Sun Tzu escrevia em inglês?
Na minha livraria preferida, espreito as novidades literárias. Novos romances, por exemplo. Há sempre vários à disposição dos leitores.
Pego num deles, espreito a primeira página. Traz citação. Coisa fina: é de Sun Tzu. A Arte da Guerra, clássico com várias traduções em português.
Mas esta citação surge em inglês, idioma que o admirável filósofo chinês, nascido no século VI antes de Cristo, não dominava. Desde logo porque a língua imortalizada por Shakespeare, Byron e Dickens só começou a generalizar-se, no seu figurino actual, cerca de mil anos depois.
Excluindo o chinês original, só faria sentido, portanto, que uma frase destas surgisse no nosso idioma como epígrafe de um romance escrito por um autor português e destinado a leitores portugueses. O inglês, aqui, indicia apenas aculturação bacoca e espúria. Algo digno de um pesca-frases em modo rápido nesse amplo mar da palha que é o Google.
Passei adiante, claro. Sem necessitar de ler mais nada.