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Delito de Opinião

Terceiro mundo?

João André, 21.01.13

Portugal foi assolado pela tempestade e o caos apareceu. Pelas redes sociais notei que muitos começaram a dizer que era um país do terceiro mundo, que bastam umas chuvas e um vento mais forte e a infraestrutura vai abaixo. Discordei sempre que vi essas opiniões. Qualquer país sofreria com mau tempo extremo. Há uns anos caiu aqui na Holanda um nevão forte seguido de um degelo parcial e de novo congelamento e neve. Devido a isso ficaram algumas localidades sem água, luz e gás. Terceiro mundo? Não, apenas clima.

 

Aquilo que foi do terceiro mundo, no entanto, foi a informação. Se houver corte de luz, telecomunicações ou outra coisa qualquer, posso ir à página da net da empresa e ver qual é o problema e quais são as previsões para a resolução do mesmo. Em Portugal nada disso estava disponível. Estive desde sexta-feira à noite até ontem às 23:00 sem nada saber da família. Nem deles nem das previsões. A EDP, REN ou a ERSE nada diziam. A TMN, Vodafone ou PT estavam mudas. Procurar informações nas páginas dos jornais, rádios ou televisões era esforço em vão. A única fonte de informação foi um jornal regional ou as informações de amigos que se iam ligando à internet a espaços usando os telemóveis.

 

Não, Portugal não é um país do terceiro mundo. Mas os responsáveis de muitas das suas empresas bem para lá podiam ir.

Este país não é para crianças

Leonor Barros, 19.07.12

Um texto breve. Uma resposta curta. Uma ou duas frases e teriam respondido ao que era pedido. Quando adolescentes entre os 15 e 17 anos foram questionados sobre como gostariam que os pais agissem perante eles, correram rios de tinta e as respostas alongaram-se em lamentos, aspirações e confissões. Embora conviva numa base diária com adolescentes dessa idade e sinta que muitos deles o que desejam ardentemente são minutos de atenção exclusiva, alguém que se sente ao lado deles e ali fique, explicando, ouvindo, ali apenas para eles numa súplica velada de atenção, os textos apanharam-me de surpresa. Eram sinceros, sentidos e um grito de desespero por aquilo a que todas as crianças e jovens devem ter direito: alguém que os ouça, um ombro, alguém que os faça sentir menos sós na selva contemporânea de umbiguismo, obsessão pelo sucesso profissional e horários desumanos que retiram tempo ao que nos deve ser verdadeiramente importante com todo o valor do mundo mas sem custo que se lhe possa atribuir.

E vem esta conversa a propósito desta proposta do FMI. Ao que parece, 'os dados mostram que Portugal já é o País onde as mães mais trabalham a tempo inteiro e também o que tem mais casais com filhos empregados'. A natalidade está a decrescer e os apoios a quem tem filhos são praticamente nulos. Tendo em conta a situação actual, configura-se que para muitas mães esta possibilidade de ter contrapartidas para regressar ao mercado de trabalho antes do tempo consagrado na lei não seja sequer uma opção mas uma inevitabilidade. Se as crianças clamam por atenção, imagine-se com uma medida deste calibre. O melhor é deixá-las logo na maternidade, se ainda restar alguma por aí, e regressar no dia seguinte, dois dias depois talvez, ao trabalho. E livrem-se de ter partos complicados e outros contratempos. Que maçada essas coisas de mulheres. Tirem as vossas conclusões quanto ao trabalho destes senhores sobre o nosso país.

Seja solidário. Ajude o Dias Loureiro

Leonor Barros, 17.07.12

Tens razão, Rui, Frau Merkel não prima pela criatividade na indumentária. Muda-se a cor e está feito. Quem sabe não mandará tingir os seus casacos no alfaiate da esquina, se os houvesse, para não esbanjar. Honra lhe seja feita que, a adivinhar pela simplicidade da farpela, não gasta o salário do marido em faustosas fatiotas como acontece cá no burgo. Fiquei cheia de pena do Dias Loureiro. Trabalhar para sustentar as farpelas femininas deve ser muito difícil. Vida dura, a de alguns dos nossos políticos. Sabe-se lá a fominha que terá passado por uns Louboutin.

