Sebastião Bugalho
Só se fala de Sebastião Bugalho, que corre o mesmo risco do Chega: à força de se falar nele muitos eleitores abstencionistas correm a votar.
A lista de defeitos é impressionante:
Tem apenas 28 anos, sinal seguro de falta de experiência. É certo que Miguel Ângelo já tinha pintado o tecto da Capela Sistina antes dos 30 e Mozart com 25 já ia em 5 sinfonias e uma caterva de outras composições, “Che” Guevara já se repoltreava em Havana com 31 anos e William Pitt chegou a primeiro-ministro do Reino Unido com 24 anos – exemplos de gente imatura com realizações notáveis (Che era um patife mas ilustra o ponto) é o que não falta.
A carreira política, salvo uma fugaz passagem pelo CDS, inexiste. Formalmente, porque na realidade nunca como comentador ninguém o tomou por uma pessoa de esquerda. A tal ponto que ficou, e é, muito mais notável e influenciador que não poucos deputados mesmo que com mais de um mandato, secretários de Estado e até ministros.
Comentador? Diabo, em centenas de intervenções alguém escabichará algumas contradições ou mudanças de opinião. E pior, é certo e seguro que nunca hesitou em amarrar ao pelourinho da execração pública tanto políticas como políticos da sua área. Em aspectos menores, dir-se-á. Sem dúvida, mas é lícito perguntar se precisamos de políticos independentes que pensem pela sua cabeça em vez de seguirem disciplinadamente a voz do chefe. Hesito.
Finalmente, num tempo em que se vive de aparências dizem-me amigas que é atraente e veste e fala bem. Encaro isto com grandes reservas: não me parecem razões adjuvantes para votar nele e vejo com maus olhos que, albergando tais pontos de vista, tenham um voto que vale tanto como o meu.
Se bem que, tudo visto e ponderado, acho que também vou votar nele. Do que se faz no Parlamento Europeu, lá longe, ninguém está verdadeiramente ao corrente. Mas fico mais descansado se souber que lá está um Português saudavelmente de direita, tolerante, dono da sua cabeça e sem vocação de apparatchik.
