Cem Prémios Nobel justamente atribuídos (66)
1986, Prémio Nobel da Paz
Elie Wiesel, «por ser um mensageiro para a humanidade: a sua mensagem é uma de paz, expiação e dignidade».
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
1986, Prémio Nobel da Paz
Elie Wiesel, «por ser um mensageiro para a humanidade: a sua mensagem é uma de paz, expiação e dignidade».
1982, Prémio Nobel da Literatura
Gabriel García Márquez, «pelos seus romances e contos, nos quais o fantástico e a realidade são combinados num rico mundo compósito e imagnário, reflectindo a vida e conflitos e um continente».
Foi um dos grandes autores da minha vida, daqueles que me agarraram do início e nunca me largaram. Cen Anos de Solidão continua a ser o meu livro preferido dele, embora O Outono do Patriarca ou O Amor nos Tempos de Cólera sejam talvez obras superiores. Ainda hoje regresso a ele a espaços e não é por acaso que foi nele que fui encontrar a minha inspiração para esta série de posts (a que tenho de voltar um dia).
1979, Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina
Allan Cormack, Godfrey Hounsfield, «pelo desenvolvimento da Tomografia Axial Computadorizada».
Não era ainda um Tricorder, mas começou a caminhar nesse sentido.
1956, Prémio Nobel da Física
John Bardeen, Walter House Brattain, William Bradford Shockley, «pelas suas investigações sobre semicondutores e a sua descoberta do efeito do transístor».
Simplesmente: sem este trabalho, não poderíamos ter este post.
Bardeen tem ainda a distinção de ser a única pessoa a ganhar o Prémio Nobel da Física duas vezes. A primeira foi esta, a segunda em 1972 pelo seus trabalhos no campo de superconductividade.
2003, Prémio Nobel da Química
Peter Agre, Roderick MacKinnon, «por descobertas acerca de canais nas membranas de células». No caso de Agre, explicitou-se a sua «descoberta dos canais de água» e no caso de MacKinnon, os «estudos estruturais e mecanísticos dos canais de iões».
Este prémio teve um significado especial para mim, por ter sido atribuído na altura em que iniciei o meu doutoramento em tecnologia de membranas. O trabalho de Agre e MacKinnon permitiu a descoberta das Aquaporinas, proteínas que controlam a passagem de água e iões pela parede das membranas. Estas proteínas foram, depois de isoladas, incorporadas frequentemente em membranas sintéticas para melhorar o seu desempenho e aumentar o rendimento das mesmas. Há mesmo uma empresa dinamarquesa, precisamente com o nome de Aquaporin, que incorporou estas proteínas nas suas membranas para as utilizar em processos de purificação de água.
1954, Prémio Nobel da Física
Max Born, «pela sua investigação fundamental em mecânica quântica, especialmente pela sua interpretação estatística da função de onda».
Walther Bothe, «pelo método de coincidência e as suas descobertas feitas com ele».
O trabalho de Born a descrever matematicamente o campo emergente da Física a nível quântico foi de suprema importância. Por curiosidade, foi a Born que Einstein terá dito pela primeira vez, por carta, que "Deus não joga aos dados". A frase mais correcta seria traduzida de forma mais completa na correspondência como «Mecânica Quântica é deveras imponente. No entanto algo me diz que não é a completa verdade. A teoria oferece muito, mas não nos aproxima dos segredos d'"O Antigo". De qualquer forma, estou convencido que Ele não joga aos dados».
O método de coincidência não deve ser entendido como "coincidência" em termos coloquiais, como algo que acontece por acaso ao mesmo tempo. Na física e no trabalho de Bothe, a coincidência deve ser lida como "co-incidência", significando duas coisas que acontecem ao mesmo tempo - ou no caso de partículas, são co-incidentes no mesmo detector - o que significa que não existe coincidência em termos coloquiais, ou seja, algo acontece por ser resultado da mesma acção. Não vou explicar a Física subjacente porque está algo para lá da minha capacidade de o fazer, mas foi de fundamental importância para o estudo de Física de Partículas.
1984, Prémio Nobel da Paz
Desmond Tutu, «pelo seu trabalho como líder unificador na campanha não-violenta para resolver o problema de apartheid na África do Sul».
1972, Prémio Nobel da Literatura
Heinrich Böll, «pela sua escrita, a qual é uma combinação de uma larga perspectiva do seu tempo e uma habilidade sensível de caracterização que contribuíram para uma renovação da escrita alemã».
1978, Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina
Werner Arber, Daniel Nathans e Hamilton O. Smith, «pela descoberta de enzimas de restrição e a sua aplicação nos problemas de genética molecular».
Este trabalho permitiu o desenvolvimento de técnicas (ADN recombinante) que hoje permitem manipulação de ADN para induzir a produção de compostos que um determinado organismo não produziria. Um exemplo disto é a produção de insulina, que antes era obtida a partir de animais (como porcos) e hoje é produzida usando bactérias modificadas para produzir insulina humana.
Outros tipos de uso estão no diagnóstico e análise de laboratório e até mesmo na modificação de organismos mais complexos como animais modificados geneticamente. Apesar destes usos mais estranhos e aberrantes (p.e. peixes fluorescentes), a tecnologia melhorou muito a nossa sociedade e a qualidade de vida de muitas pessoas.
1997, Prémio Nobel da Química
Paul D. Boyer e John E. Walker, «pela sua elucidação do mecanismo enzimático referente à síntese de adenosina trifosfato (ATP)».