 

Divagações de Domingo que adormece

Leonor Barros, 15.07.12

Este foi um fim-de-semana profícuo em notícias que tocaram gente bem perto de mim e que por desvarios absurdos do Ministério da Educação se encontram neste momento de casa às costas depois de vinte ou mais anos de serviço. Se os professores não fossem necessários nada a fazer. O problema é que não se devem pedir estimativas quando os processos não estão terminados e com matrículas a decorrer. E coagir os Directores a assinar declarações também não me parece muito ético nem sequer decente numa sociedade que se diz democrática. A questão de fundo prende-se, contudo, com todos nós, professores, pais e alunos que verão as suas opções cortadas e não conseguirão encontrar um lugar, arriscaria a dizer aos milhares, apenas pelo mais mesquinho economicismo. Esta situação é ainda mais estranha se repararmos que acontece no mesmo ano em que a escolaridade obrigatória se estendeu até ao 12º ano. Fechando turmas de dia e de noite fica por saber onde irão estudar os alunos e os adultos que tencionem dar seguimento sério aos seus estudos, sem equivalências da farinha amparo, deus a tenha em descanso.

E já que cortam a eito e olhando, por estes dias, as clareiras de deputados nas bancadas, pergunto-me para quando a redução destes na Assembleia da República. Se não estão lá é porque não fazem falta e, como tal, podemos dispensar alguns deles, poupar nas ajudas de custo, na água engarrafada e nos menus opíparos. Se, por outro lado, a ordem é para reduzir pessoal em todo o lado então que o façamos por igual ou existem intocáveis neste país?

 

Também  aqui.

Esplendor no Relvas

Leonor Barros, 03.07.12

Passos Coelho tem-se debatido vigorosamente contra as Novas Oportunidades, menina dos olhos do governo Sócrates. Um dos mais controversos pontos diz respeito ao processo de RVCC, Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Neste processo, diabolizado, odiado, epitetado pelo Primeiro-Ministro como 'certificação de incompetências',  é esperado, grosso modo, que o candidato evidencie que já possui algumas competências adquiridas por vias não formais de educação. Este processo servia apenas certificação de nível Básico e Secundário mas hoje descobriu-se que, afinal, há neste país universidades que fazem exactamente o mesmo.

Ao que parece e pelo que aqui se diz Miguel Relvas inscreveu-se em 2006 na Universidade Lusófona e concluiu o curso de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade em 2007, nos termos do Processo de Bolonha através de seis semestres. Diz-se ainda que o curso foi  “encurtado por equivalências reconhecidas e homologadas pelo Conselho Científico” da Lusófona “em virtude da análise curricular a que precedeu previamente”. O que é isto se não um processo de reconhecimento, validação e certificação de competências ou de 'incompetências' se dermos ouvidos a Passos Coelho? Aguardar-se-á o encerramento da Universidade Lusófona até 31 de Agosto à semelhança do que está a acontecer aos Centros de Novas Oportunidades?

 

Também aqui.

Ai que se me falha a memória...

Leonor Barros, 27.05.12
Quando foi a última vez em Portugal que um Ministro se demitiu por:

• ter traído o seu elitorado?

• ter mentido ao eleitorado?

• ter quebrado a relação de confiança com o povo que o elegeu?

• ter visto o seu nome envolvido em situações obscuras?

• ter-se envolvido em situações constrangedoras?

• ter a hombridade de assumir a sua incompetência?

• considerar que um ministro deve estar acima de qualquer suspeita e ter um nome limpo?

Estranha forma de vida

Leonor Barros, 14.05.12

Este Primeiro-ministro conseguiu um feito único: ser o Primeiro-ministro mais vaiado em menos tempo de governação e digamos que em termos de comunicação difícil é pior. Alguém que o aconselhe que o rapaz anda desgovernado. Como nós, de resto. Vem isto a propósito da vaia com que foi brindado ontem na Feira do Livro. Segundo se noticia  aqui, o PM iria numa visita particular acompanhado pelo Secretário de Estado da Cultura e pelo Secretário-geral da APEL. Câmaras não faltaram para noticiar o acontecimento e depois foi-se no automóvel oficial. Estranha 'visita particular'. 

O cilício, depressa, que o país não pode esperar!

