deixo aqui o vaticínio de que em 2024 - ano de grandes mudanças em perspectiva, a vários níveis - não só manteremos esta audiência como vamos ampliá-la.

Sem perder de vista os nossos objectivos, traçados no primeiro dia.

Parece que foi ontem e já passaram quinze anos.

DELITO: 14 anos de vida

Pedro Correia, 05.01.23

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O DELITO DE OPINIÃO festeja hoje o 14.º aniversário. Continuando a ser um dos blogues com maior audiência em Portugal, nomeadamente na plataforma SAPO, onde estamos alojados desde sempre.

O nosso gosto de comunicar mantém-se incólume. Os números dizem muito: no último ano recebemos 417.005 visitas e registámos 1.089.186 visualizações (quase 85 mil por mês). Estatísticas que contradizem as aves agoirentas que insistem em decretar a morte da blogosfera.

Creio falar em nome de todos os meus colegas ao fazer um balanço do tempo entretanto decorrido com esta frase singela e sincera: valeu a pena.

Sem nunca perdermos de vista os objectivos traçados no primeiro dia. Parece que foi ontem e já passaram 14 anos.

Treze anos e 43.620 postais depois

Pedro Correia, 05.01.22

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O DELITO DE OPINIÃO nasceu faz hoje 13 anos. Releio o primeiro postal aqui publicado, em jeito de estatuto editorial, e julgo não haver razão para mudar uma vírgula desse texto. Muito antes pelo contrário.

É o momento certo e o dia mais indicado para reproduzi-lo nas linhas que se seguem.

 

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DELITO DE OPINIÃO, como o nome indica, é um blogue apostado na reflexão e na análise dos mais diversos temas relacionados com a actualidade, sem receio de exprimir convicções claras e fortes nem de confrontar opiniões numa sociedade onde se regista um défice permanente de debate.

 

1. É um blogue não programático, o que não significa ausência de convicções. E é um blogue que considera o exercício da crítica um valor permanente numa sociedade democrática.

 

2. É um blogue que acompanha os assuntos políticos, numa perspectiva não doutrinária, mas que não esgota aqui os seus focos de interesse. As artes e as letras, a cultura em geral, e todos os aspectos relevantes da vida quotidiana merecerão a nossa atenção.

 

3. É um blogue aberto a comentários, que pretende acolher e estimular, na convicção de que a interactividade com os leitores é indissociável deste meio de comunicação. Mas sem confundir a livre troca de ideias com a tolerância perante insultos ou expressões difamatórias, que não terão aqui acolhimento.

 

4. É um blogue que acredita na diversidade de ideias, sem contemporizar com extremismos de qualquer espécie, e que congrega autores oriundos de diferentes formações académicas, múltiplas áreas profissionais e várias zonas do País.

 

5. É um blogue que considera a língua portuguesa um património a defender, preservar e valorizar. E que faz da boa utilização do nosso idioma uma das suas prioridades.

 

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Entramos agora no décimo quarto ano, com 470.759 visitas e 1.194.957 visualizações registadas ao longo de 2021. Fiéis aos valores enunciados no primeiro dia.

No dia de mais um aniversário

Paulo Sousa, 22.08.21

Escrevo da minha varanda. O sol incide no lado oposto da casa e isso deixa-me à sombra, a observar o verde vergado ao calor carrasco. As cigarras e os cucos gritam à desgarrada num babélico diálogo. A aragem vai e vem. Os choupos do vizinho no lado nascente aproveitam todos os sopros desta para se espreguiçar.

Há quem escreva por necessidade. Não é o meu caso. Escrevo apenas para desafiar o esquecimento que um dia nos irá vencer. A todos. As verdades universais nunca deixarão de o ser, mas as pequenas verdades, as nossas, essas têm os dias contados. Todas. Quantas já desapareceram e, por não terem sido escritas, é como se nunca tivessem existido?

Por já sabermos qual será o desfecho, desafiar o esquecimento será sempre uma batalha desigual, mas que ainda assim tem de ser travada, olhos nos olhos, sem ter para onde retirar nem nunca aceitar a rendição. Talvez viver seja apenas isso, combater o inevitável. Ou pelo menos combater o inevitável seja uma parte do que é viver.

