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Delito de Opinião

Saudosismo

Coisas da meninice neste Dia da Criança

Maria Dulce Fernandes, 01.06.23

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As aulas começavam às 8 horas e de casa ao Liceu eram 15 minutos de autocarro, ou meia hora a pé. A minha mãe dava-me diariamente 1 escudo para os bilhetes do 27, um verde da Carris, ou do 18, um amarelo que saía de Belém para a Praça do Comércio e passava pela Rua da Junqueira. Eu preferia sair mais cedo, ir a pé e guardar o dinheiro para comprar coisas boas na cantina. Havia de tudo e era tudo muito bom. Os bolos, os bombons, as bombocas, as batatas fritas, os nougats e as sandes de queijo ou fiambre, feitas num pãozinho enfarinhado e leve com muito miolo e um fiambre delicioso. Preferi muitas vezes a sandocha aos doces.
Lembro-me das sandes de fiambre do Liceu sempre que se compra fiambre para ter em casa. O pão é o que é, uma tristeza, mas o fiambre, esse então é aguado, não dura mais do que um dia, não sabe a fiambre, não presta. Mesmo aquele xpto da marca nacional mais conhecida em produtos de charcutaria, comprado ao balcão e cortado na hora, passado um dia  já sabe mal, independentemente das caixas de vácuo onde o acondiciono.
As saudade que eu tenho de uma bela sandes de fiambre saborosa, num papo-seco enfarinhado e com miolo, que se podia comer no dia seguinte sem partir um dente ou dois, que comprava na cantina do Liceu e que marcou mais vivamente a memória dos meus doze do que ter sido "senhora" ou um buço escuro persistente ter começado a despontar, realçando ainda mais o meu nariz de Cleópatra.

(Imagens Google)

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