Leonor Barros, 04.04.12

O país anda cheio de problemas. E graves. Muito mas muito graves. E que exigem mão pesada e umas bordoadas valentes, ah como gosto desta expressão! Desta vez foi o João Gobern. Comentador num programa da RTP sobre futebol e essas coisas que fazem vibrar a nação, João Gobern que, pelo que sei, é benfiqusita dos setes costados, festejou um golo do Benfica quando estava no ar. Não dizem que futebol é paixão? Diz ele que se penitencia pelo gesto e pôs o lugar à disposição depois do episódio. E o que aconteceu? Foi corrido. Ó que piadinha! Num país em que se rouba desalmadamente, os governantes mentem ao povo como se dissessem verdades insofismáveis com ar bento de honestidade de plástico, o João Gobern é dispensado da RTP por um episódio absolutamente irrelevante e justificável pela impulsividade tão comum a essas 'coisas da bola'. E se usassem esta celeridade punitiva para outras áreas da vidinha portuguesa, não seria melhor? Não. Corramos com o Gobern. Quem se mete com a RTP leva.

Opções editoriais ou lá o que é

Leonor Barros, 23.03.12
Leio e ouço em alguns órgãos de comunicação social que ontem a polícia carregou sobre os manifestantes em Lisboa. Diz que no estangeiro, esse território mítico onde tudo corre bem excepto num país também à beira-mar plantado com quem alguns de nós não se querem paracer nem por nada deste mundo, também se falou da carga policial sobre os jornalistas, diz-se ainda que os jornalistas têm de se identificar para não levar tareia, porque o resto do povo pode levar à vontade. O Público também deve achar que foi 'diz que disse' para optar por esta eloquente primeira página.

Desacordo ortográfico

Pedro Correia, 17.02.12

Já não é só o Centro Cultural de Belém -- instituição de direito privado, sem tutela pública. Ou Serralves. Ou a Casa da Música. Já não são só a generalidade dos jornais que o ignoram -- Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público, i, Diário Económico e Jornal de Negócios, além da revista Sábado.

Já não só os angolanos que se demarcam, ou os moçambicanos. Ou até os macaenses. Sem excluir os próprios brasileiros.

Por cá também já se perdeu de vez o respeitinho pelo Acordo Ortográfico. Todos os dias surge a confirmação de que não existe o consenso social mínimo em torno deste assunto.

São os principais colunistas e opinadores da imprensa portuguesa. Pessoas como Anselmo Borges, António-Pedro Vasconcelos, Baptista-Bastos, Frei Bento Domingues, Eduardo Dâmaso, Helena Garrido, Inês Pedrosa, Jaime Nogueira Pinto, João Miguel Tavares, João Paulo Guerra, João Pereira Coutinho, Joel Neto, José Cutileiro, José Pacheco Pereira, Luís Filipe Borges, Manuel António Pina, Manuel S. Fonseca, Maria Filomena Mónica, Miguel Esteves Cardoso, Miguel Sousa Tavares, Nuno Rogeiro, Pedro Lomba, Pedro Mexia, Pedro Santos Guerreiro, Ricardo Araújo Pereira, Vasco Pulido Valente e Vicente Jorge Silva.

É o ex-líder socialista, Francisco Assis, que se pronuncia sem complexos contra este «notório empobrecimento da língua portuguesa».

É o encenador Ricardo Pais, sem papas na língua.

É José Gil, um dos mais prestigiados pensadores portugueses, a classificá-lo, com toda a propriedade, de «néscio e grosseiro».

É a Faculdade de Letras de Lisboa que recusa igualmente impor o acordo. Que só gera desacordo.

Um acordo que pretende fixar norma contra a etimologia, ao contrário do que sucede com a esmagadora maioria das línguas cultas. Um acordo que pretende unificar a ortografia, tornando-a afinal ainda mais díspar e confusa. Um acordo que pretende congregar mas que só divide. Um acordo que está condenado a tornar-se letra morta -- no todo ou em parte. Depende apenas de cada um de nós.

Um quiz por dia nem sabe o bem que lhe fazia

Leonor Barros, 09.02.12

Teste o seu grau de patriotismo.

O povo está furioso com Martin Schulz porque:

 

a) ele é da SPD

b) ele disse mal de Portugal

c) ele proferiu a palavra proibida: ANGOLA

d) é um suino xenófobo

e) Pedro Passos Coelho ainda não chamou piegas a ninguém hoje e o povo precisa de um bode expiatório

f) meteu o nariz onde não devia

g) o povo precisa de se divertir agora que não há tolerância de ponto no Carnaval

h) sim

 

Grata pela vossa atenção.