Sobre a moção de censura
1 - Não há melhor justificação para uma moção de censura ao governo do que a morte trágica de mais de 110 portugueses em circunstâncias em que foi evidente o compadrio na nomeação para funções de liderança da Protecção Civil, a completa desorganização de meios, a imprudência na avaliação de informação que permitiria prever e prevenir o que veio a acontecer, a ausência de qualquer intenção voluntária de confortar as vítimas e tomar medidas estruturais e a boçalidade, frieza e falta de vergonha do discurso.
2 - Medidas legislativas adoptadas há 3 anos em matéria de liberalização do eucalipto, certas ou erradas, não podem ser consideradas causa directa de nada do que aconteceu. É do mais elementar bom-senso e afirmar o contrário é demagogia barata.
3 - Em todo o caso, se tivéssemos que fazer um exercício constante de avaliação do passado para aferir a legitimidade de posições presentes, dificilmente poderíamos aceitar soluções governativas suportadas por partidos que apoiam regimes que conduziram milhões de seres humanos à morte e à miséria ou um governo de um partido que levou o país à bancarrota há seis anos.