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Delito de Opinião

Rui Rio e o "novo PSD"

Pedro Correia, 16.02.18

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Rui Rio, desaparecido em combate desde que venceu a eleição interna há mais de um mês, ressurgirá hoje na sessão inaugural do congresso do PSD.

Chega envolto numa névoa de interrogações.

Trará ele ideias inovadoras? Conseguirá "regenerar o partido", como prometem os seus mais firmes apoiantes e vem advogando há anos o seu principal ideólogo, Pacheco Pereira?

 

Da recente campanha eleitoral, ressaltaram três pontos do pensamento do novo presidente do PSD:

- Abertura à formação de um bloco central, prontificando-se a viabilizar um novo governo socialista que possa dispensar o apoio parlamentar de comunistas e bloquistas;

- Deslocação do PSD do centro-direita para o centro-esquerda, em nome da suposta matriz original do partido, abrindo assim espaço à progressão do CDS a nível nacional como já sucedeu nas autárquicas em Lisboa;

- Reafirmação da social-democracia como modelo ideológico do partido, renegando os modelos conservador e liberal, numa altura em que os partidos sociais-democratas estão em regressão em todo o espaço político europeu - como as eleições de 2017 na Holanda, Bulgária, França, Reino Unido, AlemanhaÁustriaRepública Checa e as eleições parlamentares realizadas no ano anterior em Espanha demonstraram.

 

Acredito que Rio seja consequente com este pensamento. E como a política vive muito de actos simbólicos, aguardo que aproveite este conclave laranja para anunciar a retirada do PSD do Partido Popular Europeu, que agrupa a família política conservadora, por troca com o Partido Socialista Europeu, que congrega a social-democracia e o trabalhismo representados nas instituições parlamentares de Bruxelas e Estrasburgo.

Com um só gesto, vira o PSD à esquerda, abraça sem reservas a social-democracia como família europeia do partido que agora lidera e começa a preparar terreno para uma futura coligação com o PS.

Os dirigentes visionários comportam-se assim. Dele, confesso, não espero menos que isto.

6 comentários

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    Pedro Correia 16.02.2018

    Na política, como no futebol, o que hoje é verdade amanhã é mentira. Ou, em sentido ainda mais figurado, o que ontem era Branquinho hoje é Negrão.
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    Vlad, o Emborcador 16.02.2018

    Mais que a ideologia, é a falta dela que corrói a Democracia. Ou dito de outra forma, tem sido a pós ideologia e não o excesso de ideologia a doença democrática
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    Pedro Correia 16.02.2018

    A ideologia já era. Está no caixote do lixo da história.
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    Justiniano 16.02.2018

    Meus caros, nem tão ao mar nem tanto à terra!!
    É evidente que a ideologia não morreu. Ainda não nasceu, talvez!! À séria.
    Sá Carneiro não era o Kautsky, estava longe da coisa. E, contudo, tinha uma sólida construção ideológica genuinamente portuguesa e do seu tempo. Chamou-lhe social democracia portuguesa. Humanista, liberal e progressista (apesar de Sá Carneiro não ser um conservador, afirmava o PPD PSD como a síntese histórica de portugal e anti jacobino). Um verdadeiro albergue espanhol que de tanta ideologia afirmar mais parece que não tem nenhuma.
    O tempo civilizacional Europeu do pós guerra é a construção do Estado Social de direito. A nossa constituição, revista, editada e actualizada, explica melhor o compromisso entre o Estado de direito liberal que será a matriz de aplicabilidade directa das normas mais densificadas da constituição e a construção do Estado Social de direito. As liberdades, onde se inclui a liberdade económica, e as restrições às mesmas liberdades fundadas em princípios de socialidade! Não há, em Portugal, ninguém, exceptuando uma meia dúzia de alucinados, que não defenda o Estado Social de Direito. Que genuinamente o não queira preservar ou mesmo, nos limites do possível, alargar o seu universo de aplicação.
    Esta é a matriz ideológica de todo o Ocidente, da extrema direita à extrema esquerda e de todos os espectros políticos possíveis e relevantes.
    Se lhe quiserem chamar social democracia, chamem-lhe. Somos todos, então, sociais democratas!
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    Vlad, o Emborcador 16.02.2018

    Quem escreve assim não treme.
    Deixe-me imaginar ter sido um escrito meu
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