Sobre o fim do mundo
O terramoto de 1755 - Pintura de João Glama Strobërle que pertence ao espólio do Museu Nacional e Arte Antiga
Se a vida na terra tivesse 24 horas, o ser humano teria aparecido apenas nos últimos minutos. Isto significa que o conceito do "fim do mundo" é geologicamente recente pois só existe desde que o primeiro humano formulou esse pensamento. Antes disso existia apenas mudança permanente e que afinal nunca foi interrompida.
Os equilíbrios da natureza são importantes porque dependemos deles, mas não são estáticos nem são definitivos.
A extinção de espécies é algo que aconteceu regularmente ao longo do comprido dia da vida na terra. Uma imensidão delas nem sequer fósseis nos deixaram e isso coloca-as em pé de igualdade com os dragões que, esses sim, nunca existiram. É triste saber que os ursos polares, uns animais fantásticos, irão provavelmente desaparecer, mas isso aconteceu regularmente desde que existe vida na terra.
Sem o aquecimento global que se verificou há cerca de 10.000 anos o gelo cobriria toda a Europa. A civilização como a conhecemos não teria acontecido e não estaríamos aqui a trocar ideias através da blogosfera, algo cujo conceito seria difícil de explicar há 50 anos.
Alguns ambientalistas criticam a espécie humana por se comportar como se estivesse no centro de toda a vida na terra. No minuto seguinte usam o futuro das próximas gerações de humanos como argumento de defesa das suas convicções. Não fazia mais sentido defender a natureza pelo que ela tem de fantástica?
O ponto óptimo de poluição não é a ausência de poluição. É claro que vivemos muito acima desse ponto óptimo e devemos fazer um esforço para a reduzir. Estou convicto da necessidade de se fazer um esforço para minimizar o impacto na natureza, principalmente porque… esta é extremamente bela.
Na dinâmica do combate às alterações climáticas, que no fundo não é mais do que um combate contra a mudança, existe uma histeria e uma vertente de fé que faz lembrar períodos na história em que se verificaram grandes catástrofes, como o terramoto de 1755 ou a peste negra. Nesses períodos conturbados sempre surgiram os pregadores do fim do mundo. Estas figuras apresentam-se como explicadoras do inexplicável e fonte de conforto a todos quantos queiram ouvir a mensagem de uma entidade superior.
Surgem ora com um sino, ora com um grande crucifixo, ora com os dois e garantem que todos os que almejem salvar a respectiva alma imortal devem deixar de pecar, arrepender-se, devem orar e devem sacrificar-se.
Actualizando a mensagem recomendo que:
Onde se lê deixar de pecar pode ler-se comprar um carro eléctrico.
Onde se lê arrepender-se pode ler-se viver como os Amish.
Onde se lê orar pode ler-se votar no PAN.
Onde se lê sacrificar-se pode ler-se ir de avião semanalmente para Bruxelas mas descarregar a consciência pagando a taxa de compensação pelas emissões de CO2.
Esta é a postura do PAN, da menina Greta e da sua legião de globetrotters passageiros frequentes das companhias de low cost.
Profetas do apocalipse existiram em todos os tempos e em todas as latitudes e sempre tentaram mudar o comportamento dos outros.
Se a mudança é permanente e se de facto estivermos a viver um período especial, o mais ajuizado será estarmos alerta e para tentar ser capaz de, como nos ensinou Darwin, se adaptar. A confirmar-se o que nos garantem os profetas desta nova religião, alguns territórios que agora tem um clima ameno podem vir a tornar-se inóspitos assim como o contrário. A geografia sempre foi um factor determinante no equilíbrio dos povos e das nações e isso não se alterará.
Só falta mesmo esperar pela confirmação das profecias.