Essa de "pedir desculpa pelo Iraque e conversar" é particularmente fantástica. Com desculpas e conversa (e porque não á mesa, já agora?), tudo se arranja. A culpa deve mesmo ser de belgas e franceses, curiosamente de dois países que estiveram contra a guerra do Iraque, sobretudo a França.
Eu recomendaria que os proponentes do pedido de desculpas fossem eles próprios a Raqqha conversar e desculpar-se em nome dos seus tirânicos líderes. Devem conseguir um belíssimo resultado.
Essa é a argumentação tipo-formulário que uns tantos logo disparam perante mais um atentado terrorista, João Pedro. O rigor factual interessa-lhes tanto como o sangue das vítimas.
Estão do lado de cá, mas sentem-se irmanados com os mentores e autores do terror no ódio às liberdades aqui existentes. A liberdade, para eles, funciona como mero instrumento vocal para defender a sua supressão. Cultivam a novilíngua que, como nos ensinou Orwell, constitui o exemplo supremo de perversão ideológica: cada palavra é usada para exprimir o seu contrário.
De Anónimo a 03.04.2016 às 12:20
"Cultivam a novilíngua que, como nos ensinou Orwell, constitui o exemplo supremo de perversão ideológica: cada palavra é usada para exprimir o seu contrário." Isto aplica-se ao seu texto?
Não, anónimo. Aplicam-se aos seus comentários.
De Anónimo a 03.04.2016 às 15:40
Infelizmente o Pedro não lê, o que os outros que não dizem amem consigo escrevem, o que é mau, pois seria óptimo que o fizesse. Depois de o fazer todos poderíamos opinar sobre e como se poderia resolver aquilo que os políticos não querem resolver. Os belgas, franceses e todos os outros que são vítimas de atentados e que aqui, pouco ou nada se escreve deviam também esses merecer-lhe um comentário porque também eles são pessoas iguais aos belgas e franceses, não são é europeus, talvez esteja aí a diferença. São povos menores que talvez para si tenham pouco significado. Talvez fosse melhor reflectir e questionar sobre o porquê de tudo isto e só depois dar o grito da sua sabedoria castigando os malvados.
De Anónimo a 03.04.2016 às 22:51
"não quero "compreender" os terroristas." Mas assim, sem os compreender, nunca os derrota.
Você "compreende" os terroristas da Nigéria que escravizam sexualmente as pré-adolescentes, mutilam as mulheres e amarram explosivos à cintura de meninas fazendo-as explodir em locais públicos?
Eu não quero compreender essa escumalha humana.
Como que um síndrome de Estocolmo mais alargado. Em tempos o ocidente praticava uma política de superioridade civilizacional, com um colonialismo por vezes disfarçado de paternalismo (e refiro-me a épocas relativamente próximas, há cem anos) que teve efeitos nefastos. Agora não falta quem atire as culpas para o ocidente, a sua própria civilização, revivendo um moderno Bom Selvagem, violentado no seu estado de pureza pelos perversos ocidentais, ou "nós", como muitas vezes dizem. no outro diz havia mesmo um comentador radiofónico, um tipo italiano que vive em Portugal há não sei quantos anos, que atirava as responsabilidades destes movimentos jiadistas ao "colonialismo que vem desde o séc. XVI, para não falar das Cruzadas". Nunca deve ter lido que desde então meia Europa esteve sob o Império Otomano durantes séculos, e que Viena não caiu por pouco.
De Anónimo a 03.04.2016 às 15:22
Pergunte ao Tony Blair porque razão o fez. Será maluquinho ou resolveu confessar os seus pecados e redimir-se por isso? Maluco não é de certeza, mas resolveu assumir que errou e destruiu, coisa que outros não são capazes de fazer.
