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Delito de Opinião

Há sempre tempo para ler

Pedro Correia, 10.02.19

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A cada fim de um ano, a mesma conclusão: alguns livros que há muito tenciono ler continuam arrumados nas prateleiras. Ou espalhados pelos quatro cantos de qualquer divisão da casa, o que sucede mais do que gostaria. Incluindo os clássicos - com Guerra e Paz e Em Busca do Tempo Perdido à cabeça.

Também no capítulo das releituras - cada vez mais frequentes - os planos costumam ser mais ambiciosos do que a possibilidade de os levar à prática. Ainda não foi em 2018 que consegui reler 1984 e O Processo, dois livros da minha vida. Nem um terceiro, o magnífico Mau Tempo no Canal, que devia ser leitura obrigatória no nosso ensino secundário - obra-prima da literatura portuguesa ignorada pelas gerações mais jovens e pelo nosso próprio mercado editorial. Procuro-a nas livrarias e não a encontro.

Mesmo assim, cheguei ao fim do ano que passou cumprindo nos mínimos o meu plano pessoal de leitura. Lidos ou relidos 60 livros, contabilizando apenas os que li na íntegra, o que perfaz uma média de cinco por mês. Sem batota, como aquele conhecido ex-comentador político que se dizia capaz de aviar dois ou três volumes numa das suas habituais noites de insónia mas talvez mais não fosse do que um bom espreitador de prefácios e badanas. Nem recurso a truques só ao alcance de milionários, como as 500 páginas diárias recomendadas por Warren Buffett, que se diz detentor da assombrosa média de 200 livros despachados por ano - bons para robustecer a mente.

 

Relembro a lista das minhas leituras de 2018 e destaco as que mais me agradaram. Desde logo alguns romances: Passagem Para a Índia, de E. M. Forster, O Doente Inglês, de Michael Ondaatje, A Amante do Tenente Francês, de John Fowles, Zorba, o Grego, de Nikos Kazantzaki - todos deram lugar a soberbas adaptações cinematográficas, não se tratando aqui de coincidência: havia que municiar a minha série Livros e Filmes. Eis uma das mais notórias vantagens de ter um blogue: estamos sempre a lançar desafios a nós próprios.

Outros romances de que gostei muito foram Corre, Coelho, de John Updike, e Enviado Especial, de Evelyn Waugh. Ao contrário do que sucedeu com A Cor Púrpura, de Alice Walker, Sublime Obsessão, de Lloyd Douglas, e Sangue e Arena, de Blasco Ibañez. Nos volumes de ficção curta, destaco Sonhos de Inverno, de Scott Fitzgerald, Queres Fazer o Favor de te Calares?, de Raymond Carver, e Rio Turvo, de Branquinho da Fonseca. Além da releitura dos  Contos de Vergílio Ferreira, mestre da escrita no nosso idioma. E dois clássicos insuperáveis no teatro: Otelo e Hamlet. Shakespeare intemporal.

No ensaio, destaco igualmente as leituras que mais prazer e proveito me proporcionaram: Quem Disser o Contrário é Porque Tem Razão, de Mário de Carvalho, e La Llamada de la Tribu, de Mario Vargas Llosa (este, tanto quanto sei, ainda sem versão portuguesa). Na reportagem, Gomorra, de Roberto Saviano. Na crónica, Lá Fora, de Pedro Mexia, e Literatura y Fantasma, de Javier Marías. E, na história, dois títulos imprescindíveis: Portugal Medievo, de António Borges Coelho, e Dois Países, um Sistema, volume coordenado por Rui Ramos, José Murilo de Carvalho e Isabel Corrêa da Silva.

Deixo para o fim - por se tratar de um dos géneros literários de que mais gosto - os relatos autobiográficos de Elias Canetti (A Língua Resgatada (primeiro volume das suas memórias, que ficaram incompletas) e Karen Blixen (o incomparável África Minha, que também inspirou obra-prima no cinema).

