Sim, Senhor Ministro (10)
Sir Humphrey Appleby - Bernard, o país é governado a partir das decisões que apresentamos aos ministros, não é?
Bernard Woolley - Claro que sim.
Sir Humphrey - Repare: se eles estivessem ao corrente dos factos, encontrariam neles inúmeras possibilidades e talvez até começassem a traçar planos próprios em vez de escolherem entre os dois ou três que nós elaboramos.
Bernard - Isso teria importância?
Sir Humphrey - Sim. Enquanto pudermos ser nós a elaborar as propostas, podemos orientá-los na direcção correcta.
Bernard - Podemos? Como?
Conselheiro amigo de Humphrey - É como um ilusionista. O truque das três cartas. Você sabe como é: dizemos para escolher uma e conseguimos que acabe por escolher aquela que nós queremos. O nosso truque é o das quatro palavras.
Sir Humphrey - Há quatro palavras sempre prontas a incluir numa proposta que o ministro acabará por aceitar.
Conselheiro - Rápido, simples, popular, barato. E há quatro outras palavras que levam qualquer proposta a ser rejeitada...
Sir Humphrey - ... Complicado, moroso, caro, controverso. E, para termos a certeza de que ele não aceita mesmo, devemos dizer que a decisão é corajosa.
Bernard - É pior ser corajosa do que ser controversa?
Sir Humphrey - "Controversa" significa apenas que o fará perder votos.
Conselheiro - Se eles estiverem a par de todos os factos em vez de estarem apenas ao corrente de algumas opções, são capazes de começar a pensar pela própria cabeça.
Bernard - E este sistema funciona?
Sir Humphrey - Claro que sim! Fez da Inglaterra o que é hoje.