Vivemos na era da insegurança global, iniciada com os atentados do 11 de Setembro de 2001 que causaram mais de três mil mortos. Todo este século tem sido marcado por essa data fatídica. Os historiadores do futuro irão lembrá-la pelo menos com o mesmo destaque que hoje atribuímos ao assassínio do arquiduque Francisco Fernando em Sarajevo, a 28 de Julho de 1914.
http://www.europarl.europa.eu/news/pt/news-room/20140714STO52331/28-de-julho-1914-o-dia-em-que-uma-crise-isolada-se-tornou-num-conflito-mundialEm países como o Paquistão há hoje um atentado terrorista de dois em dois dias. Na Bélgica - que tinha até agora uma das taxas mais baixas de homicídios do planeta, apenas dois assassínios por 100 mil habitantes - foi o mais recente palco do terror urbano. Que pode matar dezenas ou centenas de inocentes a qualquer momento, em qualquer lugar.
E vem você falar no Tony Blair, que deixou de ser primeiro-ministro do Reino Unido em 2007... A vossa incapacidade de encaixar factos que não estejam contidos na cartilha é impressionante.
De Anónimo a 03.04.2016 às 22:53
"Vivemos na era da insegurança global, iniciada com os atentados do 11 de Setembro de 2001 que causaram mais de três mil mortos." Não começou em 2001, começou vários séculos antes.
O século XXI começou vários séculos antes?
De Anónimo a 03.04.2016 às 22:56
Falo-lhe de Tony Blair tal como a comunicação social o fez que deu a conhecer, o que o senhor, achou por bem fazer. Sejam todos os dias ou não, temos de abominar todos, da mesma maneira porque quer queiramos ou não, são mortes. Esquece-se de referir aqui que na Bélgica e na França se esqueceram das gentes que se foram amontoando, em bairros periféricos, sem perspectiva de vida e que isso, mais dia menos dia, teria um fim trágico e aí está o resultado desse esquecimento. Será que nos esquecemos dos alertas que eles começaram por dar em França incendiando carros? Pois é, esqueceram ou fizeram-se esquecidos porque continuou tudo igual e agora?... Quer queiramos ou não é nisto que temos de reflectir porque enquanto não o fizermos tudo isto não passa de lamentações que têm de ser feitas, mas que não nos vão levar a lado nenhum.
Incendiar carros ou matar pessoas para si é o mesmo? Viver em "bairros periféricos" é factor atenuante? Quem vive nesses bairros tem naturais inclinações homicidas e é um bombista em potência?
Você acaba de lançar um anátema inaceitável a todas as pessoas que vivem em bairros periféricos.
De Anónimo a 04.04.2016 às 01:17
Desculpe, mas ou é de compreensão lenta ou não quer entender o que é tão simples, mas de tão simples que é, se torna complicadíssimo. Tudo tem um principio e um fim e aqui, há muito que os ânimos estão acessos e como jornalista que é sabe-o bem. Jovens perdidos no labirinto da vida que nada lhes dá a não ser a marginalidade e o nada e como já nada têm, nem tão pouco perspectivas de futuro, resta-lhes irem ao encontro de quem lhes promete o mundo e esse mundo é o do terrorismo. Custe-lhe a entender isto ou não, ela é uma realidade, à qual todos fecham os olhos e só os abrem quando o desfecho é o terror e o massacre. Nada justifica os actos que praticam, mas está mais que na hora de pensarmos como resolver este problema porque lhe garanto que andar atrás de terroristas não vamos a lado nenhum. Todos sabem isso porque a guerra, sabemos onde ela está, o terrorismo, basta um e esse um, ninguém sabe quem é, nem onde está. É hora de acordarmos e pormos a mente a trabalhar, para tentarmos resolver os problemas que persistem por toda a Europa porque se assim não fizermos é queimar tempo, chorar os mortos e nada mais.
Nem acredito que você tenha escrito esta frase:
«Jovens perdidos no labirinto da vida que nada lhes dá a não ser a marginalidade e o nada e como já nada têm, nem tão pouco perspectivas de futuro, resta-lhes irem ao encontro de quem lhes promete o mundo e esse mundo é o do terrorismo.»
