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Delito de Opinião

Rússia: opositor assassinado é "dissidente"

Pedro Correia, 18.02.24

Na chamada "estação pública de televisão" oiço alguém introduzir o tema do homicídio de Alexei Navalny, vítima de sentença de morte extrajudicial decretada pelo ditador de Moscovo, chamando «dissidente» ao assassinado num presídio da Sibéria.

Voltamos à questão de sempre. Se alguém contesta uma ditadura de um determinado quadrante ideológico é denominado opositor. Mas se o mesmo ocorre numa ditadura de outro quadrante ideológico, não é opositor, mas "dissidente". Isto equivale a dizer que, nestes casos, a normalidade é a ditadura - aliás nunca assumida como tal. "Dissidência" é fuga à norma - penalizada, portanto, no discurso jornalístico corrente. Pelo menos no discurso que ouvi na RTP.

 

Como escrevi aqui, um democrata é um democrata - nunca um dissidente. E um opositor é um opositor, ponto final. 

Chamar «dissidente» a Navalny é injuriar a memória deste mártir da liberdade asfixiada na Rússia. É contemporizar com a tirania putinista, que nem permite à mãe de Navalny ter acesso ao corpo do filho - algo impensável até noutros regimes ditatoriais. Certamente com receio do que uma autópsia independente pudesse confirmar: o mais corajoso opositor de Putin foi mesmo assassinado, aos 47 anos.

Às ordens do senhor absoluto do Kremlin, herdeiro espiritual de Estaline. 

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