Resistência em alemão (12)
Alfred Delp
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Alfred Friedrich Delp nasceu a 15 de Setembro de 1907, em Mannheim. Era o mais velho de seis irmãos, mas, à altura do seu nascimento, os pais não eram casados e Alfred nasceu num lar de grávidas, pertencente à Ordem dos Jesuítas, onde foi igualmente baptizado. A mãe era católica, mas o pai era luterano. Acabaram por casar catolicamente e o pai, Johann Delp, teve de assinar uma declaração, onde se comprometia a deixar baptizar e educar as crianças que adviessem do seu casamento na Igreja Católica.
Esta promessa, porém, não foi cumprida, pois o casal foi viver com os pais protestantes de Johann Delp e a avó, orgulhosa da sua herança luterana, educou os netos na sua religião. Os conflitos na família eram constantes. Alfred chegou a fazer a “confirmação” (comunhão protestante), mas, depois de uma discussão com o pastor luterano, fez a primeira comunhão e recebeu o crisma.
Assim que acabou o liceu, Alfred Delp ingressou na Ordem dos Jesuítas, onde fez a sua formação superior. Foi ordenado padre em 1937 e colocado numa paróquia de Munique. Escrevia para a revista dos Jesuítas alemães, Stimmen der Zeit (Vozes do Tempo) que, desde a sua fundação, em 1865, se ocupava do papel da Igreja Católica na sociedade. Os artigos de Alfred Delp versavam sobre uma sociedade baseada nos princípios cristãos. A revista foi proibida pelos nazis, em Junho de 1941, só tornando a poder ser publicada em Outubro de 1946.
A partir de 1942, Alfred Delp começou a colaborar com o “Círculo de Kreisau” (Kreisauer Kreis), um movimento crítico do regime nazi, dirigido pelo conde von Moltke. O “Círculo de Kreisau” tentava desenvolver um modelo de sociedade depois do colapso do nazismo. Com a sua participação, Alfred Delp pretendia reforçar a orientação cristã na Alemanha a reconstruir.
O “Círculo de Kreisau” tinha contactos com os envolvidos no atentado a Hitler, de 20 de Julho de 1944, e, apesar de não estar envolvido nestes planos, Alfred Delp foi preso, cerca de uma semana mais tarde, ao terminar de rezar a missa matinal, na igreja de São Jorge, em Munique. O Tribunal reconheceu a sua inocência em relação ao atentado, mas a sua participação no “Círculo de Kreisau” e a sua acção social como padre Jesuíta foram suficientes para o condenar à morte por enforcamento. A Gestapo chegou a propor-lhe a libertação em troca do seu abandono da Ordem dos Jesuítas, mas ele recusou.
Alfred Delp no julgamento que o condenou à morte
Numa carta escrita na prisão, Alfred Delp dizia:
«Não sei quanto tempo tenho de esperar, nem sequer se serei executado. Daqui ao cadafalso de Plötzensee são apenas dez minutos de carro. Só nos informam pouco antes, só no próprio dia nos dizem: chegou a tua vez (…) Esforçar-me-ei por ser semente fértil, neste chão, para todos vocês, por este país e por este povo, a quem pretendi servir e ajudar» (tradução minha, do alemão).
Alfred Delp foi executado a 2 de Fevereiro de 1945. A caminho do cadafalso, disse ao confessor prisional: «Daqui a momentos, saberei mais do que o senhor».
O seu nome foi dado a inúmeras ruas, escolas, liceus, colégios, lares estudantis, casas paroquiais e centros de convívio juvenis. A conferência episcopal alemã incluiu-o no Martirológio do século XX.
Os pensamentos de Alfred Delp, principalmente, os escritos na prisão, foram reunidos em livros e alguns deles estão traduzidos, pelo menos, em inglês. Escreveu muitos desses papéis algemado, pois, além de ser regularmente torturado, havia alturas, em que, durante semanas, não lhe tiravam as algemas, nem para dormir, assim como não lhe apagavam a luz na sua cela.
«Pensámos apenas. Vamos ser executados, porque pensámos juntos. Se isto não é um reconhecimento!»
(Wir haben nur gedacht. Wir werden gehenkt, weil wir zusammen gedacht haben. Wenn das nicht ein Kompliment ist!)