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12 anos e 41.533 postais depois

Pedro Correia, 05.01.21

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O DELITO DE OPINIÃO nasceu faz hoje doze anos. Releio o primeiro postal aqui publicado a 5 de Janeiro de 2009, em jeito de estatuto editorial, e julgo não haver razão para mudar uma vírgula desse texto. Muito pelo contrário.

É dia mais indicado para o reproduzir nas linhas que se seguem, 41.533 postais e 364.263 comentários depois.

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DELITO DE OPINIÃO, como o nome indica, é um blogue apostado na reflexão e na análise dos mais diversos temas relacionados com a actualidade, sem receio de exprimir convicções claras e fortes nem de confrontar opiniões numa sociedade onde se regista um défice permanente de debate.

  1. É um blogue não programático, o que não significa ausência de convicções. E é um blogue que considera o exercício da crítica um valor permanente numa sociedade democrática.
  2. É um blogue que acompanha os assuntos políticos, numa perspectiva não doutrinária, mas que não esgota aqui os seus focos de interesse. As artes e as letras, a cultura em geral, e todos os aspectos relevantes da vida quotidiana merecerão a nossa atenção.
  3. É um blogue aberto a comentários, que pretende acolher e estimular, na convicção de que a interactividade com os leitores é indissociável deste meio de comunicação. Mas sem confundir a livre troca de ideias com a tolerância perante insultos ou expressões difamatórias, que não terão aqui acolhimento.
  4. É um blogue que acredita na diversidade de ideias, sem contemporizar com extremismos de qualquer espécie, e que congrega autores oriundos de diferentes formações académicas, múltiplas áreas profissionais e várias zonas do País.
  5. É um blogue que considera a língua portuguesa um património a defender, preservar e valorizar. E que faz da boa utilização do nosso idioma uma das suas prioridades.

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Entramos assim no décimo-terceiro ano, com mais de 550 mil visitas e acima de 1,3 milhões de visualizações anuais.

Fiéis aos valores enunciados no primeiro dia.

No 11º. aniversário do DELITO

Pedro Correia, 05.01.20

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O DELITO DE OPINIÃO nasceu faz hoje onze anos. Dos que estávamos cá no primeiro dia, conservamo-nos cinco: o Adolfo, a Ana Cláudia, a Leonor, a Teresa e eu. Muitos outros chegaram entretanto: uns estiveram de passagem, outros vieram para ficar. Cada caso é um caso, a assiduidade vai sendo exercida com a dinâmica própria dum blogue colectivo, que funciona em vários andamentos.

Para esta dinâmica, como tantas vezes tenho sublinhado, tornou-se fundamental a participação dos leitores. Com as suas generosas palavras de incentivo, as suas sugestões, as suas críticas, a sua episódica rabujice até. Não apenas os que nos comentam com mais frequência, designadamente muitos dos que destaquei aqui, mas também aqueles que só ocasionalmente nos visitam. A uns e outros, estamos gratos.

Hoje que o DELITO entra no 12.º ano de existência, lembrei-me de divulgar um decálogo de regras fundamentais para que um blogue não se limite a um murmúrio efémero e saiba enfrentar o exigente teste do tempo.

Talvez sejam úteis para quem só agora começa...

 

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ACTUALIDADE. É fundamental acompanhar de perto os acontecimentos.

ASSIDUIDADE. Manter a escrita a um ritmo regular, levando o leitor a visitas frequentes.

DIVERSIDADE. Combater com persistência o monolitismo de opiniões.

VARIEDADE. Contra a unicidade temática, revelando permanente capacidade de surpreender quem nos lê.

CREDIBILIDADE. As opiniões são livres, mas devem alicerçar-se no rigor dos factos.

COMBATIVIDADE. É muito importante ter opiniões fortes e pugnar por elas.

ORIGINALIDADE. Há que combater a tentação de repetir por sistema o que outros escrevem ou dizem.

INTERACTIVIDADE. Todos temos a ganhar se soubermos estimular reacções dos leitores, sem recear a controvérsia.

SENSIBILIDADE. Bom senso e bom gosto: princípios basilares em todas as ocasiões.

QUALIDADE. Ambicionar ser melhor: hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje.

