Esta noite tive um pesadelo. Sonhei que, na edição de 1 de Abril de 2017, o Expresso tinha uma notícia que era mentira. Vale a pena dizer que este pesadelo não foi completamente desfasado da realidade. O Expresso costuma publicar todos os anos a 1 de Abril uma notícia que é mentira. Em 2016, por exemplo, o Expresso noticiou que o Facebook iria "controlar as amizades de acordo com os gostos comuns e os rendimentos pessoais". Pois bem. No meu pesadelo, a notícia inventada do Expresso de 1 de Abril de 2017 era a "sondagem" de Mário Centeno para presidir ao Eurogrupo. Enfim, uma mentirinha inocente, sem consequências, facilmente identificável se pensássemos um bocadinho: improvável, inverosímil mesmo, sem qualquer fonte credível. Apesar disso, no meu pesadelo, a notícia começou a ser divulgada por outros órgãos de comunicação social. Sem que nada o fizesse prever, aquilo que era uma notícia sem pés nem cabeça, acabou por ganhar relevo e destaque. De tal forma que o próprio Presidente da República foi confrontado com ela. E comentou-a: que não tinha qualquer informação sobre o assunto, mas que preferia que o Ministro continuasse em Portugal, que era muito necessário e coiso e tal. No meu pesadelo, perante isto, os responsáveis do Expresso viram-se confrontados com uma decisão complicada. Ou divulgavam, como fazem todos os anos, qual a mentira de 1 de Abril que tinham noticiado e expunham os outros órgãos de comunicação social e, mais grave, o Presidente, ao rídiculo, ou faziam de conta como se o jornal se tivesse esquecido este ano de pregar a partida do costume. No meu pesadelo, os responsáveis do Expresso optaram por esta última hipótese, tendo em conta, aliás, o desconforto que o Palácio de Belém lhes fez chegar. No meu pesadelo as coisas foram assim mas felizmente tudo não passou de um pesadelo. Quando acordei fiquei mesmo muito aliviado. Ainda bem que o Presidente do meu país não andou a comentar, com pose de Estado, mentiras de 1 de Abril. Seria uma vergonha, não é? Só há uma coisa que me deixa um bocadinho preocupado. Já acordado, fui procurar a tal mentira de 1 de Abril de 2017 do Expresso. E não encontrei nenhuma referência do jornal ao tema. Estranho. Ainda mais se tivermos em conta que o Expresso publica sempre uma mentira de 1 de Abril.