 

Elaborei, claro, uma lista para 2019. Renovando um hábito de há muitos anos.

Uma lista que inclui, à cabeça, 4321, de Paul Auster, Gente Independente, de Halldór Laxness, Tom Jones, de Henry Fielding, O Fim da Terra, de Jonathan Franzen, Maria da Fonte, de Camilo Castelo Branco, e Índice Médio de Felicidade, de David Machado. Porquê? Porque calha: há sempre uma dimensão muito aleatória na minhas leituras.

E, a propósito, regresso à minha lista do ano passado. Concluindo que não cheguei sequer a abrir em 2018 vários dos livros que pretendia: A Planície em Chamas, A Nave dos Loucos, A Cidade e os Cães, A Ninfa Inconsistente, O Amor de uma Boa Mulher. É assim a nossa vida, é este o circuito das obras que nos vêm parar às mãos, por vezes obedecendo a misteriosas encruzilhadas do destino.

Que para este ano, já no segundo mês, nos vão sobrando horas e dias para novas leituras. Porque jamais é desperdiçado o tempo que passamos a ler.

Facto internacional de 2018

Pedro Correia, 04.01.19

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MOVIMENTO #METOO

 

A repercussão, praticamente à escala planetária, do movimento feminista #MeToo, iniciado no final de 2017 mas com particular visibilidade só no início do ano passado,  mereceu do DELITO DE OPINIÃO a escolha como Facto Internacional de 2018. Houve oito votos nesta opção, atendendo sobretudo ao profundo impacto deste movimento no circuito intelectual e artístico dos Estados Unidos - sem esquecermos os ecos que produziu também na Europa, onde (por exemplo) em 2018 não se atribuiu o Prémio Nobel da Literatura devido às alegações de que o marido de um dos membros da academia, o dramaturgo e fotógrafo francês Jean-Claude Arnault, terá assediado sexualmente algumas mulheres - o que foi desmentido pelo visado.

Em Portugal, ao contrário do que tem sucedido noutros países, o movimento parece tardar em implantar-se: ainda não foram conhecidas, por cá, denúncias de supostas agressões sexuais a figuras mediáticas, designadamente do espectáculo, do teatro, da televisão, dos meios empresariais ou da política.

 

Em segundo lugar, com cinco votos, ficou aquilo que denominámos de revolta dos pagantes, abrangendo nomeadamente o movimento dos chamados "coletes amarelos" que despontou em Novembro em França e parece ter perdido força nas semanas mais recentes.

Outro acontecimento em destaque, com quatro votos: a brutal crise na Venezuela, que já levou ao êxodo de cerca de três milhões de pessoas, enquanto o país se afunda na depressão económica, na mega-inflação e na repressão política, às ordens do ditador Nicolás Maduro, reeleito em Maio de 2018 entre acusações quase unânimes de fraude eleitoral num escrutínio de que foram afastados, logo à partida, os principais opositores.

 

Houve dois votos na formação de um Governo populista em Itália, onde a Liga xenófoba e o movimento pós-ideológico Cinco Estrelas formaram uma coligação com efeito práticos a partir de Junho, desafiando as regras impostas por Bruxelas num dos Estados fundadores da União Europeia e naquela que é hoje a terceira maior economia do espaço comunitário.

Outros dois votos recaíram na inédita cimeira EUA-Coreia do Norte, ocorrida em Abril em Singapura, reunindo o inquilino da Casa Branca, Donald Trump, e o ditador de Pyongyang, Kim Jong-un, com vista à desnuclearização da península coreana, que alberga a fronteira mais perigosa do planeta, vigorando ali o estado de guerra desde 1950.

 

Registaram-se ainda votos isolados na dissolução definitiva da ETA no País Basco espanhol, na invasão comercial da Europa pela China, que vem comprando à peça infra-estruturas basilares do Velho Continente (o porto do Pireu, em Atenas, é um exemplo entre muitos) e ainda na chamada consciência ambiental, com esta justificação que ficou lavrada em acta: «Desde o plástico, passando pelas alterações climáticas (que receberam finalmente uma necessária dose de realidade - outros chamaram-lhe alarmismo), seguindo pela água e acabando (nesta sequência) nas extinções. Nunca o ambiente recebeu tanta atenção da população.»