Alguma vez a situação actual pode ser comparada, por exemplo, com a geração que cresceu na Europa devastada pela II Guerra Mundial? Nessa época, sim, expressões como as que você usou podiam ser utilizadas.
Nada a ver com estes jovens residentes nas periferias das grandes cidades europeias, auferindo quase todos das benesses do estado social, longe dos grandes conflitos e das grandes epidemias.
"Andar atrás de terroristas não vamos a lado nenhum.»
Como quer você combater os terroristas? Convidá-los para tomar chá?
O terrorismo combate-se hoje, como se combateu no passado. Como se combateu o terrorismo dos Baader-Meinhof, das Brigadas Vermelhas, do IRA, da ETA. Todos estes grupos foram derrotados, precisamente porque a tese que vingou não foi aquela que você defende: "limitarmo-nos a chorar os mortos e nada mais".
De Anónimo a 06.04.2016 às 01:57
Sabe onde estão os terroristas? Quem são todos eles? Não compare a ETA e o IRA que estavam bem limitados aos seus países e que se sabia quem eram e o que queriam. Também sabe ou devia saber que em ambos os casos houve diálogo e que nem a ETA nem o IRA morreram. Repito-lhe, jovens sem perspectiva de vida, sem trabalho, marginalizados, são mel para os tão aclamados grupos malvados. São estas gentes que já nada esperam na vida, a quem as lavagens cerebrais assentam que nem uma luva e assim, são levados para um mundo que pensam eles, lhes dará aquilo que nunca imaginaram ir ter.
Fiz-lhe uma pergunta que ficou naturalmente sem resposta, dada a sua incapacidade para assumir as consequências daquilo que diz defender.
Perguntei-lhe: Como quer você combater os terroristas? Convidá-los para tomar chá?
Você não responde. Limita-se a repetir as arengas habituais: "jovens sem perspectiva de vida, marginalizados..." Dá quase vontade de chorar: esse paleio faz comover as pedras da calçada.
Transforma portanto os assassinos em vítimas. O próximo passo será transformar as vítimas em assassinos. Já falta pouco.
De Anónimo a 06.04.2016 às 16:00
Eu respondo-lhe o Pedro é que insiste na sua e na compreensão lenta das evidências. Não chore que vai-lhe fazer mal. Os belgas já estão a buscar respostas e são essas respostas que nos irão levar a esse combate. Dou-lhe só um exemplo dar a esses jovens meios de ganharem a vida, para não se sentirem uns inúteis da sociedade. Estes jovens são de fácil manipulação dos terroristas porque já nada lhes resta e se há quem lhes promete o mundo porque não ir atrás da ilusão? Não há nada melhor que uma bela lavagem cerebral, para levar esses jovens a acreditarem que os outros, têm a formula mágica para a sua existência negra.
Caro anónimo, nem lhe vou responder a isso do Tony Blair, não porque ele não tenha as respectivas culpas, mas porque acho abusivo justificar o terrorismo apenas com a invasão do Iraque, que aliás, em 2010, estava em vias de pacificação.
Mas em relação aos "jovens perdidos na vida e nos subúrbios", porque raio é que isso tem de levar ao terrorismo jiadista? Também houve milhares de portugueses em bidonvilles, também há centenas de milhares de oriundos da Indochina nos subúrbios de Paris, e no entanto não consta que andem a queimar centenas de carros ou a entrar em redes extremistas. Os subúrbios não serão grande coisa, mas se uns são de fugir, outros são relativamente normais e só se degradaram precisamente graças ao vandalismo desses "jovens". E estamos a falar de países onde o estado social atinge a sua mais alta dimensão, portanto não me venham falar de abandono por parte das entidades públicas. Seria melhor se os seus pais tivessem ficado por Argel, Bamako ou Conakry? Mais uma vez surge a culpa de "nós, ocidentais". E porque não metem "eles" a mão na consciência e esperam que os outros resolvam todos os seus problemas?
Perguntas que ficaram sem resposta, João Pedro. O que não me espanta.