Rio deixa marca na testa do PSD
Rui Rio, suposto "líder da oposição", continua a tratar o Governo liderado pelo seu amigo António Costa com a delicadeza de um nenúfar. Acentuando, de caminho, o estendal de trapalhadas em que vem enredando o partido desde que iniciou o trajecto regular Porto-Lisboa, vai para três meses.
A mais recente surgiu agora, quando desautorizou Ricardo Baptista Leite, coordenador da bancada social-democrata para as questões da saúde. O deputado visou numa intervenção muito crítica o ministro Adalberto Campos Fernandes, culminando no pedido de demissão do titular da pasta da Saúde. Motivo: este responsável - confrontado com uma onda de greves no sector e o escândalo da ala de oncologia pediátrica do hospital de São João - transformou o Serviço Nacional de Saúde no "Serviço Nacional da Doença" .
O ministro não gostou, claro. Embora já deva estar habituado a isto, na medida em que a sua demissão tem vindo a ser sugerida por vários profissionais da saúde. E logo Rio saiu em defesa de Campos Fernandes, lembrando que compete ao chefe do Governo ponderar sobre o destino dos ministros. "Não é o meu estilo", acrescentou, demarcando-se da intervenção do seu deputado.
Especializando-se na oposição à oposição, o sucessor de Passos Coelho na presidência do PSD vai deixando assim uma marca inconfundível na testa do partido a que aspírava liderar há pelo menos uma década. Eis o resultado: na semana em que o PS, desgastado pelos casos Sócrates e Pinho, cai na sondagem do Expresso, o PSD cai na mesma proporção em vez de subir.
Até nisto Costa e Rio andam irmanados. Unidos na doença e na saúde: só a sorte pode separá-los.