 

 

Facto internacional de 2010: revelações da Wikileaks

Facto internacional de 2011: revoltas no mundo árabe

Facto internacional de 2013: guerra civil na Síria

Facto internacional de 2014: o terror do "Estado Islâmico"

Facto internacional de 2015: a crise dos refugiados

Facto internacional de 2016: Brexit

Facto internacional de 2017: crise separatista na Catalunha

Facto nacional de 2018

Pedro Correia, 03.01.19

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INCÚRIA DO ESTADO

 

Houve consenso generalizado, entre os autores do DELITO DE OPINIÃO, quanto ao Facto Nacional do Ano: elegemos a reiterada incúria do Estado português na protecção e segurança de pessoas e bens. Isto a propósito de acontecimentos tão diversos - mas todos igualmente dramáticos - como o devastador incêndio de Monchique, que dizimou grande parte do maior pulmão verde do Algarve, a derrocada de um troço da estrada municipal que ligava Borba a Vila Viçosa, causando a morte de cinco pessoas, a queda de um helicóptero do INEM em circunstâncias que estão a ser investigadas, havendo a lamentar a perda de quatro pessoas que se haviam distinguido a salvar vidas humanas, ou ainda as repercussões do roubo de material bélico em Tancos, ocorrido em 2017 mas com desenvolvimentos no ano que agora terminou.

Dezoito dos nossos 26 votos recaíram neste conjunto de ocorrências, cada qual com o seu grau de dramatismo e controvérsia. Não apenas em função do que aconteceu mas devido à incapacidade das autoridades em apurar responsabilidades e aplicar a respectiva e efectiva punição. O que deixa muitos portugueses perante a angustiante convicção de que ninguém, ao nível da administração do Estado, nos protege em verdadeiras situações de perigo.

 

Os restantes oito votos dividiram-se em partes iguais.

Metade destacou o brutal assalto à Academia do Sporting, em Alcochete, cometido a 15 de Maio por cerca de quatro dezenas de elementos da principal claque do clube, o que teve consequências aos mais diversos níveis. Para os assaltantes, que em grande parte se encontram detidos, aguardando a conclusão do debate instrutório; para os jogadores agredidos, vários dos quais decidiram rescindir unilateralmente os contratos que os ligavam ao clube; e para o próprio Sporting, que entrou em convulsão interna, culminando no afastamento do presidente Bruno de Carvalho, a 23 de Junho, por vontade expressiva dos sócios, que em 8 de Setembro elegeram Frederico Varandas para o seu lugar.

Houve ainda quatro votos no facto de Portugal ter conseguido em 2018 o défice mais baixo em democracia, excedendo as previsões da Comissão Europeia e do próprio Governo, com o ministro das Finanças - agora também presidente do Eurogrupo - a antecipar um défice cada vez mais próximo do zero nas contas públicas de 2019.

 

 

Facto nacional de 2010: crise financeira

Facto nacional de 2011: chegada da troika a Portugal

Facto nacional de 2013: crise política de Julho

Facto nacional de 2014: derrocada do Grupo Espírito Santo

Facto nacional de 2015: acordos parlamentares à esquerda

Facto nacional de 2016: Portugal conquista Europeu de Futebol

Facto nacional de 2017: Portugal a arder de Junho a Outubro

 

 

Figura internacional de 2018

Pedro Correia, 02.01.19

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JAIR BOLSONARO

Foi o  mais imprevisível triunfo eleitoral de 2018, surpreendendo grande parte dos comentadores e analistas políticos: Jair Bolsonaro, capitão na reserva e deputado federal desde 1991, venceu a eleição presidencial brasileira de Outubro, suplantando na segunda volta o seu rival do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, por uma margem confortável: obteve 55% e quase 58 milhões de votos. Ontem tomou posse, em Brasília, como 38.º Chefe do Estado do maior país de língua portuguesa e líder da sétima economia à escala mundial. Com uma taxa de aprovação muito elevada, que ascende a 61%, segundo os mais recentes barómetros  - algo que praticamente ninguém conseguia prognosticar há um par de meses.

