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Delito de Opinião

Sim. Não. Talvez. O melhor é parar.

Diogo Noivo, 17.07.18

Houve roubo. Se calhar não houve roubo. Houve roubo, mas o armamento está obsoleto. Pensando melhor, só parte do armamento está obsoleto. Entretanto, o armamento foi recuperado. Está tudo bem. Aliás, recuperou-se mais do que tinha sido roubado. Até ficámos a ganhar. Tudo graças a uma chamada anónima. O mérito foi desta chamada, mas o Secretário Geral da NATO felicitou o Ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes pela recuperação do material roubado – pelo menos foi isso o que o referido Ministro disse à imprensa, sem o menor sinal de assombro nem qualquer sinal do Secretário Geral da NATO. Antes, em entrevista à SIC, também sem qualquer demonstração de pudor, Azeredo Lopes disse “para não pensarmos que somos anormais no contexto europeu e mundial, basta procurar 'roubo de armamento militar' no Google e vamos chegar a conclusões interessantes”, sendo que a única conclusão é a de que nunca tinham sido roubadas tantas armas antitanque num país da Aliança Atlântica. Pelo meio houve um relatório fabricado. Mas não há problema porque o material foi todo recuperado. Bom, afinal não, ainda há explosivos à solta.

Parece um sketch dos Gato Fedorento, mas não é. O caso de Tancos, cujo resumo consta no parágrafo anterior, jorra incúria, inépcia e descaramento q.b. Note-se que estamos a falar de uma área de soberania. Note-se também que cargas explosivas não são caixas de aspirinas subtraídas a um qualquer hospital público. Independentemente do apuramento dos detalhes e da identificação dos autores morais e materiais do crime, num Estado de Direito com um módico de escrutínio sobre a actividade dos poderes públicos já haveria gente destituída das funções que manifestamente não consegue cumprir.

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