Sobre a Eutanásia (1)
Sempre que mais um tema dos chamados fraturantes regressa ao debate, lembro-me imediatamente da cabeça de vaca de que já aqui falei.
Há outra imagem que pode ilustrar o que se está a passar. Quando os criadores de gado sul-americanos transportam uma manada e têm de atravessar um rio com piranhas lançam um boi velho ou doente à frente e, enquanto o cardume o devora, eles sorrateiramente aproveitam para passar com a restante manada. Chamam-lhe o boi de piranha.
O factor cabeça de vaca, ou se preferirem boi de piranha, é perfeitamente conhecido do nosso hábil Primeiro-Ministro. No Governo de José Sócrates, em que António Costa era o número dois, o casamento gay teve esse mesmo efeito. Todos debatíamos e elaborávamos sobre princípios e critérios enquanto o país acelerava convicto rumo a mais uma falência das finanças públicas.
Em 2020 novamente enquanto durarem os rígidos rituais do debate, desta vez sobre a eutanásia, não se falará de:
- Quem sabia o quê sobre Tancos
- Processo Marquês
- Ultrapassagem da economia polaca
- Luanda Leaks (em que país da UE se terá passado algo suficiente grave para o Parlamento Europeu ter entendido que o branqueamento de capitais merece um novo plano de combate?)
- Das mortes nas salas de espera das urgências
- Das agressões a profissionais de saúde, de ensino e de segurança
- Do limite de 10 visitantes por ano aos residentes do centro descarbonizado de Lisboa
- Isenções fiscais dos partidos