E vão dez

Pedro Correia, 05.01.19

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Nada em concreto me revela tanto como é voraz a passagem do tempo como assinalar que se cumprem hoje dez anos da existência deste blogue. O DELITO DE OPINIÃO nasceu a 5 de Janeiro de 2009 com a intenção expressa de congregar no mesmo projecto algumas das melhores penas que abundavam na blogosfera generalista, então ainda em fase de expansão. Pelo menos à luz do meu critério de leitor.

A minha ideia - e não é por acaso que o blogue tem este nome, que logo me ocorreu - era reunir pessoas de proveniências diversas (até geográficas), idades diferentes, profissões variadas, com as mais díspares experiências de vida mas com dois traços em comum: o gosto pela escrita e a apetência pelo debate.

Reunida a equipa em poucas semanas, lançámos o projecto, que deixou de ser meu e se tornou numa plataforma de partilha de ideias e opiniões, aberta à participação dos leitores, atenta ao país e ao mundo. Uma plataforma administrada por todos, sem excepção, a partir de uma carta de princípios divulgada no primeiro dia e com uma regra dominante: aqui não há autores anónimos, cada um assume aquilo que escreve.

 

Os tempos mudaram, sucederam-se ciclos políticos, o País entrou em recessão e saiu dela, a blogosfera foi-se especializando em nichos temáticos, com vários dos seus protagonistas transitando para as colunas da imprensa ou instalando-se em palcos televisivos. Mas este blogue permaneceu, com a sua identidade própria, fiel às metas enunciadas no dia do lançamento. Da nossa parte esperam-se opiniões fortes, uma atmosfera plural, diversidade temática e a porta sempre aberta aos leitores. A tal ponto que alguns se tornaram também autores, passando a integrar a tribo delituosa.

Não foi apenas o mundo que mudou nos 3652 dias entretanto decorridos. Muitos de nós fomos mudando: aconteceram casamentos, separações, vieram filhos, as rotas profissionais foram-se alterando, não faltou quem experimentasse o desemprego. Estabeleceram-se novas relações, muitos projectos passaram do sonho à realidade. Houve tempo de luto, para chorar a morte de dois dos nossos - o João Carvalho e o Joaquim Coutinho Ribeiro.

O DELITO foi ficando. Já não apenas em formato digital, mas desde o ano passado também em livro que reúne textos de vários de nós. Uma antologia que só se tornou possível devido à entusiástica adesão dos nossos leitores, que a reservaram e pagaram por antecipação, numa prova de carinho que jamais esquecerei. Outra poderá vir a caminho, eventualmente com novos autores.

Há tanto por fazer, ideias não nos faltam.

 

De repente, passaram dez anos. O que fica do percurso iniciado em Janeiro de 2009? É ainda cedo para fazer um balanço, que em última análise, de resto, caberá a quem nos lê. Pela minha parte, já é gratificante ter alargado contactos e conhecimentos: hoje orgulho-me de que sejamos acima de tudo um grupo onde os laços de amizade perduram para além do ciclo efémero das estações. Como lembra o escritor espanhol Manuel Vicent, «a imortalidade é esse dom que os deuses depositam na memória dos amigos».

Frase magnífica, que nos pode servir de mote e lema.

Agustina

Pedro Correia, 15.10.18

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Agustina Bessa-Luís, romancista maior da língua portuguesa, nasceu faz hoje 96 anos. Será motivo para celebração na intimidade familiar a que se recolheu e é seguramente motivo para todos nós, seus leitores, lhe desejarmos votos de felicidade pessoal, certos como estamos de se tratar de alguém que ainda em vida já cruzou o portal da perenidade – algo que muitos ambicionam mas raros alcançam.

Nove anos depois: vir para ficar

Pedro Correia, 05.01.18

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Nascemos sob o signo do Capricórnio, como ficou sublinhado no momento inicial. Um signo do elemento Terra, com densidade e peso, apreciador da substância e da solidez.

Características que de algum modo conformaram este blogue desde o nascimento. Um blogue que veio para ficar e pegou de imediato: ainda a nossa primeira semana de vida não chegara ao fim e já tínhamos ultrapassado o milhar de leitores. Consulto as mais recentes estatísticas: nos quatro primeiros dias de 2018 superámos as 17 mil visualizações.

 

O que logo muitos prediziam naqueles dias pioneiros de Janeiro de 2009 estava certo: este não era um blogue como então havia tantos outros, de existência efémera e rasto irrelevante. Nem um blogue monolítico, com todos a remar para o mesmo lado.

