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Delito de Opinião

Sinais de alarme

Pedro Correia, 31.03.17

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A moda dos alojamentos temporários, privilegiando a instalação ocasional de estrangeiros no centro das cidades enquanto se vão empurrando os habitantes permanentes cada vez mais para as periferias, ameaça implodir de vez o já débil mercado de arrendamento em Lisboa, que nem as imposições da tróica conseguiram dinamizar.

A um ritmo vertiginoso, a capital portuguesa continua a ser gerida muito mais em função de quem nos visita do que em função de quem cá vive ou aqui trabalha. O que está bem patente na licença já concedida à edificação de mais 40 hotéis na cidade até ao fim de 2017.

Até quando a pressão turística continuará a condicionar o mercado imobiliário, sem correcções nem ajustamentos que permitam conciliar os interesses de quem por cá passa com as legítimas expectativas de quem cá habita em permanência, sem aumentar ainda mais a distância diariamente percorrida entre locais de residência e postos de trabalho?

Enquanto os responsáveis alfacinhas se debruçam sobre esta questão, é tempo de perceberem os sinais de alerta que nos vão chegando de outras paragens, convertidas igualmente em destinos turísticos muito afamados. Para que a ganância desenfreada de uns quantos não acabe por matar em poucos anos a galinha dos ovos de ouro.

Aqui ficam alguns:

Maiorca esgotará em cinco anos o seu solo edificável.

Palma deixa de ter apartamentos para alugar.

Médicos de Ibiza vão dormir num velho hospital devido ao elevado preço da habitação na ilha.

Professores sem casa dormem em ginásios.

500 euros por viver numa varanda.

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