A inclusão do juiz Sérgio Moro no novo Executivo federal, com a pasta da Justiça, terá contribuído para este reforço da popularidade de Bolsonaro, que se apresentou às urnas apenas com o apoio inicial de um pequeno partido, o PSL, e quase sem dispor de tempo de antena nos canais televisivos. Contornou estas dificuldades recorrendo em larga escala às redes sociais e às novas plataformas de telecomunicações. O que vai seguir-se é uma verdadeira incógnita, sendo inegável o peso dos militares na estrutura governativa agora empossada - começando pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão.

No DELITO DE OPINIÃO, que o elegeu como Figura Internacional do Ano, Bolsonaro teve uma vitória apertada: recebeu nove votos em 24. Vencendo tangencialmente outro dirigente de um país de língua portuguesa: o Presidente angolano, João Lourenço. Justificação para os oito votos recolhidos pelo homem que em 2017 sucedeu a José Eduardo Santos: o papel relevante que tem desempenhado na abertura das instituições e no combate à corrupção em Angola.

 

O terceiro lugar do pódio, com três votos, coube ao Presidente norte-americano Donald Trump - aqui vencedor nos dois anos anteriores - pelas numerosas polémicas que tem protagonizado, levando a uma constante sangria da sua equipa governativa, mas também pela histórica cimeira que manteve em Abril com o ditador de Pyongyang, Kim jong-un, que terá aberto enfim caminho à desnuclearização da península coreana, há 68 anos em estado de guerra.

Houve dois votos no novo Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, primeiro dirigente desde 1959 que ali não pertence à família Castro. Além de votos isolados no Presidente chinês, Xi Jinping, que em 2018 viu reforçados os seus poderes, sendo-lhe reconhecida a possibilidade de recandidatar-se a novos mandatos, e no magnata norte-americano Mark Zuckerberg pela intrusão que os FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix, Google) têm nas nossas vidas e na forma como estão a mudar o mundo, certamente para pior.

 

 

Figuras internacionais de 2010: Angela Merkel e Julian Assange

Figura internacional de 2011: Angela Merkel 

Figura internacional de 2013: Papa Francisco

Figura internacional de 2014: Papa Francisco

Figuras internacionais de 2015: Angela Merkel e Aung San Suu Kyi

Figura internacional de 2016: Donald Trump

Figura internacional de 2017: Donald Trump

Figura nacional de 2018

Pedro Correia, 01.01.19

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JOANA MARQUES VIDAL

É consensual: a investigação criminal, com ela no vértice supremo do Ministério Público, deixou de olhar a ricos e poderosos, fingindo que os ilícitos não existiam. Há hoje a sensação generalizada de que não basta ser influente para escapar às malhas da justiça. E que terminou enfim a inércia no combate à corrupção, um dos cancros que corroem a democracia.

Isso deve-se, em boa parte, à orientação imprimida por esta jurista à frente da Procuradora-Geral da República durante os seis anos do seu mandato, concluído em Outubro de 2018. O Governo poderia ter proposto a sua recondução ao Presidente da República, a quem cabe nomear o titular máximo da acção penal, mas logo em Janeiro a ministra da Justiça, Francisca Van Dunen, deixava claro que isso não iria acontecer.

Joana Marques Vidal  sai, certamente com a sensação do dever cumprido, tendo sido substituída por Lucília Gago, uma das suas colaboradoras mais próximas. Na nossa tradicional escolha de fim de ano, os autores do DELITO DE OPINIÃO elegeram por maioria a procuradora-geral cessante como Figura Nacional de 2018, com 11 votos em 25 possíveis.