Este pluralismo está aliás inscrito no nosso estatuto editorial: o DELITO DE OPINIÃO "acredita na diversidade de ideias, sem contemporizar com extremismos de qualquer espécie, e congrega autores oriundos de diferentes formações académicas, múltiplas áreas profissionais e várias zonas do País".

 

Sem delitos de opinião, portanto, este é um blogue onde mais de meia centena de autores já escreveram com regularidade. Um blogue onde quase três centenas de internautas de outros paradeiros vieram escrever, como convidados especiais. Hoje mesmo, com todo o gosto, recebemos mais uma convidada. Que, sendo de fora, não deixa de ser cá de casa.

Porque este foi um blogue que nunca receou a concorrência. Fizemos sempre questão de citar os outros: não passou um só dia sem mencionarmos alguém alheio a nós. Por isso mantemos com orgulho uma profusa lista de endereços de blogues na nossa aba lateral. Por isso criámos desde o início a rubrica Blogue da Semana. Por isso já estabelecemos aqui quase mil ligações directas, recomendando outras leituras, bem diversas da nossa. Por isso nunca perdemos a noção de que o País está muito longe de se circunscrever aos circuitos da capital: cá temos a rubrica De Portugal Inteiro para nos lembrar isso.

Convictos da nossa argumentação mas sabendo escutar os outros. Com ideias fortes mas sem espírito de trincheira. Assumindo opiniões com nome e rosto. Não pedimos licença para pensar como pensamos - e cada um pensa por si - mas mostrando abertura para acolher argumentos alheios. Daí outra rubrica permanente deste blogue: o Comentário da Semana, escolhido à vez por cada autor. Conscientes como estamos de que um projecto como este não faz sentido sem dar voz a quem nos lê.

 

"Primeira escolha da semana em 2009, um blogue novo, um sinal de renovação, ainda que os nomes envolvidos sejam quase todos eles de bloggers bem activos." Palavras do saudoso Pedro Rolo Duarte aos microfones da sua Janela Indiscreta. Foi um dos primeiros a saudar-nos com palavras de boas-vindas, abrindo o caminho a muitos outros. Palavras que nunca esqueceremos. E que nos deram ainda maior incentivo a prosseguir. Sem nunca mutilarmos consoantes: aqui escreve-se sem "acordo ortográfico".

Alguns pioneiros deste clã delituoso ficaram pelo caminho. O João Carvalho e o Joaquim Coutinho Ribeiro, companheiros da primeira hora, já cá não estão: serão sempre lembrados com saudade.

Felizmente outros foram chegando. Esta é hoje, como no primeiro dia, uma tribo irreverente e ruidosa, que nunca se toma demasiado a sério nem perde o sentido de humor. As caixas de comentários do DELITO, sempre muito frequentadas, são igualmente prova disso.

 

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Temos um novo desafio pela frente, prestes a concretizar-se: a edição de uma antologia de textos deste blogue. É outra iniciativa só tornada possível pela grande adesão dos nossos leitores. Vocês, que estão desse lado, e que no fundo são como nós: emocionam-se e reflectem, umas vezes alegram-se e outras zangam-se, sabem apreciar tanto um livro como uma bebida ou uma paisagem.

Aqui continuaremos a encontrar-nos - hora a hora, dia a dia, mês a mês. Neste blogue, que é nosso mas também é vosso. No livro, a curto prazo. E na vida, que nunca deve confundir-se com realidades virtuais.

Emitindo opiniões sem delito.

Agora como no primeiro dia, faz hoje nove anos.

Quantos anos tenho?

Helena Sacadura Cabral, 09.12.17

Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.

Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso.
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.
 
Estas foram as palavras de José Saramago que hoje me apeteceu tornar minhas no dia do meu aniversário. É assim que eu me sinto!

DELITO: oito anos de vida

Pedro Correia, 05.01.17

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O DELITO DE OPINIÃO nasceu a 5 de Janeiro de 2009. Faz hoje oito anos. Assumindo-se como "um blogue apostado na reflexão e na análise dos mais diversos temas relacionados com a actualidade, sem receio de exprimir convicções claras e fortes, nem de confrontar opiniões numa sociedade onde se regista um défice permanente de debate".

 

Continuamos como no primeiro dia: uma equipa plural, irreverente, solidária, robustecida por laços de cumplicidade que transcendem convicções ideológicas e opiniões políticas.

