Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Respiração assistida

Pedro Correia, 21.02.15

TSIPRAS-VAROUFAKIS[1].jpg

 

A economia grega ganhou ontem, in extremis, quatro meses suplementares de respiração assistida, quando se torna bem evidente que não consegue recapitalizar-se nos mercados financeiros.


Neste processo, que tem dominado as manchetes no continente, várias promessas eleitorais do Syriza já ficaram pelo caminho:
- Fim do programa de assistência externa;

- Conferência europeia para a supressão parcial da dívida;

- Obtenção de ajuda financeira sem contrapartida em austeridade;
- Dívida remanescente indexada à taxa do crescimento económico;
- Moratória para o serviço da dívida;
- Reposição do salário mínimo;
- Electricidade grátis para 300 mil famílias;
- Aumento do investimento público em 4 mil milhões de euros;
- Exigência à Alemanha do pagamento de indemnizações de guerra.

Tudo isto decorre num cenário de rápida deterioração do sistema financeiro helénico.

Desde Dezembro, voaram dos bancos gregos cerca de 25 mil milhões de euros em depósitos. Só nos últimos dois dias foram levantados mil milhões de euros.
Confrontado com gravíssimos problemas de tesouraria e a quebra acentuada das receitas fiscais, sem acesso a vias de financiamento autónomo, o executivo de Atenas cedeu a todas as exigências da Alemanha apesar das bravatas para consumo propagandístico interno, replicadas pelos partidos congéneres que persistem em confundir desejos com a realidade.

E agora?

A Grécia tem um prazo de 72 horas para apresentar um plano de novas medidas de contenção financeira que deverá merecer o aval do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional. E terá que se reger pelo memorando assinado em 2012 pela antiga coligação governamental.

Os parceiros europeus não deixaram lugar a dúvidas: o ajustamento orçamental em Atenas é matéria inegociável.

Recapitulemos: o que dizia Alexis Tsipras antes das recentes legislativas, entre bravatas eleiçoeiras sobre "soberania nacional"?
Que com ele no governo os credores deixariam de ditar as regras.
Mas nada mudou de essencial.

Eis os factos.
Prejudicam a retórica ideológica dominante nos debates cá do burgo, é certo. Mas têm uma força imparável. Superior a toda a retórica, por mais torrencial que seja.

2 comentários

  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 22.02.2015

    Felizmente temos sempre a oportunidade de beber de boas fontes. Sobre o assunto em causa, aqui vão algumas a que mais recorro:
    Reuters
    http://www.reuters.com/article/2015/02/21/us-eurozone-greece-idUSKBN0LO0O620150221
    Financial Times
    http://www.ft.com/intl/cms/s/0/808f5fb0-b90e-11e4
    El Mundo
    http://www.elmundo.es/economia/2015/02/21/54e7a792ca4741a9698b4574.html
    El País
    http://internacional.elpais.com/internacional/2015/02/21/actualidad/1424553258_967410.html
    BBC
    http://www.bbc.com/news/world-europe-31567619
    Wall Street Journal
    http://blogs.wsj.com/briefly/2015/02/20/greece-bailout-extension-5-things-to-know/
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.