No país do «eu acho que»
Vítor Gonçalves é um dos melhores entrevistadores da televisão portuguesa. Sem jamais armar em vedeta, sem nunca ocupar o centro das atenções, demonstrando que sabe ouvir, fazendo as perguntas que se impõem sem ser agressivo nem adoptar um tom inquisitorial que outros adoram usar defronte das câmaras.
Vi-o há pouco na Grande Entrevista da RTP que tem a sua assinatura. Com a qualidade e a sobriedade de sempre. Questionando o presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, político de quem sempre tive boa impressão.
«Uma das minhas preocupações é a falta de rigor na discussão [em Portugal]. Há muito clichê, há muita frase-feita, há muito preconceito, há tantas coisas que se dizem sem nenhum fundamento empírico nem resultam de nenhuma reflexão teórica séria», disse Assis nesta entrevista, reclamando «rigor na discussão dos temas que se colocam na sociedade portuguesa».
Certíssimo: o achismo é uma praga nacional. A propósito: já repararam quantas frases ouvimos e lemos, a toda a hora, iniciadas pela famigerada expressão «eu acho que»?