Continuamos atentos ao que se passa em Portugal e no estrangeiro. E atentos também aos nossos colegas: não passou um só dia sem citarmos outros títulos da blogosfera em rubricas permanentes como o Blogue da Semana ou a Ligação Directa (esta já com 933 entradas, cada uma alusiva a um blogue diferente).

Aqui trazemos também todos os dias - sem falhar, há quase quatro anos - uma sugestão literária. E trouxemos ainda 223 convidados especiais, numa iniciativa inédita que se prolongou por mais de um ano: cada um escreveu sobre o que quis, sem condicionamentos de qualquer espécie. Como se fossem qualquer de nós.

 

Alguns que formam hoje esta equipa tão heterogénea e diversificada chegaram como comentadores e não tardaram a integrar o elenco de autores, confirmando a nossa perspectiva inicial de que um blogue é uma espécie de edifício em permanente construção. Este carácter de perpétua infinitude, longe de ser um sintoma de fragilidade, é um sinal de robustez.

Porque um projecto destes só vale a pena se for assim: uma forma de criar elos com outros, pensem como nós ou pensem de modo diferente.

Elo - essa palavra tão portuguesa e simultaneamente tão universal. Três letras capazes de abraçar o mundo.

 

O nosso gosto de comunicar mantém-se incólume, a vontade de prosseguir é maior que nunca.

Creio falar em nome de todos os meus colegas ao fazer um balanço dos oito anos entretanto decorridos com esta frase singela e sincera: valeu a pena.

Sete anos depois

Pedro Correia, 05.01.16

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O DELITO DE OPINIÃO nasceu faz hoje sete anos. Assumindo-se como "um blogue apostado na reflexão e na análise dos mais diversos temas relacionados com a actualidade, sem receio de exprimir convicções claras e fortes, nem de confrontar opiniões numa sociedade onde se regista um défice permanente de debate".

Continuamos como no primeiro dia: uma equipa plural, irreverente, solidária, robustecida por laços de cumplicidade que transcendem convicções ideológicas e opiniões políticas. Continuamos atentos ao que se passa em Portugal e no estrangeiro. E atentos também aos nossos colegas: não passou um só dia sem citarmos outros títulos da blogosfera em rubricas permanentes como o Blogue da Semana ou a Ligação Directa (esta já com quase 900 entradas, cada uma alusiva a um blogue diferente). Aqui trouxemos também 223 convidados especiais, numa iniciativa que se prolongou por mais de um ano: cada um escreveu sobre o que quis, sem condicionamentos de qualquer espécie. Como se fossem qualquer de nós.

Alguns que formam hoje esta equipa tão heterogénea e diversificada chegaram como comentadores e não tardaram a integrar o elenco de autores, confirmando a nossa perspectiva inicial de que um blogue é uma espécie de edifício em permanente construção. Este carácter de perpétua infinitude, longe de ser um sintoma de fragilidade, é um sinal de robustez.

Logo no primeiro dia, recebemos por cá o incentivo de vários colegas que permanecem activos nestas lides ou pontificam nas redes sociais - colegas como a Joana Lopes, o João Severino, o João Távora, o Joaquim Carlos, o Luís Novaes Tito, o Paulo Ferreira e o Rui Bebiano, entre vários outros, a quem dirijo saudações muito especiais. Todas as palavras amigas que fomos recebendo nos calaram fundo, mas estas primeiras mensagens dirigidas a um blogue que mal saíra da casca para gatinhar os primeiros metros de uma longa viagem tornaram-se particularmente inesquecíveis.

Porque um projecto destes só vale a pena se for assim: uma forma de criar elos com outros, pensem como nós ou pensem de modo diferente.

Elo - essa palavra tão portuguesa e simultaneamente tão universal. Três letras capazes de abraçar o mundo.

Eh, what's not up, wabbit?