Jens Christian Skou, «pela primeira descoberta de uma enzima transportadora de iões, a Na+, K+ -ATPase».
Creio que devo uma clarificação pelo salto de 34 anos entre o último Prémio Nobel da Química que escolhi e este. Estas escolhas reflectem dois factores:
1) a Química entrou numa era muito mais específica e que requer um entendimento mais profundo não só da disciplina como das subdisciplinas e especialidades que aquele que eu possuo. Isso leva-me a não ser capaz de distinguir suficientemente bem a importância de muitos dos trabalhos distinguidos;
2) muito do trabalho distinguido foi-o por refinamentos em trabalhos mais gerais e mais fundamentais (no sentido de "ciência fundamental", como em "fundações de uma casa") e como tal receberá menos atenção. Há também mais tentação de dar atenção aos grandes pioneiros do passado em detrimento dos grandes cientistas da actualidade. Estas minhas escolhas reflectem também essa tendência, à qual não sou imune.
Haveria outros trabalhos que poderiam estar aqui. Apenas dois anos antes foi distinguido o trabalho que explicou a decomposição da camada de ozono, uma das descobertas com maior impacto no nosso mundo nos últimos anos. Porque não o ressalvei aqui? Talvez para evitar discussões políticas. Preferi antes apontar para descobertas que entram em campos onde existe muito do trabalho em Química que tem sido laureado: a bioquímica.
Neste caso, a importância de compreender os mecanismos ligados às moléculas de ATP e à sua importância para as células de seres vivos. O trabalho de Skou é, para mim, ainda de maior importância, por identificar a forma como as nossas células controlam a entrada e saída de iões.
1952, Prémio Nobel da Física
Felix Bloch e Edward Mills Purcell, «pelo desenvolvimento de novos métodos de medição precisa de magnetismo nuclear e descobertas em relação a estas».
O trabalho abriu caminho à Ressonância Magnética como a conhecemos hoje e ao seu uso no diagnóstico médico. A tecnologia tem imensos outros usos, desde ser fundamental para a análise de substâncias, determinar a qualidade de produtos e processos numa variedade de indústrias, servir como um dos instrumentos de análise do subsolo e muitas outras aplicações que mal compreendo.
Felix Bloch foi mais um dos muitos cientistas que abandonaram o seu país natal (no seu caso a Suíça) devido a serem judeus ou terem raízes judias e encontrou o seu refúgio pessoal e profissional nos EUA.
1980, Prémio Nobel da Paz
Adolfo Peréz Esquivel, «por ser uma fonte de inspiração para povos reprimidos, especialmente na América Latina».
1969, Prémio Nobel da Literatura
Samuel Beckett, «pela sua escrita, nas quais - em novas formas para o romance e drama - a miséria do homem moderno adquire a sua elevação».
1974, Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina
Albert Claude, Christian de Duve, George E. Palade, «pelas suas descobertas acerca da estrutura e organização funcional da célula».
1963, Prémio Nobel da Química
Karl Ziegler e Giulio Natta, «pelas suas descobertas no campo da química e tecnologia de polímeros».
O trabalho e descobertas destes dois investigadores levaram à criação de uma classe de catalizadores que recebem o seu nome ("Ziegler-Natta"). São usados para permitir a polimerização de alcenos (compostos de carbono com uma ligação dupla entre dois átmoso de carbono) e assim criar cadeias muito longas de monómeros (imaginemos os polímeros como uma corrente e monómeros como cada anel na mesma). Os catalisadores são compostos que aceleram e facilitam a reacção química, como que um intermediário que permite uma transacção.
Os catalisadores Ziegler-Natta são utilizados essencialmente em poliolefinas (polímeros obtidos a partir do petróleo) e são portanto responsáveis por uma enorme parte dos plásticos usados no mundo. Hoje em dia poderemos não os ver com bons olhos, mas mudaram o mundo.
1945, Prémio Nobel da Física
Wolfgang Pauli, «pela sua descoberta do Princípio de Exclusão, também chamado de Princípio de Pauli».
1939, Prémio Nobel da Física
Ernest Lawrence, «pela invenção e desenvolvimento do ciclotrão e pelos resultados com ele obtidos, especialmente relacionados com elementos radioactivos artificiais».
O trabalho de Lawrence não só permitiu a construção de aceleradores de partículas viáveis, como terá sido aquilo que iniciou a transição de ciência "pequena" - com investigadores a trabalharem em laboratórios individualmente ou com no máximo meia dúzia de colaboradores - para a ciência "grande" - com largas equipas de investigadores em áreas e com especialidades distintas. Se os primeiros cilotrões tinham apenas algumas polegadas de perímetro, hoje vemos o Large Hadron Collider do CERN com mais de 26 km de perímetro.
1979, Prémio Nobel da Paz
Madre Teresa, «pelo seu trabalho para trazer ajuda a humanidade em sofrimento».
1962, Prémio Nobel da Literatura
John Steinbeck, «pela sua escrita realística e imaginativa, combinando humor compreensivo e uma perspicaz percepção social».
Foi um prémio recebido criticamente, aparentemente com muitos comentadores na altura como considerando Steinbeck uma má escolha. O Comité Nobel terá decidido escolher Steinbeck como a melhor opção num grupo que consideravam relativamente mais fraco (e que incluía Karen Blixen). Pessoalmente considero-o um dos grandes autores do século XX.
1972, Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina
Gerald Edelman, Rodney Porter, «pelas suas descobertas acerca da estrutura química de anticorpos».