 

Na segunda posição, com seis votos, ficou o nosso eleito de há um ano: Marcelo Rebelo de Sousa. Desta vez não venceu, mas a justificação manteve-se inalterada: o Presidente da República distingue-se pela intervenção diária e constante como moderador na política portuguesa.

O terceiro lugar do nosso pódio, com quatro votos, é ocupado pelo ministro das Finanças. Mário Centeno foi outra figura em relevo ao longo de 2018, tanto pela sua estreia como presidente do Eurogrupo como por ter anunciado que Portugal está prestes a atingir o mais baixo défice nas contas públicas pela primeira vez em democracia: 0,2% do PIB.

 

Houve ainda dois votos em Cristina Ferreira, protagonista da mais cara transferência de sempre na televisão portuguesa ao passar da TVI para a SIC por valores que só costumamos ver ao nível dos clubes de futebol. E dois votos solitários. O primeiro em Ricardo Robles, o vereador do Bloco de Esquerda em Lisboa que se viu forçado a cessar estas funções quando se tornou público que praticava especulação imobiliária, contrariando o que defendia no seu discurso político. O segundo no eterno Pedro Santana Lopes, que renunciou à militância no PSD, onde se manteve filiado durante 40 anos, e em Outubro fundou a Aliança, que terá o primeiro teste eleitoral nas europeias de 26 de Maio.

 

Figura nacional de 2010: José Mourinho

Figura nacional de 2011: Vítor Gaspar

Figura nacional de 2013: Rui Moreira

Figura nacional de 2014: Carlos Alexandre

Figura nacional de 2015: António Costa

Figura nacional de 2016: António Guterres

  Figura nacional de 2017: Marcelo Rebelo de Sousa

Tempos interessantes

João Villalobos, 08.01.18

Uma pessoa acorda, lê as notícias e isto parece um país de avariados da pinha. O mesmo governante que trata de equilibrar as contas da Nação é acusado de trocar favores para o filho por bilhetes para o futebol, um candidato à presidência do PSD diz que viabilizaria um governo minoritário do PS, um antigo primeiro-ministro afirma num interrogatório em que é acusado de receber milhões que sempre viveu com dificuldades financeiras, o SNS proíbe croquetes mas acumula doentes em macas pelos corredores, o Fundo de Resolução dá como perdidos 4,9 mil milhões injectados no Novo Banco em 2014, o Primeiro-Ministro diz que a EDP é "hostil" e a antiga ministra da Administração Interna diz que Portugal é um "país de treinadores de bancada", sendo que poderia continuar por aqui fora. Noutra vida fui jornalista e acredito que sejam tempos interessantes para quem exerce a profissão, mas caramba. Ou então, e recordando Astérix, já não são os romanos que são doidos, somos nós. 

Com o pé direito mesmo direito

Maria Dulce Fernandes, 28.12.17
"Um espirito mesquinho é como um microscópio, aumenta as pequenas coisas, mas impede de ver as grandes."

                                                                P. Chesterfield




O perdão no geral, é um mito. 

É necessário uma sublime nobreza de alma para alcançar o engrandecimento do perdão.

Não acredito na capacidade de perdoar. Normalmente confundimos perdão com tolerância, com aceitação, mas não poderão ser de modo algum confundidos em termos de grandeza espiritual.

Não será seguramente o perdão um dos meus votos para o vindouro 2018. Não lhe vejo futuro e há que ser pragmático.

Os meus melhores votos de entendimento e paz e que os homens consigam finalmente desempenhar o seu papel de vigilantes da vida e não se limitem a ser apenas estáticas figuras de acção e espectadores passivos dos factos.

Ao toque da décima segunda badalada, guardemos alguns minutos para introspeção e depois libertemos o grito que nos exorciza os demónios , nos purifica a alma e nos liberta da masmorra dos últimos 365 dias, de onde corremos para abraçar a vida nova que se nos oferece.

Que tenhamos a sabedoria de a saber viver com sensatez.

                    BOM 2018