Sim, Senhor Ministro (29)
Sir Humphrey Appleby, secretário-geral vitalício do ministério - Não devemos retirar dinheiro destinado às artes e investi-lo em coisas como o futebol. Um clube de futebol é uma empresa comercial. Se tiver falta de dinheiro, nada justifica que receba subsídios.
Ministro dos Assuntos Administrativos, Jim Hacker - Porque não?
Sir Humphrey - Porque não?!
Ministro - Sim, porque não? Não há qualquer diferença entre um subsidio para as artes e um subsídio para o futebol- a não ser que existe muito mais gente interessada no futebol.
Sir Humphrey - A nossa herança cultural deve ser preservada!
Ministro -Para quê? Para pessoas como você.
Sir Humphrey - Para mim?!
Ministro - Para a classe média instruída. Porque há-de o resto do país subsidiar os prazeres minoritários da classe média - o teatro, a ópera ou o bailado? Neste país os subsídios às artes não passam de uma vigarice da classe média.
Sir Humphrey - Como pode dizer uma coisa dessas, senhor ministro? Subsidiar é educar, é preservar o mais importante da nossa civilização. Ainda não reparou nisso?
Ministro - Não venha com superioridades! Não há mal nenhum em subsidiar o desporto. O desporto faz parte da educação.
Sir Humphrey - Também existe educação sexual. Devemos subsidiar o sexo?
Ministro - Devemos escolher aquilo que merece ser subsidiado, de acordo com a vontade popular. Não tem mal nenhum, é democrático.
Sir Humphrey - Isso é perigosíssimo! De acordo com essa lógica, o que aconteceria à Royal Opera House, o ponto mais elevado das nossas conquistas culturais?
Ministro - A Ópera é um bom exemplo. O que é que eles apresentam lá? Mozart, Wagner, Verdi, Puccini... Alemães e italianos! Não tem nada a ver com a nossa cultura. Vamos subsidiar as potências do Eixo?
Sir Humphrey - São nossos parceiros europeus, senhor ministro.