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Delito de Opinião

Senhor, falta cumprir-se Portugal

Paulo Sousa, 26.09.19

Nestes dias o principal assunto nos Emirados Árabes Unidos é a chegada de Hazza Al Mansouri, o primeiro astronauta emiradense (ou emirático) à Estação Espacial Internacional.

Chegou hoje pela manhã e de acordo com a Wikipédia é o seu 228º visitante, representando a 19ª nacionalidade a fazer-se presente neste veículo que se pode definir sem metáforas como sendo uma das fronteiras do conhecimento.

Além das bandeiras mais habituais nestas paranças, já por lá andaram um belga, um sueco, um dinamarquês, um cazaque, um sul-africano, um malaio e um espanhol.

Não consigo ficar indiferente quando olho isto e de seguida para aquilo que fomos e somos.

A importância que o nosso país, uma nação antiga, no contributo da descoberta das costas do mundo inteiro e na recolha de informação para que se pudessem desenhar os mapas e assim conhecer o globo onde vivemos esgotou-se há muito.

O tempo passou e no sec XXI a nossa mais recente conquista foi conseguir trocar défice financeiro por défice nos serviços públicos.

Tentamos esquecer que o quadro de pessoal do império português, na sua versão mais extensa do Brasil ao Japão, não ultrapassava 6000 pessoas, clérigos incluídos. Hoje temos mais de meio milhão de servidores públicos mas, ao contrário do que aconteceu no passado, vivemos obcecados com o próprio umbigo.

Nos tempos em que desbravamos o desconhecimento e vivemos na fronteira de ciência aportamos em muitas latitudes e também no desértico e desinteressante território onde Hazza Al Mansouri nasceu. Hoje o país dele ambiciona em sentar-se a bordo da ISS enquanto que no país dos outrora descobridores se discute quem é que sabia o quê e quem que é que anda a mentir.

Neste tempo sobressaltado de eleições gostava que pelo menos um dos candidatos se propusesse a nos levar pela mão e nos transmitisse a ambição de regressarmos às franjas do conhecimento, onde já fomos felizes para que então, como nos disse Pessoa, se cumprisse Portugal.

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