José António Abreu, 28.07.15

Surgido pela primeira no dia 27 de Julho de 1940, em The Wild Hare, do genial Tex Avery, com uma aparência ainda longe daquela com que ficaria mais conhecido mas já com voz (e sotaque nova-iorquino) do polifónico Mel Blanc, Bugs Bunny fez ontem 75 anos. Mordaz, senhor do seu nariz e da sua cenoura, raramente vencido, é um dos meus heróis desde a época dos programas televisivos de Vasco Granja. O tempo, contudo, trouxe-me uma perplexidade: para coelho, e apesar de um outro flirt ao longo da carreira, Bugs interessou-se surpreendentemente pouco pelo sexo oposto (admita-se: existem humanos, lá pela Califórnia e noutros sítios, com maior fixação em coelhinhas do que ele) e deixou pouquíssima descendência.

 

Adenda: A última vez que Mel Blanc lhe cedeu a voz foi em 1988, no filme da Disney Quem Tramou Roger Rabbit?, realizado por Robert Zemeckis. De modo a permitir o uso de Bugs, a Warner exigiu que ele estivesse no ecrã pelo menos tanto tempo como o rato Mickey. Zemeckis foi mais longe. Não somente lhes concedeu o mesmo tempo de exposição (enfim, tudo cronometrado, Mickey deve ganhar por quase um segundo) como os fez partilhar a mesma cena. Nela, Bugs e Mickey caem lado a lado de pára-quedas, fornecendo a Eddie Valiant - excelente Bob Hoskins - um «sobresselente» que não constitui grande ajuda. O que salva Valiant (como tantos homens) é a paixão de uma mulher.

Os filmes da minha vida (48)

Pedro Correia, 26.04.15

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Kay Adams (Diane Keaton) e Michael Corleone (Al Pacino) em O Padrinho (1972)

 

O MITO É O NADA QUE É TUDO:

NOS 75 ANOS DE AL PACINO

É uma das cenas mais inesquecíveis do cinema - do tempo em que o cinema ainda não havia sido destronado, como forma de expressão artística, pela excelente televisão dos nossos dias.

Ele e ela estão sentados a uma mesa. Ele acaba de vir da guerra, aparece de uniforme a conferir-lhe dimensão de herói: é Michael Corleone (Al Pacino). Ela, naquela hora irrepetível do esplendor na relva, é a noiva dele, Kay Adams (Diane Keaton).

Percebemos que o diálogo que travam terá consequências irreparáveis na vida de ambos.

 

Ela, com o sexto sentido a alertá-la para um final infeliz, despeja-lhe todo um cardápio de dúvidas - visando-o menos a ele do que ao poderoso clã familiar no qual está prestes a entrar como esposa e nora, consciente de que dará um passo do qual talvez venha a arrepender-se para sempre.

Ele, com um sopro de inocência insuflado no olhar, procura atenuar-lhe os receios com todos os recursos estilísticos de que a eloquência masculina é capaz perante uma mulher apaixonada. Assegura-lhe ser diferente dos restantes Corleones. Ilude-a ao proclamar que não foi em vão que combateu pela pátria, como o mais decente dos cidadãos faria. Faz-lhe promessas que não tardarão a ser quebradas, cumprindo um ritual atávico da velha Sicília que lhe sulca os genes.

O destino irá desmentir-lhe as palavras com precário prazo de validade, sinceras apenas no momento preciso em que são pronunciadas. Mas Kay acredita nelas. E todos nós, que assistimos àquele diálogo como testemunhas privilegiadas, acreditamos igualmente nelas. Porque a mentira em arte é verdade também.

Haja o que houver, aconteça o que acontecer, jamais esqueceremos aquele último lampejo de inocência no olhar de Michael Corleone no primeiro tomo da trilogia d' O Padrinho, realizada por Francis Ford Coppola. Um filme que vale por uma sinfonia de Beethoven, uma partitura de Brahms, um drama de Ibsen, uma tela de Goya. Do tempo em que o cinema não se envergonhava de ser arte.

 

Al Pacino é um dos raros actores que conferem genialidade interpretativa a um simples olhar. Já era assim em 1972, quando pela primeira vez deu vida e voz à figura de Michael Corleone. Sem esgares, sem truques histriónicos, sem gestos desmesurados. Aproveitando cada pausa, cada silêncio, cada momento aparentemente morto para melhor compor a personagem. Como é próprio de um grande intérprete.

E continua assim aos 75 anos, cumpridos ontem. A trabalhar. Porque um verdadeiro actor nunca se reforma. Porque um verdadeiro actor sabe melhor que ninguém como são autênticos, na pele e na carne, aqueles imortais versos de Pessoa: "O mito é o nada que é tudo".