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Delito de Opinião

Sete meses a Balões

Maria Dulce Fernandes, 28.10.25

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Este Verão, foi o Verão do nosso descontentamento. Difícil, dorido, aflitivo, mas energizado na medida do possível, tentando que a diversidade escondesse a adversidade, porque cair ou deixar cair nunca foi opção.

A partir do final de Julho, a rotina criada em Maio teve de ser repensada e recriada para suprir a falta das actividades das escolas e centros de ATL.

As crianças estavam de férias!

Com tanto o que fazer, foi imperativo fazer tempo para eles.

Pedir o passe da Carris Metropolitana para os miúdos foi uma ideia de truz. Os meus netos, à semelhança de milhares de outras crianças, nunca tinham viajado nos transportes públicos! Coordenando horários com os dias programados no calendário dos pais, começámos por andar de autocarro, seguiu-se o metropolitano, o eléctrico, o comboio e o barco. E repetimos linhas diferentes em dias diferentes. Caminhámos por grande parte de Lisboa. Visitámos o Quake, a exposição de Lego na Cordoaria Nacional, a exposição 3D, o Planetário, o Museu de Marinha, o Pavilhão do Conhecimento onde a exposição da Pixar sobre técnicas de animação fez as delícias da minha neta, fomos a Algés ao Aquário Vasco da Gama e, entre outras passeatas, descemos o Parque Eduardo VII até ao Marquês de Pombal, o que deixou o meu neto Superleão tão feliz, que nem tenho palavras; veio aquele petiz de seis anos, durante todo o caminho de regresso, a cantar que o seu amor é verde e branco…

Como estou um tanto dada a títulos, pensei muitas vezes que seria fabuloso adormecer, e acordar quando Setembro chegasse ao fim. Setembro foi também complicado, sem dias nem horas certas e também sem quaisquer certezas.

Finalmente entrou Outubro e trouxe consigo alguma normalidade. As escolas estavam a funcionar com professores e também greves à vista, a actividade hídrica sénior recomeçou a operar nas piscinas do costume e as respostas vieram finalmente, e eram boas as respostas. Eram muito boas. Podíamos todos finalmente respirar fundo. Podíamos encetar com confiança a nova normalidade que, sendo diferente, trataríamos de a tornar mas o mais igual possível.

Aprendi muito, nestes sete meses. Fiz muita pesquisa, muitos cozinhados com produtos essenciais à imunologia, usei tudo o que tinha vitaminas, proteínas e calorias qb, deixei de lado o açúcar branco refinado, usei e abusei das especiarias que reforçam o sistema imunitário…

Iscas à portuguesa às quintas-feiras… nem me incomodou se não gostavam, passaram a gostar…

O meu marido e eu fomos avós, pais, enfermeiros, cozinheiros, cuidadores, pau para toda a obra… pela parte que me toca, fui principalmente palhaço, agarrando com unhas e dentes essa arte tão nobre que faz arrancar risos e sorrisos quando por dentro a tristeza ameaça inundar os olhos a qualquer momento.

Sinto-me bastante gasta mas muito grata, e ainda há muita estrada para andar. Como tal, já fizemos alguns planos para um divertido jantar de Halloween e uns outros para muitas mais viagens em transportes públicos nas férias do Natal, que estão quase aí à porta, neste ano da nossa Fórmula1, em que era prioridade atravessar a meta com boa classificação e manter sempre a pole position.

Ver a saúde de regresso e a trazer com ela cor e força e contemplar as crianças felizes e interessadas é seguramente a minha poção mágica. 

Assim possa ser.

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