Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Rogério Alves: «Chorei pela última vez no dia 24 de Abril de 1974»

Quem fala assim... (43)

Pedro Correia, 24.07.21

Rogerio-Alves.jpg

 

«Gosto muito mais de conduzir, em sentido próprio e em sentido lato»

 

Foi o mais jovem bastonário da Ordem dos Advogados - função que desempenhou entre 2005 e 2007. Hoje os portugueses conhecem-no sobretudo por ser presidente da Assembleia Geral do Sporting, cargo que já ocupava, num primeiro mandato, quando o entrevistei. Confirmando nesta conversa telefónica o que já lhe conhecia anos antes, dos bancos da faculdade: o seu sentido de humor e a sua imensa facilidade em comunicar.

 

Tem medo de quê?

Do discurso dos demagogos, do poder dos medíocres e da sua relação causa-efeito.

Gostaria de viver num hotel?

Há hotéis magníficos. Mas prefiro viver em casa.

A sua bebida preferida?

Apesar da vastíssima gama de tentações, continuo fiel à cerveja.

Tem alguma pedra no sapato?

Não. Porque não conseguiria viver com ela durante muito tempo.

Que número calça?

43.

Que livro anda a ler?

Um livro de David Yallop intitulado Em Nome de Deus, sobre a morte do Papa João Paulo I. E releio o Dom Quixote, um prazer imenso.

Tem muitos à cabeceira?

Costumo ter bastantes, de temáticas diferentes, tanto quanto a vastidão dos meus interesses.

A sua personagem de ficção favorita?

O Astérix.

Rir é o melhor remédio?

Não tenho a mais pequena dúvida. Gosto muito de rir, de fazer rir e que me façam rir. Felizmente em Portugal não faltam episódios e personagens hilariantes.

Lembra-se da última vez em que chorou?

Em 24 de Abril de 1974. Não por qualquer premonição, mas porque nesse dia o Sporting foi eliminado pelo Magdeburgo nas meias-finais da Taça das Taças. Ainda não havia sistema, mas parecia.

Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?

Gosto muito mais de conduzir, em sentido estrito e em sentido lato.

É bom transgredir os limites?

É bom, mas custa caro. Dizia o Bertrand Russell que a nossa consciência é o medo que os outros descubram.

Qual é o seu prato favorito?

Um magnífico bife com batatas fritas e o competente ovo a cavalo.

Qual é o pecado capital pratica com mais frequência?

A gula. Pratico-o em pensamentos, actos e poucas omissões.

Costuma cantar no duche?

Gosto muito de cantar, embora não goste de dar música.

E a música da sua vida?

Escolho duas: Shine on your crazy diamond (dos Pink Floyd) e My Way (de Frank Sinatra).

Sugere alguma alteração ao hino nacional?

Para proteger a longevidade do hino, sugiro que se abra um amplo debate que espero que seja, como os demais, tendencialmente inconclusivo.

Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?

Com Nelson Mandela [falecido em Dezembro de 2013].

As aparências iludem?

E muito! Não se deve confundir uma obra-prima de mestre com a prima do mestre-de-obras.

Qual é a peça de vestuário que prefere?

Uns jeans.

O seu maior sonho?

Ter ainda tempo e força para deixar aos meus filhos e aos filhos dos outros um mundo muito melhor.

E o maior pesadelo?

Não conseguir inverter a onda de egoísmo que grassa entre as pessoas - directamente proporcional ao número de vezes em que falamos de solidariedade.

O que o irrita profundamente?

Em concreto, a falta de pontualidade. Mais genericamente, a frequente vitória da demagogia sobre a pedagogia.

A melhor forma de relaxar?

Ouvir música enquanto se tem um bom diálogo com bons amigos.

O que faria se fosse milionário?

Gastaria dinheiro com frequência regular em coisas úteis e boas para mim, os meus e os outros.

Casamentos gay. de acordo?

Confesso que é uma ideia à qual não me consigo adaptar. Não por preconceito mas por conceito.

Uma mulher bonita?

Raquel Welch. E Sharon Stone.

Acredita no paraíso?

Acredito na vida para além da morte - e espero bem que seja um paraíso.

Tem um lema?

Querer é poder.

 

Entrevista publicada no Diário de Notícias (19 de Julho de 2008)

1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.