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Delito de Opinião

Rio de trapalhada em trapalhada

Pedro Correia, 26.02.18

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 Rui com Elina Fraga: cumprida a lei das quotas

 

Diziam que Santana Lopes é que era o homem das trapalhadas: não sei se continuarão a dizer o mesmo após a subida de Rui Rio à liderança do PSD.

É muito difícil alguém fazer mais asneiras em tão pouco tempo. E o sucessor de Passos Coelho promete não ficar por aqui. Aposto que vêm muitas outras a caminho.

 

Começou por indicar Elina Fraga, ex-bastonária dos Advogados que nunca ninguém tinha associado ao PSD, para vice-presidente da Comissão Política Nacional. A senhora assentou praça em general, ao que parece, para cumprimento da regra das quotas femininas: nem Rio nem ninguém por ele tiveram o cuidado de fazer o trabalho de casa prévio.

Se o tivessem feito, como mandaria o bom senso e ditaria o mais elementar profissionalismo político, verificariam que a ex-bastonária nunca poderia ser premiada com semelhante cargo na medida em que passara a legislatura anterior a combater o PSD enquanto Governo - ao ponto de ter apresentado queixas-crimes contra os membros desse Executivo, incluindo o primeiro-ministro e a ministra da Justiça.

"Os nomes ficaram fechados há bastante tempo, mas ainda era preciso arranjar mulheres, nos últimos dias", confessou um dirigente do partido à revista Sábado. Eis o primado da urgência a sobrepor-se ao primado da competência.

 

Depois, deu ordem de despejo ao líder parlamentar, que fora eleito em Julho por uma esmagadora maioria: 85,4% dos deputados sociais-democratas (76 votos favoráveis, 12 brancos e um nulo). Pôr em causa a autonomia da bancada ao designar sucessor para Hugo Soares: chamou uma pessoa estimável, Fernando Negrão, mas que nunca se evidenciou como deputado, apesar de estar no Parlamento desde 2002, nem parece ter as qualidades necessárias para mobilizar os seus pares.

A prova ficou à vista no próprio momento da votação: o indigitado líder parlamentar recolheu apenas 39,7% de votos favoráveis (35, contra 32 brancos e 21 nulos). Quase dois terços rejeitaram-no. Outro, no seu lugar, cessaria funções antes de começar, vergando-se ao veredicto dos boletins de voto. Mas ele persistiu e até brindou os colegas com uma pérola filosófica, salientando que na bancada que vai chefiar existe "um problema de natureza ética". Notável.

 

A seguir, Rio correu a conferenciar com António Costa, procurando confundir os comentadores que insistem em mencionar o PSD como partido da oposição.

Antes de falar com os deputados do seu partido ou de reunir a própria Comissão Política Nacional dos sociais-democratas, fechou-se na residência oficial de São Bento com o chefe do Governo, tendo ambos chegado a acordo sobre a necessidade de estabelecerem "pactos de regime", nomeadamente em áreas da governação ligadas às políticas de descentralização e à gestão dos fundos europeus.

 

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 Ameaças internas: ou apoiam o líder ou haverá purgas

 

Erros atrás de erros por parte do homem que quer mudar o funcionamento da justiça mas nada disse de concreto sobre o tema no recente congresso e já vê alguns dos seus apoiantes mais notórios apontarem a porta da rua aos críticos, o que diz muito sobre o espírito de "tolerância" da nova equipa dirigente, que parece confundir o PSD com o Partido Comunista.

Para compensar, prepara-se para acolher o regresso de António Capucho, ex-dirigente expulso por ter integrado candidaturas políticas alternativas à do partido e se distinguiu nas europeias de 2014 como fervoroso apoiante de António José Seguro e nas legislativas de 2015 como entusiástico votante de António Costa.

"O saldo é positivo, já que os principais índices que interessam aos eleitores são animadores. As pessoas estão contentes", diz agora Capucho em entrevista ao Sol. Apetece perguntar-lhe por que motivo quer voltar ao PSD se faz tão boa avaliação do exercício governativo do partido que apoiou em Outubro de 2015.

É já o espírito do bloco central a pairar na nova gerência da Rua de São Caetano à Lapa: se não podes vencer Costa, junta-te a ele. Não admira assim que por estes dias o primeiro-ministro exiba um sorriso cada vez mais beatífico e prazenteiro.

2 comentários

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    Lucklucky 27.02.2018

    Continuas a inventar Vlad.

    Diz-me lá quais foram as políticas de impostos do "neoliberal" Passos e como se distinguem do Socialismo.

    O Passos defendeu uma flat rate de 20%? Tem piada mas não notei.

    Promoveu a baixa de impostos generalizado? Tem piada não notei.

    Oops, vi que ele criou novo imposto consignados aos "artistas" mas parece que a consignação é proibida pela Constituição. Mas como os "artistas" têm os jornalistas do seu lado nada aconteceu. Mais uma violação da Constituição.

    Passos diminuiu o poder do Estado espiar os cidadãos e reduziu o poder do Estado no uso de intimidação contra os Cidadãos com a diminuição e fim das "Autoridades"?

    Não, pelo contrário reforçou o seu poder.



    Resumindo, mentes Vlad, Passos é mais um Socialista membro do https://en.wikipedia.org/wiki/Managerial_state
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